quarta out 12, 2005 11:24 am
Depois do que li aqui, até tenho medo de responder a este tópico: acho que corro o risco de ser apedrejada, crucificada ou algo do género. Mas saliento que o que vou dizer é apenas a minha opinião, a minha forma de ver a este assunto e de forma alguma a pretendo impor ou ser um exemplo a seguir.
Concordo que as pessoas devem ter todos os cuidados com os seus gatos e têm a obrigação de minimizar os riscos que eles correm de se magoar, adoecer, etc.
Mas acho que também devemos respeitar (dentro do possível) aquela que eu julgo ser a natureza do animal: um gato tem um espirito muito mais independente que um cão por exemplo. Por favor, isto é um facto histórico: a sociabilização dos canideos foi levada muito mais longe do que os felideos. Negar isso é tratar o animal como uma simples coisa que nós gostamos muito mas que só faz aquilo que a nós nos é conveniente para termos menos stress e menos hipoteses de acabar com o coração partido. Acho que em cada circunstância se deve avaliar as condições e riscos que existem e tentar achar um meio termo que pese todos os cuidados que nós queremos ter e a felicidade do animal.
Na cidade, é claro que os os donos devem ter cuidado com as portas e janelas: o trânsito, os "maus vizinhos", etc, tudo constitui um grande, um enorme risco. A balança neste caso pende para privar o gato da natural ansiedade que ele tem de explorar o seu bairro, o seu território. Um gato num apartamento é concerteza mais feliz e tem mais conforto que um gato na rua duma cidade. Mas daí a crucificar os donos que têm uma atitude menos ponderada acho que é ir longe demais. O Zyggy tem todo o aspecto de ser tudo, menos um gato negligenciado. E o sofrimento dos donos com o seu desaparecimento é mais do que suficiente para lhes ensinar que não pode haver mais "falhas" desse tipo.
Já no campo, acho que as regras são outras. Para mim, (e volto a dizer que este é só o meu ponto de vista e não a verdade absoluta), seria um crime manter um gato fechado numa casa de campo. Actualmente tenho dois gatos e dou-lhes todos os cuidados que estão ao meu alcance dentro daquilo que eu acho que é essencial: alimentação e abrigo, carinho e brincadeira, cuidados médicos. Mas não os privo de sair à rua. A estrada fica longe, tenho poucos vizinhos e estou rodeada de mato e bosque, o paraíso para qualquer gato. O perigo continua a existir, mas balança neste caso pende para dar ao gato liberdade de movimentos. Eu sei que me pode sair caro: aliás já saíu. Para quem se lembra, o meu gato Bóris desapareceu à pouco tempo. Não se lhe aconteceu alguma coisa, se foi levado ou se simplesmente a entrada dos dois novos gatitos (a Eve e o Tambu) foi demais para ele e foi-se embora. Procurámos no campo, na estrada, falámos com os vizinhos e com o vet mais próximo e nada. Nem rasto. Doeu, dói muito mas sei que enquanto esteve connosco foi feliz e espero que continue a ser, onde quer que esteja. Sou negligente? Depende dos pontos de vista. Eu sou dos meus gatos, mais do que eles são meus.