Uma história comovente sobre abandono de cães

[Scaramouche]

Venho por este meio, partilhar um episódio que se passou comigo, servindo também para mostrar a minha indignação e acima de tudo falta de atitude de muitas "pessoas".

Na Segunda-Feira, dia 3 de Setembro, por volta das 23h30 passava na Crel e no acesso para a A5 (estádio nacional) vi um cãozinho, que tivera sido abandonado, muito perdido. Passou um Audi A4 preto, atropelou-o mas, seguiu viagem sem se preocupar com o estado do animal. O cãozinho ficou magoado, ainda mais desnorteado, mas continuou a andar e a dirigir-se para a A5, a minha reacção perante esta situação foi logo parar o automóvel em que me dirigia, para ajudá-lo. O cão apesar do choque, sempre se apresentou muito meigo, ao chama-lo ele vinha até mim, mas era impossível pegar nele, pois quando o tentava fazer, ele gania com dores e estava muito assustado. Os carros abrandaram, também ajudou a auto-estrada encontrar-se em obras, pois uma faixa de rodagem estava fechada, senhores que lá se encontravam a realizar essas mesmas obras, prestaram-se logo a ajudar e a Brisa chegou também muito rápido, tudo para salvar o cãozinho de morte certa... passado algum tempo, com uma toalha (que um casal que por ali passara disponibilizou para apanhar-se o cãozinho) conseguiu-se pegar no animal que estava muito mas mesmo muito assustado.

Peguei logo no cãozinho e perguntei à Brisa o que faziam nestas situações, ao que responderam, que faziam uma de duas coisas: ou pegavam no animal e largavam-no mais à frente, ou ia parar às instalações da Brisa, onde no dia a seguir seria abatido num canil!

Ao ouvir isto não consegui entregar o cãozinho e resolvi ampará-lo, levando-o para a casa do meu namorado, (visto eu não ter condições para o colocar em minha casa) para pensar no que poderia ser feito e dar-lhe comida e água. Visto o animal ter sido atropelado, começamos por procurar veterinários que estivessem abertos aquela hora e a indignação começa aqui: após várias chamadas para o 112, 118 e afins, ninguém me soube dizer o que fazer nestas alturas.

Liguei para vários veterinários, que dizem ter urgências de 24h e só encontrei um estabelecimento aberto aquelas horas, a clínica veterinária do Restelo, que é conhecida por não ser acessível a qualquer bolsa, pelos seus preços bastante elevados. A veterinária com quem falei, desse mesmo estabelecimento, fez-me perguntas sobre o estado do cão e aconselhou-me a esperar pelo dia seguinte, para levar o cãozinho a algum veterinário, para não gastar muito dinheiro, pois o animal não deveria ter nada de muito grave. Isto implicava, deixar o cãozinho a dormir em algum sítio, para tratarmos dele no dia seguinte, o que com alguma compreensão da parte dos pais do meu namorado, abdicaram de deixar o seu automóvel dentro da garagem, para o animal ficar lá.

No dia seguinte logo de manhã, eu e o meu namorado, colocamo-nos em acção para tratar da saúde do cãozinho e deixá-lo em algum canil, visto nem eu, nem o meu namorado termos condições para ficar com o cãozinho, com muita pena nossa.

Dirigimo-nos ao canil de Tercena, onde um veterinário examinou o animal e não detectou nenhuma pata perdida, mas seria necessário tirar uma radiografia (que naquele sítio não tinham RX) à bacia, visto o animal apresentar algumas dores nessa zona. Perguntamos se depois de tratar do animal, este podia ficar lá no canil, mas graças ao grande número de animais, que foram abandonados este Verão, a lotação que deveria ser de 100, estava a 200 naquele sítio, sendo impossível aceitarem mais algum animal ali ou em qualquer outro canil da zona, visto estarem todos BASTANTE lotados. Visto o animal também apresentar uma idade superior a 7 anos, seria muito difícil conseguir a adopção.

Lembramo-nos de ir até à Liga Protectora dos animais, que se situa no Bairro S. Miguel das Encostas (S. Domingos de Rana) para o cãozinho ser observado por um outro veterinário e para ser feita a radiografia. Ao chegarmos lá, fomos informados que não tinham RX e que tinhamos que nos dirigir à Faculdade de Medicina Veterinária em Monsanto. O cãozinho ainda foi observado por uma veterinária, que lhe deu uma injecção para as dores, que este poderia estar a ter (que tivemos que pagar) e também nos informou que todos os canis estavam lotados e os que naquela altura não estavam, ao colocarmos lá o animal, este seria abatido em poucos dias.

