Gatos Siamêses (Modernos e Tradicionais)

June76 · quinta ago 05, 2010 3:03 pm

Eu no Domingo passado dei banho ao meu Bichaninho e ele também miou assim. Parecia que estava a ser torturado. Mas não me tentou arranhar, o que já é bom. Talvez seja porque o habituei desde cedo, porque a outros gatos não me atrevo a dar banho. O Gucci na última vez que tentei subiu para as minhas costas. O que valeu foi que tinha-lhe cortado as unhas antes.

IHaveADream · quinta ago 05, 2010 3:23 pm

June76 Escreveu:Por falar em gatos faladores eu acho uma piada a este video:

http://www.youtube.com/watch?v=DHsb__t14iE

E a este também:

http://www.youtube.com/watch?v=cUyt_GNr ... re=related

Mas para ser sincera nunca vi um gato destes (Siamês moderno) ao vivo. Julgo que devem existir muito poucos em Portugal.

Eu gostei dos dois vídeos, mas o primeiro, então, é uma ternura. A «mariquice» da voz do gato, e sempre em diálogo... Tanto mimo... Uma maravilha!

Cá em casa também tenho um conversador, mas é um Bosques da Noruega. O engraçado é que me responde no mesmo tom. Se eu segredar, ele só abre a boquinha em resposta, sem emitir som nenhum...

Depois tenho uma doméstica também muito vocal, mas só quando quer entrar aqui no escritório (só lhe dá às vezes) ou no meu quarto, à noite (sempre). Começa por miar baixinho junto à porta, depois começa a arranhar e a subir o tom, até que quase deita a porta abaixo e juro-vos que uiva. Resultado: tenho de abrir mesmo a porta, ou o prédio vem abaixo e os vizinhos chamam a polícia. Com ela, entram sempre mais dois ou três penduras. Estou convencida de que têm esta táctica toda combinadinha...

dinodane · quinta ago 05, 2010 3:28 pm

IHaveADream · quinta ago 05, 2010 3:35 pm

June76 Escreveu:
KittensLover Escreveu: Adoro os gatos orientais! Belíssimo tópico!
O mérito é da AHaveADream e da Dinodane, que sabem imenso sobre esta raça de gatos. Eu apenas limitei-me a procurar umas fotos bonitas de Siamêses no Google e a coloca-las aqui.

Eu não sei nadinha, o que pus foi tirado da enciclopédia. O que eu sabia é que os gatos «siameses» nem sempre tinham sido como os de agora.

Aliás, no link que a June colocou sobre o gato Thai, isso está bem explicado.

Há uma coisa que eu acho mal na criação de certas raças (não sei até se não acontece com todas, de gatos, cães, etc., vi há tempos um documentário em que mostravam vários exemplos disso).
Supostamente, a criação tem como objectivo preservar as características da raça. Ora, o que foi feito no caso do siamês, foi modificá-las ao ponto que se vê. Ninguém diria haver pontos de contacto entre o siamês moderno e o tradicional.
Os criadores dos siameses tradicionais tiveram até de mudar o nome à raça para poderem continuar a criar como raça reconhecida. E nem em todo o lado: na lista de raças reconhecidas pela FIFe, não vejo o Thai (ou tailandês).
Ou seja: se não fossem esses criadores a remar contra a maré, a raça original ter-se-ia perdido, pelo menos no mundo ocidental...

KittensLover · quinta ago 05, 2010 3:57 pm

Fantástico Dinodane!!!!

Adoro estes tópicos de entreajuda e sobretudo de grande valor didáctico! Muito obrigada!

IHaveADream · quinta ago 05, 2010 4:09 pm

Obrigada, Dinodane.

Gosto muito do Bengal. Estive a ver o vídeo, e bem me parecia que havia domésticos na árvore genealógica por muito perto...

Mas pensava que todos tinham aquelas manchas de leopardo, não sabia que também havia «blotched».

IHaveADream · quinta ago 05, 2010 4:19 pm

O Abissínio:
http://www.youtube.com/watch?v=YmT32uvT ... re=channel

Também passei a gostar muito de abissínios desde que o primeiro cá veio parar a casa.

