Cães em co-propriedade

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Moderador: mcerqueira

Pedra
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quarta out 29, 2003 4:06 pm

linda76 Escreveu: Estão quase a convencer-me.... ;)
;) Claro que existem contratos, alguns extensos, como por exemplo, a cargo de quem fica o grooming, o treino, as despesas com campeonato, a distribuição dos prémios, etc.
Na maioria dos casos que conheço, os cães estão a viver com o propreitário (que não o criador).
Se te fizeram esta proposta, é uma questão de pensar bem e ler as linhas todas do contrato. E se for uma proposta interessante... porque não?
Isabel
nel
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quarta out 29, 2003 4:42 pm

Hmmmm... este tópico é assim uma brisa de ar fresco. Nunca se tinha debatido este tema aqui.

Mas eu sou muito suspeito a intervir. Primeiro porque não ligo às exposições, embora defenda que elas sejam necessárias e importantes. Eu é que sou preguiçoso :oops:
Por outro lado, o sentimento de posse que tenho em relação aos meus cães não se compadece com contratos desse tipo.
No entanto (há sempre um mas), estaria disposto em "emprestar" o cão para criação ou para concurso se, evidentemente, ele reunisse as condições para tal. Isto é, eu colaboraria até às últimas consequências em acções desse tipo e ainda por cima ficaria todo babado. E não exigiria qualquer contrapartida. Bom, mas eu sou eu e não sou regra.

O tema é realmente interessante e a ideia também, mas receio que o seja apenas no plano teórico. Isto é, não deixo de encará-la com algum pessimismo pela sua dificuldade de aplicação. Também julgo que pôr-se em prática um sistema desses (co-propriedade) depende muito da vontade, da mentalidade dos criadores e também (penso que este aspecto é importante) da raça.
Vou dar um exemplo.
Eu pedi uma lista de criadores de whippets ao CPC porque me pedem essas informações frequentemente através do meu site. Sabem quantos criadores de whippets estão registados no CPC? Seis (4 criadores sócios e 2 não sócios com afixo registado).
Ora, ou este sistema seria extensível a criadores não inscritos, ou ficaria reduzido a um universo, a meu ver muito limitado, de criadores desta raça. Isto pondo de parte a hipótese de existir co-propriedade entre criador e dono. Pelo que me é dado perceber pelos donos de whippets que conheço, eles pertencem ao meu "clube", isto é, querem o cão para companhia e ponto final. Quando muito, estariam dispostos como eu a "emprestar" o cão. Mas informal e amigavelmente, sem contrato.
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jcsousa
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quarta out 29, 2003 5:00 pm

Eu tenho duas fêmeas da minha criação em co.propriedade com amigos, porque com 3 PAs a treinar diáriamente já tenho trabalho que chegue. Por outro lado, tento captar para o mundo do PA pessoas que vejo com vontade e dedicação, o que para mim também é muito útil, uma vez que estou um bocado afastado dos centros de treino e vejo-me forçado a fazer muito trabalho sòzinho, com os inconvenientes técnicos que isso implica.

Posso explicar-vos o "método":

1. Selecciono entre os possíveis compradores, alguém que eu conheça e se identifique com a minha maneira de pensar a raça;

2. Essa pessoa leva gratuitamente o animal para sua casa;

3. Eu terei direito a um nº x de cachorros de uma ou várias ninhadas, a combinar caso a caso;

4. O co-proprietário obriga-se a promover o treino do cachorro, que normalmente é feito em conjunto (ring);

5. Em caso de se efectuar uma monta, eu terei sempre a última palavra na escolha do macho, se bem que a coisa se resolva sempre de mútuo acordo;

6. Despesas com montas e treinos são a meias.

Tenho que confessar que esta é uma estratégia um bocado egoista da minha parte: posso acompanhar o desenvolvimento dos cachorros mais prometedores e ao mesmo tempo vou criando entusiastas pela raça e companheiros de trabalho.

