O que fazer?

Este é o fórum dedicado exclusivamente ao melhor amigo do homem! Troque ideias e tire dúvidas sobre o cão.

Moderador: mcerqueira

anarmila
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quinta out 23, 2003 4:01 pm

Tenho uma casita na terra dos meus avós (Ribatejo) onde vou frequentemente.

Na casa ao lado com o quintal pegado ao meu, há um cãozito pequeno preso por uma corrente curta que ainda fica mais curta quando se enrola à volta da argola que a prende ao chão.
O cão tem casota onde se abrigar da chuva mas não onde se abrigar do frio nem do calor do verão. As necessidades são feitas onde ele está, ficando a área a cheirar muito mal!
A água poucas vezes lhe é trocada e a comida são os restos das refeições.

Não sei o que possa fazer para ajudar aquele animal, até porque se alguém lho tira ela arranja outro como já fez.

O bicho precisa de ajuda, e pede-a com uns olhinhos tão meigos... É adulto mas parece um cachorrinho...
nel
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quinta out 23, 2003 4:19 pm

Olá

Esta é infelizmente a situação de milhares de cães "abandonados" à sua solidão e presos num quintal. É a situação de uma grande parte dos cães de pessoas que vivem na província.
Este assunto já aqui foi debatido várias vezes. Na província raríssimas são as pessoas que deixam os cães entrar dentro de casa. É uma questão cultural. Cão é cão, é a expressão usada normalmente quando essas pessoas ficam confrontadas com as atitudes das pessoas de cidade, especialmente das grandes cidades.

No entanto, em muitas circunstâncias, o cão que vive na província, embora não lhe sendo permitido pôr a pata dentro de casa, é mais feliz do que muitos que vivem na cidade, porque andam soltos, seja no quintal ou mesmo na rua.
É muito difícil ou mesmo impossível alterar de repente estas situações, pois para isso teria que haver uma revolução de mentalidades.
Eu sei que é assim porque nasci e vivi na província até à idade adulta e vou lá frequentemente. E quando vou lá e levo os meus cães, e manifesto o afecto e o tratamento que lhes dou, as pessoas, embora conhecendo-me bem, ficam com aquela sensação "Este gajo avariou de vez, coitado..." :lol:
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deinhac
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quinta out 23, 2003 4:26 pm

O unico conselho que posso dar e era o que eu faria nessa situação, é conversar com os donos do cao, tentando chegar-lhes ao coração, mostrando que o animal vive em condiçoes precarias, etc. Mas tudo na base de um dialogo amigavel, nao vale a pena entrar a espingardar, porque o resultado ainda é pior! Tente convence-los a soltar o cao, nem que seja uma hora por dia, para ele correr e desentorpecer as pernas... Diga algo do genero " pois, o senhor sabe bem como é quando estamos presos a uma divisao por muito tempo, quase que enlouquecemos, nao é? Pois, o cao tambem deve sentir essa falta de liberdade..." ou coisa assim, sei lá, use do bom senso! :)

Mas faça isso, fale com os donos do cao!
Boa sorte!
anarmila
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quinta out 23, 2003 4:27 pm

Olá Nel!

É verdade o que diz. Mas será que não se pode fazer nada? Aquele bicho não estando a ser vítima de agressões está a ser maltratado.
nel
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quinta out 23, 2003 4:38 pm

Olá

Eu não quero ser pessimista, mas realmente não é fácil.
De qualquer modo, vale sempre a pena tentar mentalizar as pessoas. Eu quando vou à aldeia e se proporciona uma conversa sobre cães (o que não é difícil porque eu levo sempre os meus) por vezes faço autênticas lavagens ao cérebro. Mas algumas cabeças são tão duras que é muito difícil. Normalmente as pessoas ficam naquilo que lhes parece. Não se expressam, mas devem ficar a pensar "Este gajo é maluquinho".
De qualquer modo, vale sempre a pena insistir. Água mole em pedra dura...
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Megaran
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quinta out 23, 2003 9:32 pm

olá!!

