"Abrir" o cão

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Moderador: mcerqueira

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CasadeAnaval
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sexta nov 14, 2003 11:51 pm

Ora bem

Eu vejo por um lado a parte prática, em termos de necessidade de treino nos cadáveres para evitar erros em animais vivos.

Não me perdoaria pela morte de um cão meu ser causada por não permitir a necrópsia de um outro que me pertencese e que tivesse falecido da mesma forma.

Existem muitos riscos, desviando-me do tópico, em termos de necrópsia para os veterinários que tenho observado. Em alguns casos, é a insensibilização, uma reacção natural quando se lida com este tipo de situações.

Quanto aos cães vivos, ditos cobaias, já existem suficientes ? Há não muitos anos atrás eram tão poucos que eram martirizados.

É bom ver que tanta gente está sensibilizada, eu até colocava aqui um parágrafo provocador, mas se calhar é melhor não :)
<p><a href="http://www.antidoto-portugal.org">http://www.antidoto-portugal.org</a></p>
fang
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sábado nov 15, 2003 3:19 am

nel Escreveu:
fang Escreveu: Já agora, onde está a legislação que proibe um cadáver, seja ele de que espécie for, de ser enterrado??
Olá Fang
Bem aparecido. De vez em quando há assim umas ausências prolongadas...

Em relação à frase citada, eu sou fraco em leis, mas o motivo por que se não deve enterrar os animais mesmo que seja em terreno privado, deve-se ao facto de isso poder contaminar as águas, o que aliás acontece muito frequentemente nas aldeias onde não existe distribuição pública de água e as pessoas têm que recorrer a poços ou furos.
É que a área do terreno é uma coisa, mas as toalhas de água no sub-solo são como os rios, pertencem à comunidade.
Existe uma enorme "facilidade", na maior parte dos casos não por maldade, negligência ou desrespeito, mas por simples ignorância. E é impossível controlar isso. Por outro lado, é muito difícil avaliar se um enterramento desses vai ou não ser prejudicial e só através de meios técnicos é que se chega lá.
Mas há o outro lado da questão, que é o emocional, o lado "romântico", que é de ponderar e que pesa muito nessas atitudes.
Eu se tivesse um jardim, muito sinceramente, ponderaria se deveria ou não enterrar lá os meus cães. Provavelmente faria isso, não resistiria.
Diga-se a propósito, para não dramatizar tanto esta questão, que o factor que mais contribui para a poluição das toalhas de água subterrâneas são as fossas de saneamento mal construídas e o enterramento de determinados lixos.
Boas nel,
De facto por motivos pessoais tenho andado meio "desaparecido".
Em relação ao assunto citado, as coisas não me parecem tão lineares.
Tudo depende do tamanho do cadáver e do local do "enterramento".
Na natureza, os cadáveres ficam normalmente a ceu aberto e nem por isso há grandes perigos de poluição. Vários organismos decompositores se encarregam de dar descaminho aos tecidos do dito cujo, desde simples bactérias a animais invertebrados e mesmo vertebrados.
Nas zonas mais urbanizadas, onde muitos dos decompositores não ocorrem, é de facto complicado deixar um cadáver a ceu aberto.
Por isso se recorre ao enterramento, processo mais lento de decomposição é certo, mas que nos livra de odores, arrastamento por lexiviação de certos microorganiasmos menos desejáveis entre outras situações para nós humanos.
É logico que se deve evitar sepultar cadáveres em zonas de risco eminente de contaminação de águas. No entanto o enterramento dos cadáveres circuncreve muito mais o ciclo da decomposição do que deixa-lo a ceu aberto. Isto tambem é relativo, pois depende do tipo de solo e da sua permeabilidade. A areia não é igual á argila.

No entanto gostaria de deixar á reflexão o seguinte:
Quantas centenas de animais selvagens morrem e são decompostos (sem serem predados) nas nossas zonas naturais?
Já alguem pensou ao saborear a espectacular agua de uma das nascentes do gerês, por onde ela teria passado? Quantos animais mortos ou restos deles essa água teria banhado??
O mundo não é composto apenas de animais domésticos, e nem toda a fauna selvagem é predada, muita é decomposta sob a forma de cadáver.
O problema aqui coloca-se quando a quantidade de cadáveres é superior aquela que a natureza consegue reciclar numa área concreta. Isto acontece sobretudo nos meios povoados e com animais domésticos, sobretudo de grande porte.
Os efluentes de uma suinicultura mal tratados poluem mais do que uma centena de porcos enterrados em solos argilosos. De longe.
Estou convicto que o cadaver de um cão enterrado, ou vários desfasados no tempo, longe de captações e linhas de água poluem tanto quanto qualquer animal selvagem que morra na natureza.
Trata-se simplesmente de bom senso. Não cabe na cabeça de ninguem enterrar 10 cães ao mesmo tempo junto de um poço , de um ribeiro ou de uma zona de terrenos de fácil infiltração.

Bom ... acho que me perdi... creio que o assunto não era sobre poluição de águas subterraneas e superficiais... :| :roll:

Mas isso agora não interessa nada, como diria a outra ;) :lol:
<p>Francisco Barros</p>
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nel
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sábado nov 15, 2003 10:40 am

Olá Fang

No fundo estamos plenamente de acordo.
A LÓGICA de proibir o enterramento de animais tem como fundamento a potencial contaminação das toalhas de água subterrâneas. Se é certo que em muitos casos isso não tem qualquer relevância, noutros poderá ter efectivamente. E a lei aqui tem que ser igual para todos, pois a abrir excepções isso obrigaria a estudos extremamente sofisticados, demorados e a meu ver impraticáveis.
Estou totalmente de acordo que a decomposição de um cadáver soterrado depende muito do seu tamanho e do tipo de terreno. Mas o processo de decomposição é sempre demorado. Mais, provavelmente, do que se estiver em contacto com o ar. Mas se não existirem suficientes predadores para o consumirem, os malefícios acabam por ser maiores do que se ele estiver enterrado.
No fundo, e aqui penso que estamos de acordo, a proibição do enterramento tem a sua lógica e, em muitos casos, o enterramento não é tão inocente como normalmente se pensa.
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