Antes de nos dirigirmos à Faculdade, lembramo-nos que já que nenhum de nós, podia ficar com o cãozinho, que poderiamos deixá-lo num hotel para cães. Dirigimo-nos à Quinta das Camélias, um hotel para cães, com um preço muito acessível, ficando a diária a 10 euros. Explicamos a situação à proprietária e dona do hotel, onde nos foi recusada a estadia do animal, por este não apresentar as vacinas em dia, o que poderia prejudicar os outros cães que lá se encontravam.

Fomos então para a faculdade de Medicina Veterinária em Monsanto, para o cãozinho tirar a radiografia, mas quando chegamos lá por volta das 14h, disseram-nos que as instalações para a Veterinária, já estavam encerradas, encontrando-se abertos só da parte da manhã.

A nossa tristeza, impotência perante a situação e indignação iam aumentando... já para não falar da inquietude do cãozinho, da sua impaciência por estar a andar há tanto tempo de carro, com calor que se fazia sentir e sede e fome que já apresentava.

Ligamos para a Liga Protectora dos Animais, para nos informar de um outro sítio, que fosse também acessível para nós, onde o cãozinho conseguisse tirar uma radiografia à bacia. Disseram-nos para irmos a uma clínica veterinária, nos Jardins da Parede, a Casvet.

E mais uma vez, lá nos metemos a caminho até à Parede. Na Casvet fomos muito bem atendidos, foram muito prestáveis e fizeram FINALMENTE a radiografia ao cãozinho. Durante a radiografia, o animal teve que levar um pequeno sedativo, pois com a ansiedade que já apresentava e nervosismo ainda mordeu um pouco a senhora que lhe estava a fazer a radiografia. Após algum tempo, informaram-nos que o cãozinho estava bem de saúde, apenas apresentava prisão de ventre, pois com o susto do atropelamento e o movimento da auto-estrada, não conseguia fazer as suas necessidade e seria também isso, que lhe originavam as dores. Pagamos 25 euros pela radiografia, mas estavamos felizes por o cãozinho não ter qualquer dano interno. Pedimos ajuda sobre o que poderia ser feito, onde poderíamos deixar o animal, visto nós não termos condições para o ter e informaram-nos mais uma vez, que todos os canis estavam cheios e que a única possibilidade seria talvez o canil de S. Pedro de Sintra, onde eles estimam bem os animais e não os abatem.

Lá fomos para S. Pedro de Sintra para o canil, na esperança de deixar o animal em boas mãos. Ao chegarmos lá por volta das 17h30, falamos com uma rapariga que estava lá a trabalhar como voluntária, que nos disse que tinhamos que ligar para uma senhora que dava autorização à entrada de animais naquele canil e assim o fizemos. Ligou-se para a senhora mas, não conseguimos falar com ela, pois esta não atendeu as duas chamadas que fizemos, até que uma voluntária ligou para uma outra senhora e apesar de lhe ter explicado toda a situação, ela não autorizou a entrada do cãozinho. Aí a desilusão foi total... o que fazer agora com o cãozinho, que passou todo o dia nos meus braços??? a voluntária do canil disse-nos, que a lotação era somente para 50 cães e que já estavam com 200 e que mesmo que o cãozinho ficasse no canil, ao colocá-lo junto de outros cães, estes poderiam envolver-se em lutas e ele acabar por morrer.

Decidimos então com muita tristeza, que já que o cãozinho estava bem de saúde, iriamos deixa-lo numa zona calma, com vivendas, na esperança que ele consiga arranjar um lar... e assim foi, em Mem Martins arranjamos uma zona calma, afastada de estradas, com muitas vivendas, onde poderá ser fácil o cãozinho arranjar um lar, visto as pessoas terem espaço. Abastecemos o cãozinho com comida, água e muitos miminhos finais e a muito custo vi-o afastar-se!

Ao chegar ao carro o silêncio era inevitável, a desilusão e tristeza deste fim de história abalou-me profundamente. O cão foi salvo de morte certa na noite anterior, ao ser retirado da auto-estrada e tanto se fez por este animal, para o deixar novamente na rua. Ao ligar o carro para seguirmos viagem, o "Atropelado" (nome que se deu ao cãozinho, na Liga Protectora dos Animais) estava ali ao meu lado, a olhar para mim e isso despedaçou o meu coração... quem me dera ter possibilidades para ficar com o cãozinho, mas era impossível! Espero do fundo do coração, que o cãozinho consiga arranjar um dono e que seja muito feliz! Nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.