Cumprimentos

José Carlos
gary
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quarta out 29, 2003 5:07 pm

Olá.

A co-propiedade não é mais , na maior parte dos casos, do que uma sociedade por cotas.
Tem vantagens quando os sócios puxam para o mesmo lado, seja em cães de exposição, de trabalho ou simplesmente na criação.
Não vejo na co-propriedade nada de perverso em relação à propriedade simples. Tudo depende dos objectivos e das pessoas serem capazes de os gerir segundo o acordo inicial.
As vantagens da co-propriedade já foram inumeradas e estão certas,
A co-propriedade apenas tem uma desvantagem, nomeadamente no cães para reprodução, que é a partilha do resultado da venda das ninhadas! ;)

No meu caso, os cães e o afixo já foram de co-poroprietários. E enquanto funcionou funcionou bem.
Um abra&ccedil;o
fortaleza
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quarta out 29, 2003 5:36 pm

Pedra Escreveu:
fortaleza Escreveu:
Quanto à possibilidade da criação sem ter em vista a qualidade da raça. É muito simples. Era só se poder inscrever o cão no LOP depois de ser avaliado em beleza e comportamento e obter o "apto para criar".

Beijinhos,
Maria João
Isso é giro nos Pa´s e outras raças estrangeiras. Nas portuguesa, basta um RI e nada impede o cão de fazer filhos com registo, e assim por adiante...
Isabel
Pelo que eu sei, cá em Portugal, basta o cão ser filho de inscritos no LOP para também o estar. Mas quanto a mim está muito errado.

Beijinhos,
Maria João
fortaleza
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quarta out 29, 2003 5:52 pm

jcsousa Escreveu: ...
Tenho que confessar que esta é uma estratégia um bocado egoista da minha parte posso acompanhar o desenvolvimento dos cachorros mais prometedores e ao mesmo tempo vou criando entusiastas pela raça e companheiros de trabalho.

Cumprimentos

José Carlos
Aqui está um caso em que a "teoria" não é utópica. Mas porque para o José Carlos os cães contam como indivíduos. Nos casos que atrás referi, os cães são também uma paixão mas como têm dezenas são mais encarados como produto. Não que lhes falte comida ou cuidados sanitários mas em termos de estímulos familiares, carinhos, falta-lhes muito.

Não sei se me consegui explicar bem!

Bjinhos,
Maria João
Musky
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quarta out 29, 2003 6:17 pm

Isabel

Não tenho conhecimento da co-propriedade nos cães, mas penso que o princípio é o mesmo da co-propriedade nos cavalos de competição.

É um investimento económico, que nada tem a ver com um relacionamento íntimo entre o dono e o animal. Normalmente implica instalações altamente convenientes e funcionários/tratadores a tempo inteiro.

Ou seja, um bom animal de competição vale muito dinheiro, e rende muito dinheiro. Nos prémios que ganha, na reprodução directa e mesmo depois nas royalties da reprodução dos seus descendentes (este animal é neto do campião XYZ).

Além disso um bom campeão dá credibilidade ao canil, e permite a "puxada" dos preços. Tanto quanto sei, há canis de apuramento de raça e reprodução que vendem, basicamente, a outros canis, e a nível mundial.

Como disse o Gary, é uma sociedade por quotas. Os lucros são balanceados com as despesas, e o resultado dividido pelos sócios. Lembro-me que há uns anos atrás houve um cavalo de competição em que uma das sócias era a Rainha Isabel II e que chegou a estar cotado em bolsa.

