quarta abr 28, 2010 9:00 pm
Não teve muita graça e foi um susto. O meu marido tem sempre muita pena, coitadinha, fica ali fechada durante 15 minutos. A piedade dele já nos custou bastantes desgostos, mas isto é um aparte. E então, quando me vai buscar ao autocarro leva-a com alguma frequência, não vá ela morrer de tão longo isolamento. Foi o que fez hoje. Quando chegou lá abaixo, parou o carro junto ao jardim do largo, deu trela à Miss ViVi. A gaja tinha roido o peitoral (o quarto) durante o percurso de três minutos, deu-lhe um puxão à trela e como o peitoral estava partido à altura do peito, soltou-se. Tinha visto um passarinho incauto a esvoaçar. Fugiu, apanhou o dito e, felizmente, Deus é Grande, voltou para junto dele com o presente na boca. Ele tirou-lhe o passarinho, ainda vivo e aterrorizado, e afinfou-a pela coleira. Nesse momento, chegou o autocarro, e lá vinha, com ela ao colo, ele pálido e loiro, muito loiro e frio, ela satisfeitissima.
Disse-me ele que hoje ela esteve "esplendorosamente" activa. Só a via passar a 100kms à hora de um lado para o outro, como um relâmpago, sem perceber a razão dos sprints, cujos os quais, tive ocasião de confirmar, porque desde que cheguei até agorinha mesmo, ela não parou. Nenhuma razão, decerto, a não ser a de gastar as energias. As dela e as dos outros velhadas que ela não tem pejo de importunar e que, diga-se em abono, até têm uma paciência de corno. Finalmente, dorme, que nem uma santinha, na caminha mudada de fresco, à espera que eu me deite para ir para o pé de mim.
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colette em quarta abr 28, 2010 9:03 pm, editado 1 vez no total.
<p>Au début, Dieu créa l'homme. Mais en le voyant si faible, il lui fit don du chien. (Toussenel)</p>