Vou fazer com que este email chegue a jornais, rádios, televisão, partidos políticos, pois é URGENTE as pessoas mudarem as suas mentalidades. É importante que as pessoas se capacitem que se não podem ter animais, que não os tenham, para depois mais tarde os abandonarem e os deixarem à sua sorte, que na maior parte das vezes, resulta na sua MORTE.

Algo DEVE E TEM QUE SER FEITO, para que animais como o "Atropelado", que são abandonados nas estradas do nosso país tenham direitos, para que pessoas que os recolham tenham "portas abertas" para tratar do seu bem estar, que as despesas para os socorrer sejam gratuitos e que passem a existir estabelecimentos PÚBLICOS (pois todos nós contribuimos com dinheiro para o estado) que possam recolher esses animais, para lhes proporcionar uma vida feliz, até ser encontrado algum dono para eles.

Tudo isto vai implicar que outras pessoas como nós, que tentem socorrer um animal abandonado na estrada, tenham que pagar despesas e depois tenham que voltar a abandoná-lo, de uma próxima vez, já não o façam, pois já sabem como as coisas funcionam....ISTO TEM QUE TER UM FIM E TEMOS QUE RESPEITAR OS ANIMAIS.

Por favor façam circular este email e tenham respeito e amor pelos animais, pois eles por nós fazem tudo...



É o seu amigo, parceiro, protector, o seu Cão. Você é a vida dele, o seu amor, o seu chefe. Ele é seu, fiel, e verdadeiro, até à última pulsação do seu coração.



Um obrigado pelo Vosso Amor e Dedicação!

http://queixas.co.pt/popup.php?id_queixa=14009

[biglady]

[Scaramouche]

è, não é ?

A mulher re-abandona o animal e ainda tem a lata de escrever isto.

[n3ka]

Ela não conseguia falar com amigos ou familiares que a pudessem ajudar provisoriamente a ficar com o cão ou ate mesmo adoptar o "Atropelado"?

Eu nunca na minha vida teria coragem de o deixar na rua novamente.

[Scaramouche]

A parte mais engraçada, é que dos veterinários, aos hoteis, ás associações todos são responsáveis.Essa sra não.

[biglady]

exactamente...

[Scaramouche]

Também meti isto porque sensivelmente todos os meses encontro uma senhora ou sr destes:nunca podem ficar com o animal um dia ou dois, a responsabilidade é toda dos outros.Quando uma vez referi "veja que eu, por ex, tenho 3 animais e que foram todos abandonados
e não há ninguém aqui que não tenha doptado um, a resposta foi "mas voces podem mais do que eu".

Alguns chegam a ser agressivos, muitos são mal educados, em comum têm uma coisa.São todos sem excepção, insensíveis.

O testamento dessa sra, que foi colocado, como podem ver num site de queixas, para mim é um insulto.

[GSfanatic]

Oh, que grande heroína que ela foi, não haja dúvida! Ajudou o cão abandonado para o abandonar de novo. Deu esperança ao animal para depois retirá-la novamente. Fantástico! É de heróis assim que todos precisamos!


Ora, não tinham condições para ficar com o animal nem que fosse por uns dias? Não podia pedir ajuda a amigos ou colegas? Não podia continuar a procurar associações onde colocar o cão?

Estava a dar muito trabalho, por isso desistiu e devolveu o cão à rua. E depois tenta fugir com o rabo à seringa, culpando todos os outros!


Esta história não é comovente. É estúpida.

[Bondage2010]

Há coisas fantásticas não há???

[Wilma]

Ás vezes não entendo estas pessoas... eu uma vez quiz oferecer uma cadelinha a uma colega de curso que dizia que queria muito um cachorrinho. Fui eu ao canil escolher uma cadelinha muito pequenina e franzina e fui logo a seguir ao veterinário para a vacinar (despesas da minha parte). Ele disse que ela era muito magrinha e que devia andar a ser mal alimentada (o que suspeitei visto o canil em questão tratar muito bem dos animais).
O dia foi passando (porque só ia oferecer a pequena 1 dia depois) e reparei que ela regurgitava tudo o que comia e voltei ao veterinário que achou isso muito estranho e propos-me uma radiografia (mais uma despesa da minha parte) e descobriu-se que se eu não tivesse ido buscar a pequena que ela teria durado apenas mais uma semana e pior, em puro sofrimento! O veterinário disse que a unica opção seria abate-la e foi o que, a custo, fui forçada a fazer (a despesa final).