Talvez não ao mesmo nível, mas o caso dos cães deve ser semelhante.
CasadeAnaval
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quarta out 29, 2003 7:48 pm

A co-propriedade é uma ideia muito interessante em termos de vantagens para o comprador e criador, exige uma maior dedicação de abos, dá mais garantias de assistência ao comprador e de que o cão terá um destino correcto ao criador. No entanto, o português não está preparado para isto.
<p><a href="http://www.antidoto-portugal.org">http://www.antidoto-portugal.org</a></p>
Musky
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quarta out 29, 2003 8:55 pm

Vasco, esse tipo de co-propriedade não conhecia. Quer dizer que há possibilidade de uma pessoa contactar um criador e comprar um cão mas este continua sendo à mesma (também) propriedade do criador?
casadiscaes
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quarta out 29, 2003 10:10 pm

Tenho alguns cães que coloquei em co-propriedades, normalmente cães que têm o potêncial de qualidade que me interessa, mas que não são a base da minha criação - poderei cruza-los ou não conforme ache que vão beneficiar a minha linha ou servir para reproduzir sangue que me interessa.

As regras são simples:

O Pedigree fica em meu nome

A pessoa tem que ser da minha inteira confiança (até hoje só tive um problema com um co-proprietário, mas como era uma pessoa que tratava muitíssimo bem a cadela e ela estava muito ligada a ele, pura e simplesmente assinei o pedigree e acabei com a co-propriedade).

Os custos da manutenção normal são a cargo do co-proprietário (inclui vacinas, licenças e seguro se for caso disso, as exposições são normalmente por minha conta, desde que sejam expos em que eu apresento outros cães).

Nos machos o salto só é efectuado se eu aprovar a fêmea, e o valor a receber é dividido a meias.

Nas fêmeas eu selecciono o macho, e as despesas e algum benefício são rachados a meias... normalmente a primeira ninhada é minha -1 cão (ou o seu valor, para garantir que o co-proprietário não tem prejuizo) caso só nasça um é vendido para cobrir as despesas...(50/50).

Benefícios para mim - posso ter mais reprodutores sem ter que me preocupar com o encargo que um cão a mais representa - mais em termos de espaço que monetário...

Para o co-proprietário - tem um Casa dos Cães dado que usufrui como bem entende... tenho casos em que a opção do co-proprietário foi não cruzar, que respeitei pois é sempre um dos pontos que fica em aberto: ou o co-proprietário decide não cruzar (isto no caso de fêmeas), ou o cachorrinho que tinha muito potencial, afinal não saiu aquilo que prometia... a forma como uso as co-propriedades implicam que a pessoa tenha de ser minha amiga e de total confiança.
<p>Gon&ccedil;alo</p>
<p>Imagem</p>
CasadeAnaval
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quarta out 29, 2003 10:14 pm

Acho que me expliquei mal, desculpe.

O que o Gonçalo disse é ao que me referia.

Nós não temos nem nunca tivemos cães em co-propriedade. Não sou contra mas se calhar a minha familia é muito exigente, provávelmente exigente demais.
<p><a href="http://www.antidoto-portugal.org">http://www.antidoto-portugal.org</a></p>
Musky
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quarta out 29, 2003 10:29 pm

Obrigada pela explicação, Gonçalo e Vasco.

Pois eu acho esse esquema muito interessante, sobre todos os pontos de vista, especialmente para quem compra uma cadela, gostaria de ver pelo menos uma ninhada da sua bichinha mas não sabe sequer o abc da questão. Ou gostava de a/o ver desfilar em ringue mas não percebe nada disso.

Muito, muito interessante e apelativo!
Megaran
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Localização: 2 cadelas 2 papagaios, 1 cavalo, fishers e peixes

quarta out 29, 2003 10:48 pm

Já me fizeram uma proposta de co-propriedade com uma serra da estrela mas o caso era um pouco diferente dos acima referidos!

A cadela era-me "dada" pelo criador mas as despesas de alimentação eram todas minha, sendo o criador a escolher a ração. As despesas de Vet com vacinas e desparasitações tb eram todas minhas e só se a cadela tivesse algum problema que não fosse negligência minha é que o criador cobria a 100%.

O criador ainda tinha direito a levar a cadela a concursos e exposições, suportando ele os custos.

Quanto á reprodução: ele pagava a alimentação da cadela durante a gestação e o aleitamento e todas as despesas dos cachorros. Mas as responsabilidade de os tratar era minha. Ficava depois com direito a um cachorro macho.

