Agora já fui buscar à Net

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Os primeiros gatos selvagens
Na era Quaternária surgiram os primeiros Gatos Selvagens actuais. Datado provavelmente do início do Pleistoceno (1,8 milhões de anos), o Gato selvagem de Martelli (Felis lunensis) pode ser considerado um dos antepassados directos dos nossos gatos actuais. Este felino teria dado origem ao Gato selvagem (Felis silvestris) que apareceu no final do segundo período glaciar.
Rapidamente, espalha-se pela Europa, Ásia e África, evoluindo para três tipos principais: o Gato Selvagem Europeu ou Gato do Mato (Felis silvestris silvestris), o Gato Selvagem Africano (Felis silvestris lybica), e o Gato do Deserto Asiático ou Gato Ornado (Felis silvestris ornata). De acordo com alguns pareceres, a separação total entre os Gatos Selvagens Europeus e Africanos terá ocorrido há cerca de 20.000 anos.»
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Do Gato selvagem ao Gato doméstico
O nosso gato doméstico (Felis silvestris catus, antigo F. catus), descende evidentemente do gato selvagem africano. De facto, pensa-se que a sua origem seja proveniente de diversas espécies selvagens, entre as quais, o Gato Ornado (Felis silvestris ornata) existente no Irão, Paquistão e Índia. Este animal, que se aproximou naturalmente do homem, tinha uma pelagem cinzenta amarelada com manchas negras arredondadas e uma cauda longa, anelada e negra na extremidade. O Gato Selvagem Africano (Felis silvestris libyca) que se cruzou com o anterior e foi domesticado no Egipto no ano 2 500 AC, era semelhante ao gato tigrado: pêlo curto, cinzento fulvo a cinzento acasta-nhado, riscas transversais nos flancos, riscas negras transversais nos membros e cauda anelada com extremidade negra. Era um animal facilmente domesticável. É certamente entre estes animais que se deve procurar o antepassado do gato actual. Quanto ao Felis silvestris, trata-se de um animal indiscutivelmente selvagem, sendo considerado virtualmente um animal indomável.»
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A alvorada da domesticação
A domesticação do gato permanece envolta em bastante mistério e, como tal, não pode ser estabelecida com uma certeza absoluta. Segundo a crença tradicional, a domesticação terá ocorrido no Egipto, local onde foram encontrados os primeiros vestígios da domesticação do gato, por volta do ano 4500 AC. O gato egípcio seria assim descendente de uma das subespécies do Gato selvagem Felis silvestris libyca. Inicialmente, este gato começou por ser um comensal do Homem, partilhando a sua alimentação; posteriormente, estabeleceu-se uma relação de maior proximidade entre o Homem e o animal, que primeiro se tornou "familiar" e, mais tarde, de "companhia".
Desde a época do Novo Império (sensivelmente nos anos 1580-1070 AC) até ao período ptolomeico (do ano 300 ao ano 30 AC), os egípcios chegaram mesmo a permitir a aproximação dos gatos selvagens e a sua domesticação. Mais tarde, mandaram também mumificá-los, tal como o faziam aos espécimes domesticados há muito tempo.
No entanto, de acordo com alguns investigadores houve diferentes locais onde este animal teria sido domesticado, tais como: no Paquistão onde existe ainda em estado selvagem o Gato Ornado, de reduzida capacidade craniana, que se supõe ter chegado ao Egipto; na Líbia, descendendo do Gato líbio com maior capacidade craniana e talvez, também, no Extremo Oriente meridional, o que explica a origem diferenciada do Gato Europeu.
No Egipto, o culto dedicado aos gatos pode ter tido origem numa criação de gatos domésticos provenientes da Índia. No entanto, continua a ser controversa a origem asiática do gato doméstico.
Para medir o índice de domesticação do Gato, os arqueólogos recorreram a diversos métodos, de entre os quais um mensurável, o índice craniano de Schauenberg ou a proporção entre o comprimento do crânio e a capacidade craniana, que é menor no gato doméstico.
O índice craniano do gato doméstico actual está assim mais próximo do Gato Ornado do Afeganistão, do Paquistão e do Irão do que do Gato do Deserto Líbio. Segundo Schauenberg, o gato teria chegado ao Egipto, proveniente do Irão, já domesticado ou em vias de domesticação.
Esta hipótese, baseada no volume do cérebro, estabelece um elo de ligação entre o gato doméstico e o Gato selvagem da Índia e do Paquistão. Schauenberg demonstrou efectivamente que este último possui uma capacidade craniana inferior à do Gato Selvagem Africano e à dos gatos mumificados do Egipto, porém próxima da do gato doméstico. A domesticação estaria assim ligada à capacidade craniana ou ao volume do cérebro: quanto mais pequeno for, maior é o grau de "domesticação" do animal.»