Confirmo tudo o que diz o vídeo.

Tenho uns mais «vivaços» do que outros, mas os «vivaços» parecem setas, não há porta que se entreabra que eles não entrem.

Ah, e a parte dos televisores e computadores também confirmo.

Este em que estou ficou sem duas teclas no primeiro dia. (Na altura não achei gracinha nenhuma.

)

Acrescento só que são, em geral, muito meigos, muito ronroneiros, muito donodependentes, podendo ser verdadeiras lapinhas.

dinodane · quinta ago 05, 2010 4:33 pm

Tassebem: tem vários exemplos flagrantes nos cães, nomeadamente o bulldogue inglês. É uma raça de tal forma artificializada que, mesmo que houvesse uma população isolada de outros cães com quem pudessem cruzar nunca sobreviveria. A própria reprodução é artificial e assistida pelo homem: as montas são complicadas e muitas vezes tem de se recorrer à inseminação artificial e os partos são do mais complicado que há, recorre-se à cesariana na maior parte dos casos.

Mesmo nos gatos, os persas originais tinham nariz. Hoje em dia um persa digno do nome tem de ter o focinho completamente achatado e os gatos com algum "nariz" são preteridos nas expos.

Muitas raças de cães têm raízes bastante antigas e existem raças que se mantiveram praticamente inalteradas até aos dias de hoje como os basenji, os podengos, o cão de canaã, os cães sem pêlo peruanos mas todas as outras raças, apesar de algumas terem origens remotas, foram significativamente alteradas ou mesmo criadas do zero no último século.

Nos gatos é muito mais flagrante. A maior parte das raças tal como as conhecemos têm 50, 40, 30 anos e há novas raças na forja, sendo que das mais recentes o Bengal é a mais difundida, já há vários criadores em Portugal.

dinodane · quinta ago 05, 2010 4:39 pm

E um pequeno acrescento:

Se antigamente a selecção de uma raça de cães assistia a um propósito de trabalho, à selecção para uma aptidão ( caça, controlo de ratos, lutas, defesa, guarda, pastoreio, etc) como advento do cão citadino, do cão pet, o critério de selecção e a evolução dos standards vai ao encontro da estética e não da funcionalidade.

Com os gatos sempre assim foi. O cat fancy sempre teve a ver com critérios de beleza felina e não com aptidão de trabalho. é natural que o critério de beleza evolua e vá extremando determinadas características. Vejam o gato esfinge, é um gato que foi desenvolvido a partir de um acaso genético, de uma mutação que nunca seria perpetuada na Natureza pois um gato sem pêlo é um gato vulnerável e a selecção natural elimina os traços que conferem vulnerabilidade e perigam a espécie.

IHaveADream · quinta ago 05, 2010 4:59 pm

dinodane Escreveu:Tassebem: tem vários exemplos flagrantes nos cães, nomeadamente o bulldogue inglês. É uma raça de tal forma artificializada que, mesmo que houvesse uma população isolada de outros cães com quem pudessem cruzar nunca sobreviveria. A própria reprodução é artificial e assistida pelo homem: as montas são complicadas e muitas vezes tem de se recorrer à inseminação artificial e os partos são do mais complicado que há, recorre-se à cesariana na maior parte dos casos.

Mesmo nos gatos, os persas originais tinham nariz. Hoje em dia um persa digno do nome tem de ter o focinho completamente achatado e os gatos com algum "nariz" são preteridos nas expos.

Muitas raças de cães têm raízes bastante antigas e existem raças que se mantiveram praticamente inalteradas até aos dias de hoje como os basenji, os podengos, o cão de canaã, os cães sem pêlo peruanos mas todas as outras raças, apesar de algumas terem origens remotas, foram significativamente alteradas ou mesmo criadas do zero no último século.

Nos gatos é muito mais flagrante. A maior parte das raças tal como as conhecemos têm 50, 40, 30 anos e há novas raças na forja, sendo que das mais recentes o Bengal é a mais difundida, já há vários criadores em Portugal.