Não aceitei porque apesar de não pagar nada pela cadela esta nunca era minha! e achei aquela história um bocado estranha! E depois, imaginando que o criador queria que ela tivesse uma ninhada e eu naquele mês não ter disponibilidade para cuidar dos cachorros! Ia dar molho... :?

Optei por ficar com a minha Meggie que estava abandonada e até era parecida com uma serra :lol:
Cybergirl
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quinta out 30, 2003 12:21 am

:D :D

Acreditem que estou a seguir este tópico, desde o seu aparecimento com muiiiiiita atenção!

Eu tenho co-propriedade com criadores estrangeiros, e infelizmente tenho consciência (e certezas) que actualmente em Portugal, a confiança exigida numa co-propriedade entre Criadores, não tem o mesmo carisma que noutros paises.

Pois bem, a co-propriedade não implica exigências das partes, mas união de esforços para um mesmo objectivo: aperfeiçoamento da raça.

E esta devia ser a única e verdadeira razão para a "co-propriedade" entre Criadores.

Bye

;)
Pedra
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quinta out 30, 2003 12:33 am

Também me parece que os portugueses não estão nada preparados para este tipo de coisas, tal como não estão para muitas relacionadas com cães (que é o que estamos a falar).
A ideia que tenho é a seguinte:
Comprei. È meu e faço o que quero e muito bem entendo com o animal!
Até aqui estaria tudo muito bem, não fosse muitas vezes e apesar de todo o cuidado que se possa ter na escolha dos donos, o que as pessoas muito bem entendem fazer com o cão, não é o que está correcto.
O facto de os ditos frequentarem exposições, foi um mero exemplo. Muitas das vezes aparece alguém que quer o melhor da ninhada, pois é para exposição. Treta, o que as pessoas querem é o melhor só para dizerem que ficaram com o melhor.
Como criadora, e penso que todos nós, quando temos um pedido destes, tentamos o nosso melhor para escolher um dos melhores. Afinal, se vai para exposições, irá divulgar o nosso canil, irá ser bem cuidado, treinado, etc. A tristeza é grande quando, verificamos que tudo não passou de uma nuvem passageira, que o cão é bom, mas não vai a exposições porque não é convenientemente cuidado nem treinado. Aqui, a co-propriedade, poderia ajudar. Já não havia a desculpa do costume. A partir do momento em que passado o registo para o novo proprietário, pouco poderemos fazer, mesmo com um acordo inicial de compra e venda (por escrito).
O mesmo se passa com a reprodução. Não se trate de deixar todo o poder no criador, mas de evitar pelo menos que os cães criados por nós, muitas das vezes com muita pesquisa, fruto de cruzamentos muito caros, testes de saude caros, etc. , sejam cruzados com outros sem mais nem ontem e deitem abaixo a curto prazo todo um trabalho. A partir do momento que passamos o registo para o novo proprietário, nada podemos fazer para o evitar.
O facto de haver outra pessoa, neste caso o criador envolvido na propriedade, as coisas tendem a andar mais certas, pois as pessoas sabem que o controle é mais apertado e sabem tambem que se as coisas não correrem bem, o "È meu, faço o que quero", já não funciona, pois necessita sempre da aprovaçao do outro.
È claro, que, a esta hora muitos de vós estarão a perguntar "então e os outros?" os que não são vendidos para show e reprodução. Também são cães, merecem ser bem tratados e ter quem os supervisione. Claro que sim, mas isso poderá discutir-se noutro capítulo.
O que eu tentava com este tópico era realmente discutir o caso de caes de reprodução e exposição, e a melhor forma de evitar que bons caes fossem parar a maõs erradas, fossem mal utilizados, coisa que nada beneficia uma raça.
Visto que nada nem ninguém os protege, nem aos cães nem ás raças, restam os criadores que em meu entender têm o DEVER de o fazer. Como? Bem esta seria uma opção, que me parece estar a dar resultados lá fora. Aqui... é o que se vê.
Isabel
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