nel:
concordo plenamemte com essa do maluquinho ( já passei por isso)!! mas diz a minha mãe o não já é certo o sim é uma surpresa! na terra da minha mãe (perto de santiago do cacém) tb há lá um casal de velhotes que tinha assim 3 cães nem 1 metro de corrente tinham!! era horrivel.
uma vez houve lá um primo deles que teve uma ninhada de huskies e lhes deu um! o pobre do bichinho estava tão atrofiado que com 8 meses tinha o tamanho de um cocker! não sei se estão a ver a brutalidade!! e o pior de tudo é que tinham uma gata tb acorrentada e a ter ninhadas umas atrás da outras e ela amamentava os gatinhos assim acorrentada!

eu já tinha falado com os senhores várias vezes sobre o assunto e aquilo não dava em nada. um dia tive uma ideia espantosa (ou o melhor que eu podia fazer, visto que fazer queixa não dava em nada porque eles arranjavam logo outros). como vou lá muitas vezes pedia sempre á senhora se podia levar os cães dela a dar uma volta ela achava aquilo muito estranho mas lá deixava.

Bem se voçes vissem a satisfação daqueles bichinhos!!! Agora já só tem um cão, mas a gata ainda continua lá amarrada

:( triste não é?? :|
patcris
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sexta out 24, 2003 8:20 am

Bom dia

Infelizmente tb conheço essa situação de animais que passam praticamente a vida inteira amarrados, e na província então é muito comum.
Eu penso que o problema é que as pessoas dessas zonas encaram os cães e os gatos não como animais de companhia ou membros da sua famíla, falar num cão ou gato pra eles é o mesmo que no burro, vaca ou coelho, são animais pra trabalho.
A minha avó infelizmente era assim, ela vive na Covilhã estão a ver o filme, né ?
"Cães é pra guardar a quinta, os gatos pra caçar ratos", dizia ela, e achava muito estranho quando eu agarrava nos cães, punha-lhes uma trela e ia passear. Ah, e entrar em casa nem pensar, era logo escurraçado.
A questão é de foro "cultural", era necessário que se fizesse uma reeducação das pessoas, e fazê-las perceber que lá pq é hábito ou tradição não quer dizer que seja correcto.

Beijos
PatCris
isabelpo
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sexta out 24, 2003 9:19 am

nel Escreveu: Olá

Eu não quero ser pessimista, mas realmente não é fácil.
De qualquer modo, vale sempre a pena tentar mentalizar as pessoas. Eu quando vou à aldeia e se proporciona uma conversa sobre cães (o que não é difícil porque eu levo sempre os meus) por vezes faço autênticas lavagens ao cérebro. Mas algumas cabeças são tão duras que é muito difícil. Normalmente as pessoas ficam naquilo que lhes parece. Não se expressam, mas devem ficar a pensar "Este gajo é maluquinho".
De qualquer modo, vale sempre a pena insistir. Água mole em pedra dura...
É essa a minha "missão" quando vou aos fins de semana à aldeia da minha mãe, perto de Penafiel! É incrível o que se vê e ouve em relação aos animais. Mas tenho tido alguns resultados positivos. A Meggy ia ser exactamente uma vítima dessa mentalidade. Quando repararam que a mãe dela estava para ter uma ninhada a primeira ordem foi "as cadelas são todas para matar mal nasçam!". Fiquei :o !!! Passados uns dias sai uma nova ideia daquelas cabeças fenomenais "são todos para matar, eu não tenho tempo paras isto!". Fiquei ainda mais :o :o !!! E lá me propus a ficar com todos e arranjar dono! O certo é que ando sempre com a minha Meggy atrás de mim e quando vou à aldeia é óbvio que a levo! Ora todos vêm que a Meggy é muito bem tratada, tem um pelo fantástico e está sempre cheia de vida. A mãe da Meggy teve outra ninhada recentemente. Estes já não são para matar e já têm todos dono!!! Ou seja, muitas vezes as palavras são o início de um "trabalho" que nos cabe a nós, amantes dos animais" fazer, mas as nossas atitudes velam muito mais!
Ainda numa aldeia ao lado mora um primo da minha mãe que é caçador! No início de este ano uma das cadelas dele teve uma ninhada (coitada, também tem o direito de se consolar!!!). A ordem inicial foi a mesma "matar tudo mal nasçam que a cadela nem dá por isso!". Lá fiquei eu com aquela cara :o !!! Falei, falei, falei e a segunda coisa que ouvi daquela boca foi "Está bem, mas quando nascerem, mal deixem de mamar tens de os levar a todos. Nem que nasçam 20 cães o problema passa a ser teu!". Fiquei atrapalhadíssima como devem imaginar! Arranjei donos para todos. Quando disse ao meu primo que as crias tinham ido para caçadores...ficou ele :o ! Os caçadores a quem as dei, são pessoas que adoram animais e a primeira coisa que fizeram quando os entreguei foi vacinar e desparazitar todos os cachorros. Falam deles com um brilhosinho nos olhos e não são histórias de caça, são de amor que têm pelos animais. Mas voltando a esse meu primo, ele sabe que a Meggy só come ração e está linda! Os dele, por diversas razões andam sempre doentes e também só comem restos. Neste fim de semana o meu primo veio à minha beira e disse "Então! A tua gosta de "rezão"?". A princípio não percebi, mas logo vi que estava a falar da alimentação dos cães!!! Pois é, ele começou a dar ração aos cães dele e agora percebeu que "já não precisam de remédios nem nada disso porque a "rezão" lhes dá o que precisam!".
Desculpem lá o testamento, mas escrevi tudo isto para vos mostrar que, como já disse, as palavras têm muito valor, mas o que toca naqueles corações de pedra, umas vezes mais outras menos, mas toca, é verem as nossas atitudes com os nossos animais. Eu estou a falar de pessoas rudes que não sabendo nada...acham que sabem tudo!!!
anarmila
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sexta out 24, 2003 10:04 am

