E dos bombons... É verdade, e mostrávamos as nossas colecções umas às outras, trocávamos pratas repetidas...
Os merceeiros tinham aqueles boiões absolutamente enfeitiçantes alinhados no balcão, de lado, com os rebuçados Dr. Bayard, os de mentol, os bombons que custavam um tostão cada e tinham uma prata com um bonequinho.
Realmente, dantes contentávamo-nos com bem pouco. E eu era uma sortuda, comparada com muitos dos meus colegas. O meu avô construiu-me uma banca de engraxador, tal e qual as dos profissionais, mas à minha medida. Até tinha uma luzinha na gaveta...

Eu engraxava-lhe os sapatos todos os dias, quando ele chegava a casa. E ele dava-me sempre uma moedinha, que eu guardava numa latinha, na gaveta da banca... sim, porque não era tudo para gastar logo.
E nem precisava, porque um dos meus namorados da escola primária, o Rogério, era filho de um merceeiro e trazia-me rebuçados que roubava ao pai.

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke