Zeus e os Romanos.
Descobri recentemente a existência de uma Villa Romana, que apesar de ter sido considerada imóvel de interesse público desde 1997, está completamente descuidada e desamparada muito como o restante património histórico Português.
Decidi fazer uma visita, aquando gorados planos de pesca, e hoje de manhã fui fazer uma vistoria ao nada ermo local. Deliberei lá dar “um saltinho” com o Zeus.
O estado de conservação da Villa é notório e as ruínas que lá se encontram desvendam a sumptuosidade de quem lá viveu. Termas, das quais dá para reconhecer dois tanques para água quente e água fria, necrópole, celeiro, moinho, lagar com respectivos reservatórios para o azeite, forno, e a casa do dono com pátio interior. Um dos senhorios da casa foi Titus Curiácius Rufinus…
-Mais conhecido por “Titi das meias-altas”…
-Não! Não! Não! Não penses que vais estragar esta minha apresentação!...
-Pronto, ok ok! Eu calo-me com os comentários nos próximos dez minutos… Espertalhão!
-Eu fiquei em casa!
-Acompanhada do meu amigo, o Teddy Ruspin!
Assim torna-se difícil de prosseguir com este pequeno momento de cultura histórica.
Ora a família de Tito Rufino está enterrada junto com a casa, foram escavadas mais de 20 sepulcros com muito pouco espólio, e foi também escavado um pequeno poço onde se encontraram quer vestígios Romanos quer vestígios da idade do ferro. Foram encontrados vários items de grande valor cultural. Um vulgarmente conhecido por relógio de sol, Uma carranca de forma canina, dois tesouros com moedas variadas, uma Ara, vários alfinetes, fragmentos de cerâmica, e como verão mais à frente… um mosaico!
O Relógio de sol.
-O que é uma carranca?
-Segundo o diccionário Priberam Online é “Cara disforme de pedra ou metal que serve de adorno em construções.” Neste caso é a cara disforme de um cão.
-CÃO??? GRRRRRRRRRR!!! Ele que nem se aproxime de ti…
-Vamos pôr-nos a caminho Zézé…
-Bora! Isto já me cheira a Romanos e tudo…
-É por ali, não é?
-OLHA, É O MEU ALMOÇO QUE ALI VAI!!!
-Isto cheira-me a romanitos…
-Estão aí ò Romanos?!?!?!?
- BAH! Ou são surdos, ou não querem responder e são brutos…
-Ora agora corta-se por ali… e segue-se por acolá…
-Rás-ta-parta! Perdi-me outra vez… e agora dono?
-É à direita… por aquele caminho!
-Chegá-mos!
-Lariláláaaaaa….. func…func…
-Mas quem é que quereria viver numa casa assim? Isto nem paredes tem!
-Zeus, é uma ruína! É o que resta da casa…
-AHHHHHHHHHH! Ok pronto, percebi!
-Olha, podem passar séculos, que mesmo assim sei reconhecer o cheiro!
-O que queres dizer com isso? Zézé?
- Mihi ad latrinam sum!!!!! NOLI PERTURBARE!!! (Estou na latrina, não perturbem)
-Mosaicos!
-Quer dizer, o que resta deles….
-Zeus, saí daí… mostra respeito pela ruína!
-Qué aquilo ali ao fundo?
-Sei lá, acho que é uma arrecadação ou qualquer coisa do género…
-Será que teem lá bolos para os cães do Sec. IV?
-Zézé, a entrada principal da casa é ali ao lado esquerdo…
-MELLITA, DOMI ADSUUUUUUUUMMMMM !!! (Honey, I’m homeeee!)
-Olha o esgoto!
-Pensava que cheirasse bem pior…
-Não parece que está escrito qualquer coisa nesta pedra?!?
-Ecooooooooo! Ecoooooo! Bah! Isto não faz eco…
-Olha uma rua! Será que tinha nome? Zeus queres nomeá-la?
-Via Zézézorum!
O aspecto geral visto de onde estávamos.
- Stercus!!!Cogita ante salis! COGITA ANTE SALIS!!!
O Zézé saltou e meteu as patas de trás dentro de um buraco entre as rochas. Teve alguma dificuldade a puxá-las para cima. (Cog. ante salis = Olha por onde andas/saltas)
-Vá vamos para a esquerda ver o celeiro…
-Ok!
-Olha o celeiro!
-É aqui que se fazia a Cerelac do século IV?
-Ó Zézé, a Nestlé ainda não existia nessa altura…
-Siga para as termas…
-Xiiii ó prálí!
-Anda cá ver mais abaixo…
-Um tanque…
-E depois o escoamento para a ribeira… De onde aproveitavam a água da mesma! Gente rica é assim…
A entrada para o “SPA” a verde e o que ainda podemos ver do sistema de transporte da água a vermelho…
-Segue-me dono!
-Vem ver a fossa, passando pela grandiosa Via Excellentium Imperatorum Zézé!
-Mmmmmmm
-É por ali…
-Cá está o que resta do poço…
-ECOOOOOOOO!!!!
-Bah! Também não faz eco…
-Está na hora de irmos, Zézé!
-Vamos lá pró carro…
-Adeus, adeus!
-Ego vobis valedico! Valete!
-Zeus?
-Ahn?
-Já chega com o Latim, ok?
-Bah, chato! agora que lhe estava a apanhar o jeito…