O sítio que falo é no Ribatejo próximo do cartaxo.

As pessoas que conheço estão divididas em 2 grupos. Algumas têm os cães presos e fora de casa sempre, outras, como os meus tios, por exemplo, têm também cães, normalmente pequenos, que andam à solta pelo terreno. Estes últimos também comem restos como os primeiros, no entanto são muito mais bem tratados e felizes concerteza.

Agora a situação que relatei é muito cruel e os próprios vizinhos já se queixam dos latidos do animal. Tenho receio que lhe dêm um tiro ou o envenenem.

Será que não se pode mesmo fazer nada? As hipóteses que apresentaram eu já cheguei a fazê-las com outros cães, de outras pessoas, mas com esta é ímpossível!
aflbs
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sexta out 24, 2003 10:15 am

Olá,

Conheço perfeitamente a sua impotência, pois tb eu tenho uma casa para esses lados que era da minha avó. Vai na volta, é a mesma terrinha...;)

Vejo coisas que me arrepiam os cabelos, e chegam ao ponto de me alcunhar de maluquinha (entre outras coisas menos simpáticas...) pelo simples facto de levar os cães a correr no pinhal.

Uma vez até fui dar com um senhor muito compenetrado a bater no focinho do Jeremias com um pau!!!! :evil: :evil: :evil: :evil: Só porque o cão lhe fazia impressão!!!!! :o :o :o :o :o Não fui de modas e dei-lhe com uma vassoura!!! "desculpe, mas vc causa-me impressão!!!!" ZAS! Mais tarde vim a descobrir que era nem mais nem menos que o Sr. Presidente da Junta e até tem um Rott para atiçar aos outros cães que passem ao pé dele!! :o :o :o :o :o

Isto não é de espancar um gajo?!?!?! :evil: :evil: :evil: :evil: :evil:

Em relação a esse cãozito, fale mais uma vez com a dona. Senão pode sempre recorrer à Associação dos Amigos dos Animais do Cartaxo (acho que é isto). Os meus pais vão lá este fim de semana, se quiser dou-lhe a morada. Eles são bastante prestáveis e com muita iniciativa. Experimente!

Beijokitas,
Filipa
anarmila
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sexta out 24, 2003 10:22 am

aflbs Escreveu: pode sempre recorrer à Associação dos Amigos dos Animais do Cartaxo
É uma boa ideia essa associação. A dona é caso perdido! Não vale a pena!! :?
Quando tiver, coloque a morada aqui no fórum, pode ser útil a mais alguém.

Já agora a terra chama-se Pontével.

Obrigada pela dica.
aflbs
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Localização: Mtos gatos e mtos cães!

sexta out 24, 2003 10:24 am

A minha mãe vai saber amanhã, logo lhe digo.

