Questão sobre LOP / RI

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Moderador: mcerqueira

Bullie
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terça nov 18, 2003 1:08 pm

Olá a todos, ;)

Gostaria de vos colocar uma questão para ver se alguém me pode auxiliar a esclarecer uma dúvida.

Segundo sei (corrigam-me por favor se estiver errado), um cão de raça que seja filho de dois cães da mesma raça mas que não estão registados no Livro de Origens Português terá, caso assim o dono o deseje, de se submeter a uma junta veterinária nomeada pelo CPC por forma a ser avaliado e posteriormente inscrito no RI (Registo Inicial) da raça se for considerado um exemplar puro.

A minha primeira pergunta é: Os descendentes desse cão inscrito no RI poderão ser inscritos no LOP por forma a poderem participar em exposições caninas, ou todos os seus descendentes não poderam ser inscritos no LOP e terão de se manter sempre no RI?

Segunda questão: Quando um dos progenitores do cachorro tem LOP e o outro não, o cachorro terá de se submeter às mesmas regras do cachorro cujos pais nenhum tem LOP? E, se sim, será inscrito no LOP ou no RI?

Espero que me possam ajudar e desde já o meu obrigado a todos


Um abraço,


Bullie & Gaspar
ana_link
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terça nov 18, 2003 1:26 pm

Oi

Vamos lá por partes.

Qualquer cão que não esteja inscrito no Livro de Origens Portuguesas não pode ser considerado "puro". Para ter LOP o cachorro tem de ter ambos os progenitores inscritos seja no CPC seja em outra qualquer entidade reconhecida por este (cães estrangeiros). Assim o cachorro é automáticamente "puro".

O RI (Registo Inicial) apenas pode ser efectuado neste momento em raças portuguesas. Não é por junta médica, mas o cão é observado por juizes da raça que atestam que está morfologicamente aceite. Todos os cachorros descendentes de pai ou mãe RI são RI e vão permanecer assim até se completar a 3º geração. Aí passam a LOP.

Todos os cães RI ou LOP podem participar em exposições caninas. No entanto, cães a quem foi atribuido RI não podem ser campeões de Portugal. Os premios que ganharem passam para os 2º classificados.

Isto está explicado em maior detalhe no site do CPC, na secção de regulamentos, www.cpc.pt
<p>Beijinhos a todos e festinhas aos 4 patas</p>
<p>Ana</p>
PauloC
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terça nov 18, 2003 3:36 pm

O RI (Registo Inicial) apenas pode ser efectuado neste momento em raças portuguesas. Não é por junta médica, mas o cão é observado por juizes da raça que atestam que está morfologicamente aceite. Todos os cachorros descendentes de pai ou mãe RI são RI e vão permanecer assim até se completar a 3º geração. Aí passam a LOP.
Tal como foi dito, isto está bem explicado no site do CPC na Secção de Regulamentos. Aqui não posso aceder ao site ( bloqueios e mais bloqueios :roll: ), mas parece-me que falta aqui só uma coisinha, porque não há assim tanto "automatismo" na passagem para o LOP! Com efeito, parece-me que há qualquer coisa relativa à necessidade de participar em exposição e obter classificação de 'Excelente'!
O melhor é, se tiverem acesso, ir mesmo lá ver ao site do CPC que eu lembro-me que está tudo bem explicadinho no Regulamento do LOP e no do RI.

Abraços
Paulo C.
casadiscaes
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quarta nov 19, 2003 10:57 am

mas parece-me que falta aqui só uma coisinha, porque não há assim tanto "automatismo" na passagem para o LOP! Com efeito, parece-me que há qualquer coisa relativa à necessidade de participar em exposição e obter classificação de 'Excelente'
Quanto à passagem a LOP por excelente em exposição, esta só é possível para RI's de segunda ou terceira geração (à quarta passam automáticamente a LOP). Isto significa que se eu tiver um cão que é filho de dois pais com RI, estes sem antecedentes conhecidos, posso ter um LOP desde que o meu cão consiga um excelente tendo mais de um ano de idade...
<p>Gon&ccedil;alo</p>
<p>Imagem</p>
PauloC
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quarta nov 19, 2003 12:28 pm