Pois é, ainda aqui há uns anos não muito largos os persas tinham nariz, sim, embora pequenino. Agora os persas de estilo antigo são desclassificados. O pior são os problemas oftalmológicos e respiratórios que os novos persas têm...

Quanto aos Bengal, até cá temos uns campões do mundo, não é?

Naquele documentário que eu referi (http://vids.myspace.com/index.cfm?fusea ... d=44215931, é longo mas vale a pena ver) aparecia até penso que um Pug (campeão) que não conseguia dar três passos sem ficar com falta de ar e tinha de estar em cima de uma almofada refrigerada.

IHaveADream · quinta ago 05, 2010 5:04 pm

dinodane Escreveu:E um pequeno acrescento:

Se antigamente a selecção de uma raça de cães assistia a um propósito de trabalho, à selecção para uma aptidão ( caça, controlo de ratos, lutas, defesa, guarda, pastoreio, etc) como advento do cão citadino, do cão pet, o critério de selecção e a evolução dos standards vai ao encontro da estética e não da funcionalidade.

Com os gatos sempre assim foi. O cat fancy sempre teve a ver com critérios de beleza felina e não com aptidão de trabalho. é natural que o critério de beleza evolua e vá extremando determinadas características. Vejam o gato esfinge, é um gato que foi desenvolvido a partir de um acaso genético, de uma mutação que nunca seria perpetuada na Natureza pois um gato sem pêlo é um gato vulnerável e a selecção natural elimina os traços que conferem vulnerabilidade e perigam a espécie.

Eu sei, mas o que me encanita é que se diga que estão a preservar as características das raças, quando os critérios são de ordem estética (por vezes muito duvidosa) e, sobretudo, financeira, acarretando ainda por cima, muitas vezes, problemas de saúde para os animais...

O esfinge é um bom exemplo (no mau sentido). São, de facto, gatos extremamente vulneráveis, é vê-los sempre de casaquinhos e gorros, ou até «babygrows», quando o tempo está um pouco mais fresco.

dinodane · quinta ago 05, 2010 5:10 pm

Atenção que eu acho que esse documentário também é demasiado extremo e um pouco sensacionalista...

IHaveADream · quinta ago 05, 2010 5:18 pm

A mim pareceu-me tudo muito bem documentado, e com direito ao contraditório. E tem a chancela da BBC...

mjoaomarques · sexta ago 06, 2010 2:27 am

IHaveADream Escreveu:...
Pois é, ainda aqui há uns anos não muito largos os persas tinham nariz, sim, embora pequenino. Agora os persas de estilo antigo são desclassificados. O pior são os problemas oftalmológicos e respiratórios que os novos persas têm...

Um gato persa de boa linhagem não tem problemas oculares (entrópio) ou respiratórios (desvio do septo nasal ou narinas quase fechadas). A característica face doll do persa pode levar é a dificuldades em segurar a comida (a ração do gato persa da RC tem os grão com formato especial que facilita a sua preensão) ou a segurar a fêmea no momento da cruza e por isso em vários casos é necessário o criador ajudar o gato a segurar a fêmea. Também pelo facto de serem braquicéfalos, os partos são difíceis e muitas vezes é necessária cesariana. Eu que o diga que em 4 ninhadas que tive, só uma foi parto natural.

Eu não vi o documentário da BBC mas pelo que ouvi contar, partilho da opinião da Dinodane. A não ser que a maior parte dos animais no Reino Unido provenham de criadeiros que cruzam os animais "defeituosos" e assim propaguem as más características ao longo das gerações.

IHaveADream · sexta ago 06, 2010 12:20 pm

Mjoaomarques, quanto aos persas, aceito que tenha razão. Baseei o meu comentário numa observação empírica, até de gatos de exposição, mas então será porque não provêm de boas linhagens.

Quanto ao documentário, aqui fica novamente o link, para o caso de querer ver:

http://vids.myspace.com/index.cfm?fusea ... d=44215931