Conheço pontével, mas aminha terrinha é almoster. Conhece? É logo ao lado!.

Assim que souber a morada, ponho aqui! Eles são mesmo muito prestáveis, eu nunca tive razão de queixa!

Beijokitas,
Filipa
espe
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Localização: 3 Serra da Estrela, 3 srd, 2 chinchilas, 2 piriquitos, 1 égua

sexta out 24, 2003 2:37 pm

[quote=nel]


Esta é infelizmente a situação de milhares de cães "abandonados" à sua solidão e presos num quintal. É a situação de uma grande parte dos cães de pessoas que vivem na província.
Este assunto já aqui foi debatido várias vezes. Na província raríssimas são as pessoas que deixam os cães entrar dentro de casa. É uma questão cultural. Cão é cão, é a expressão usada normalmente quando essas pessoas ficam confrontadas com as atitudes das pessoas de cidade, especialmente das grandes cidades.

/quote]

Esta é a situação de milhares de cães presos em pequenas quintas, nos arredores das vilas e aldeias. São cães de guarda dessas mesmas quintinhas e cães de caçadores. Numa das quintinhas que costumo ver (durante os meus passeios a cavalo) estão dois cães acorrentados mas nem conseguem chegar um ao outro!!!!! Doi-me o coração vê-los ali, sem poder fazer nada, apenas lavagens de cérebros... por isso já sou conhecida nesta vila... Há certas certas conversas que são interrompidas da seguinte forma; ah! é verdade não se pode.. está aqui.... e gozam simplesmente comigo:(

Quanto a outros que não entram dentro de casa, podem ter a certeza que podem ser tanto ou mais felizes do que os que entram...
Dos meus 5, apenas um entra. Os outros nem sequer tentam; a porta pode estar aberta, eles não entram.
O que entra, também só entra quando está com frio, está a trovejar ou ouve foguetes.

Mas têm razão quando dizem que na província "o cão é cão" e "gato é gato": um serve para guardar e outro para caçar. Não vejo nada de errado nisso. Estaria tudo bem se fossem bem tratados e se os seus donos lhes dedicassem a atenção merecida.
sea
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Localização: Golden e Flat Coated Retriever

quarta out 29, 2003 6:45 pm

Esta história acontece diariamente, com tdos as raças de cães, não só com srd.

Em Loures. atrás das bombas de gasolina, ao lado do tribunal encontramos um Golden retriever com 7 anos ( que custou ao dono 200 contos, tem todos os papeis) , este cão tem um espaço de 50 cm por três metros, passa ali os dias, as noites, semanas, anos...dali não sai.

Frio, calor, chuva...tudo. Foi comprado para fazer companhia a um filho com uma deficiência grave mas depois cresceu muito... e foi para a rua.

O que fazer? Nada. Ele tem muito orgulho no cão e cão é cão. É tosquiado no verão... um golden... come restos...
e nunca é solto, porque tem muita força - " parece um leão"
ladyxzeus
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Registado: sábado abr 26, 2003 5:14 pm
Localização: 2 cães(Fluffy e Infeliz), 1 gatinho (Mime) e 1 rouxinol do Japão(o Lípio)

quinta out 30, 2003 10:28 pm

Agora vou dizer uma grande barbaridade: os meus cães estão todos presos, com correntes.
No entanto são correntes grandes, chegam-se uns aos outros (o suciente para se cheirarem e lamberem mas para não se enrolarem todos uns nos outros, como já aconteceu). Estão presos pois há duas razões que me fazem pensar duas vezes antes de os soltar: 1- ainda há duas semanas me morreram dois cães envenenados (pelo menos é o que se pensa);
2- como são todos machos podem pegar-se e matar-se (já faltou pouco).
Mas posso garantir-vos uma coisa: os meus cães, presos a largas correntes, no meio do campo, que só são soltos quando se portaram excepcionalemte bem nosúltimos tempos, são bem mais felizes que cães de apartamento que nem o direito têm de correr a ladrar para uma lagartixa.

Mais uma coisa: lá na aldeia também nos acham muito estranhos por oferecermos recompensas quando os cães (os que morreram) desapareram...
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