Olá Gonçalo,
Não sei se entendi!!
Significará isto que se eu tiver um casal de cães com RI ( daqueles duvidosos do genero do Serra da estrela de Paris) e nunca for a nenhuma exposição com eles, colocá-los a criar e nunca mostrar os filhotes a ninguém ( registo-os com RI porque os pais são RI), quando chegar à 4ª geração tenho automaticamente cães com LOP?
Se assim for, então pelo menos teoricamente, posso ter um cão com LOP que nada tem a ver com a raça!!!
Vejamos este exemplo inventado agora mesmo:
Encontro um casal de cães com morfologia de Serra da Estrela. Vou ao CPC e após serem avaliados dão-me os RI respectivos. Por acaso o cão em questão tinha tudo para ser um serra, mas o avô até era um Mastim dos pirineus. O resultado é que faço uma cruza e nascem cachorros com morfolofia de serra, mas também alguns BRANCOS e com morfologia que nada tem a ver com Serra da Estrela! Então, como o pai e a mãe têm RI, eu registo-os com RI! Continuo a reproduzir as várias gerações e ao fim de 4 gerações tenho Serras da Estrela Brancos e com uma morfologia sabe-se lá de quê!!
Isto é possivel?
ana_link
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quarta nov 19, 2003 1:13 pm

Exactamente Paulo. Percebes-te na perfeição. E assim vai a canicultura portuguesa.... :|
<p>Beijinhos a todos e festinhas aos 4 patas</p>
<p>Ana</p>
Pedra
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quarta nov 19, 2003 1:57 pm

È possivel sim senhor! Uma das razões pelas quais eu sempre fui contra os RI's, no minimo em determindadas raças que já não estão em perigo de desaparecem.
Isabel
casadiscaes
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quarta nov 19, 2003 5:24 pm

É isso mesmo... apesar de não ser justo, é melhor do que a impossibilidade de registar um cão... Pegando no exemplo, arranjo dois cachorrinhos da serra da estrela, espero que façam um ano, registo-os, faço uma ninhada, registo-a, apresento a melhor escolha da ninhada em exposições, faço-o LOP, continuo com o bichinho das expos e faço-o campeão, utilizo-o na minha linha e faço pai de um dos serras mais premiados de todos os tempos em Portugal... substituam o serra por Fila Brasileiro e a Serra da Estrela por uma fazenda em Minas Gerais e têm como comecei nos Filas: Porthus e Sinhá (o Porthus ficou para mim e a Sinhá para uns amigos) ambos RI de 1º geração - fiquei com um filho - o Boris de S. Simão, RI de 2ª Geração, LOP, Ch Port, etc... e pai da Braza da Casa dos Cães Ch Port, que é um dos Filas mais premiados em Portugal de todos os tempos mas não tem o pedigree completo da parte do pai... Claro, isto no tempo em que o Livro de Origens Português ainda estava aberto... Há riscos, claro, mas também há potencial genético que se aproveita e que de outra forma não se aproveitava.
<p>Gon&ccedil;alo</p>
<p>Imagem</p>
sea
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quarta nov 19, 2003 5:36 pm

Eu não sou contra o registo inicial, e até acho que deveria extender-se a todas as raças.
Deveriam é ter pessoas qualificadas para a sua avaliação.

Nós temos o quê?
Registo de ninhada que a mãe tenha LOP! Pois, mas se o pai não for puro... eles não pedem para ver a ninhada.
Outra coisa muito interessante é o facto de se comprar o LOP... quero eu dizer com isto que pessoas que façam uma criação, dizem que nasceram 10, mas só nasceram 8 e ficam com 2 para vender.

A vet da Goldie diz que andam muitos cães por aí que foram vacinados antes de terem nascido.

Não seria melhor observar, avaliar tudo em pormenor em vez das pessoas terem de arranjar outra forma de conseguirem o que querem, e de uma forma bem pior?
casadiscaes
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quarta nov 19, 2003 5:41 pm

Isso só se resolve quando se implantar um sistema semelhante ao da confirmação racial francesa - um cão só pode ser reprodutor depois de passar um exame de confirmação... mas para já e infelizmente, por cá isso é sonhar demasiado.

Pode ser que um dia...
<p>Gon&ccedil;alo</p>
<p>Imagem</p>
casadiscaes
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quarta nov 19, 2003 6:03 pm

Por outro lado o facto do LOP ter fechado para raças estrangeiras, foi uma mais valia... foram muitos os exemplares que não vinham aportar nenhum benefício à raça a que supostamente pertenciam que passaram em alguns exames a que assisti, bem como acabou aquela cantilena dos produtores de cães de que "não tem pedigree, mas não é problema, é só levar ao exame do CPC que passa a ter" (o que no caso de alguns juizes examinadores era quase garantia de ser, infelizmente, verdade). É preferível perder algum exemplar com potencial genético que possa aparecer a permitir a entrada de muitos que não beneficiam a raça em nada. O CPC actuou quando devia, o que é raro, embora para alguns, com os quais não estou totalmente em desacordo, deveria tê-lo feito dez anos mais cedo.