A questão não está no dinheirão que eu gastei com a pequena. O que interessa é que quando uma pessoa quer ajudar faz de tudo não olhando ao resto. Porque se não formos nós 'os racionais' a agir de boa fé quem o fará por eles?

[Debora20]

Eu não comento negativa ou positivamente... ja me aconteceu andar um cachorro com cerca de 4 meses na rua do meu namorado, tendo ele ficado no patio dele uns 4 dias, enquanto procuramos o dono na zona com cartazes e boca a boca. nada feito, eu tenho 6 cães em casa, o meu namorado 2, um deles muito dominante, alem dos pais dele não o permitirem, tivemos e o entregar no canil de sintra, de onde sei que mais tarde foi resgatado e se não me engano continua para adopção.
mas nunca optava por voltar a deixa-lo na rua, correndo o risco de ser atropelado...

[aisd]

Neste caso especifíco também acho que estão a exagerar nas censuras.
A rapariga pode não viver em casa própria.
Pode ter daqueles pais que...

E, pelos vistos, não conhece ninguém do mundo da ajuda a animais.
Infelizmente acontece muito as pessoas quererem ajudar e não saberem como.

Se ela tivesse entregue no canil municipal de Sintra - é canil de não abate - pode ser que conseguisse alguma coisa - não sei se estariam abertos...

Se conhecesse algumas pessoas, poderia ter arranjado hotel.
As associações estão super carregadas e mesmo eu, que sou sócia de duas aqui em Lisboa, não consigo um lugarzinho, quanto mais uma desconhecida...

[Wilma]

Pois... vendo por esse prisma a rapariga teve azar... mas deixa-lo na rua outra vez??
Deu a entender que vivia em casa dos pais, mas mesmo assim ficaria mais uns dias até encontrarem qualquer coisa não?

[EgO24]

Neste caso especifíco também acho que estão a exagerar nas censuras.
A rapariga pode não viver em casa própria.
Pode ter daqueles pais que...

E, pelos vistos, não conhece ninguém do mundo da ajuda a animais.
Infelizmente acontece muito as pessoas quererem ajudar e não saberem como.

Se ela tivesse entregue no canil municipal de Sintra - é canil de não abate - pode ser que conseguisse alguma coisa - não sei se estariam abertos...

Se conhecesse algumas pessoas, poderia ter arranjado hotel.
As associações estão super carregadas e mesmo eu, que sou sócia de duas aqui em Lisboa, não consigo um lugarzinho, quanto mais uma desconhecida...

Estas associações não deveriam ajudar quem procura-se ajuda? Quer dizer, por este prisma esta a dar a entender que so os socios e/ou conhecidos das pessoas responsaveis pelas diferentes instituiçoes é que conseguem ajuda. Não sei se funciona assim, mas se sim, é lamentavel e o factor "C" funciona até nestas instuições supostamente de ajuda.

[Mihos]

Neste caso especifíco também acho que estão a exagerar nas censuras.
A rapariga pode não viver em casa própria.
Pode ter daqueles pais que...

E, pelos vistos, não conhece ninguém do mundo da ajuda a animais.
Infelizmente acontece muito as pessoas quererem ajudar e não saberem como.

Se ela tivesse entregue no canil municipal de Sintra - é canil de não abate - pode ser que conseguisse alguma coisa - não sei se estariam abertos...

Se conhecesse algumas pessoas, poderia ter arranjado hotel.
As associações estão super carregadas e mesmo eu, que sou sócia de duas aqui em Lisboa, não consigo um lugarzinho, quanto mais uma desconhecida...

Estas associações não deveriam ajudar quem procura-se ajuda? Quer dizer, por este prisma esta a dar a entender que so os socios e/ou conhecidos das pessoas responsaveis pelas diferentes instituiçoes é que conseguem ajuda. Não sei se funciona assim, mas se sim, é lamentavel e o factor "C" funciona até nestas instuições supostamente de ajuda.

as associaçoes são criadas por e geridas por entidades particulares, não estão obrigadas a recolher, não são um organismo publico.
acolhem os que podem e querem, quando podem e querem.

para esse efeito existem os canis municipais, publicos e suportados pelos nossos impostos.