Quanto à qualidade dos cães, cada um fala por si, e eu apenas por mim, que a tenho comprovado no ringue de exposições, que, apesar de ser subjectivo, ainda é a melhor forma (para além do nosso conhecimento da raça - muitas vezes ainda mais subjectivo) para proceder a essa avaliação.
<p>Gon&ccedil;alo</p>
<p>Imagem</p>
PauloC
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quarta nov 19, 2003 6:39 pm

Há riscos, claro, mas também há potencial genético que se aproveita e que de outra forma não se aproveitava.
O risco diminuiria certamente se as 3 gerações fosse obrigadas a ir a exposição e obter excelente para puderem passar RI à geração seguinte. Então aí sim, era perfeitamente minorado o risco de 'automatismo' na atribuição de LOP à 4ª geração.
Desta forma, e graças a Deus que acabou para as raças estrangeiras, vejo muitas possibilidades de se terem SRD registados com LOP numa qualquer raça portuguesa!!!!!
casadiscaes
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quarta nov 19, 2003 6:51 pm

Como eu disse, espero que um dia a confirmação racial seja obrigatória - ou seja, que nenhum cão possa reproduzir sem ter passado nesse exame.

Quanto ao facto de ser possível fazer exames aos cães de raças portuguesas - o chamado exame inicial - e depois poderem ter filhos e netos com LOP, penso que o sistema é comum nos países da FCI (não o garanto, mas foi o peixe que me venderam há alguns anos) :roll:
<p>Gon&ccedil;alo</p>
<p>Imagem</p>
Pedra
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quinta nov 20, 2003 12:00 am

casadiscaes Escreveu: Há riscos, claro, mas também há potencial genético que se aproveita e que de outra forma não se aproveitava.
Em parte concordo. Mas no entanto penso que há riscos demasiado elevados. Há potencial genético que se pode perder, mas também há alguma "rafeirice" (que perdoem os rafeiros) que se podem ganhar. Sendo a criação de cães algo de tão fascinante como de tiros no escuro, mesmo sabendo os antecessores, os riscos ,não o sabendo. são muito maiores.
Quem garante que aquele exemplar em particular, que até parece mesmo um X, ou Y, não é mais que uma mistura de X com Z? E que por acaso até saiu ao pai?
Outro perigo que vejo é a consaguinidade, que se para umas raças esse risco é minimo, para outras, não. Ou seja, há criadores que registam apenas parte da ninhada, outra não. Outros não registam nada. Vendem sem papeis, e a muita gente até aceita, pois é baratucho e afinal o que a gente quer é coisas baratuchas, né? Mas... depois chega-lhes aos ouvidos que afinal, podem ter um papelucho que "garanta" a pureza do animal. Faz-se o RI. E depois, pensam melhor, e já agora, que temos um cão de raça pura e com papeís, vamos lá fazer meninos. Resta depois saber com quem eles vão fazer meninos, e em certas raças há o risco algo elevado de fazer meninos com uma irmã, ou com outro familiar muito próximo.
È claro, que um LOP também pode ser duvidoso, no entanto sempre dá um pouco mais de garantias.
Enquanto não houver certificação de pedigrees e as inspecções de ninhadas forem apenas algo que está escrito, mas não passa disso, os riscos são sempre de alguma forma a não descartar.
Isabel
casadiscaes
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quinta nov 20, 2003 9:51 am

Como disse antes:
É preferível perder algum exemplar com potencial genético que possa aparecer a permitir a entrada de muitos que não beneficiam a raça em nada.
O pedigree vale apenas pela seriedade do criador que está por trás. Eu só respondo pelo pedigree dos meus (criados por mim) cães. Agora que não sou desconfiado ao ponto de por em dúvida todo e qualquer pedigree é um facto. Sou particularmente desconfiado nos pedigrees dos Perdigueiros Portugueses, dos Épagneul Breton e dos Setters de linhas de trabalho. Porquê? porque já assisti a miscigenações na mão de quem tem responsabilidades na raça - sobretudo no perdigueiro e nos cruzamentos com o Pointer, nomeadamente, vi cadelas PP a serem levadas para serem cruzadas com um Pointer que foi varias vezes seleccionado para a selecção portuguesa de caça prática... nos E. Breton e nos Setters a morfologia trai os cruzamentos... Tive a sorte de ser um dos comissários de ringue da monográfica do setter e citadinhos dos cães de trabalho, tendo assistido à primeira desclassificação da minha vida (para além de já ter visitado muitos canis de caçadores e ter visto muita da misturada que por aí se faz...
<p>Gon&ccedil;alo</p>
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