Esta de comparar países de primeiro mundo com este nosso país pouco civilizado é de fazer rir! É claro que aqui NADA disso iria funcionar, nem à força, por um simples motivo: é uma questão cultural. É lógico que eu gostaria muito que as coisas fossem diferentes, mas infelizmente, nem a vontade política, nem a educação e mentalidade das pessoas, NESTE MOMENTO, possibilitam tanto rigor.
E voltando ao assunto do tópico, não sei qual é o propósito desta discussão e desta conversa de que o cão não pode ficar sozinho em casa enquanto os donos trabalham, ou que quem trabalha não deveria ter cães.
O meu marido teve dois rottweilers maravilhosos: Furst e Mara, a quem ele educou esmeradamente. O Furst era um animal equilibrado, meigo, sociável. Aprendeu ataque, aprendeu tudo e mais alguma coisa. A Mara não teve este tipo de treino (ataque - não tinha perfil para isso) mas eu jamais, na minha vida, vi um animal tão espectacular, tão doce, tão educado e, como o Furst, equilibrado. Safou-me, mais as minhas cadelas pequenas, mais de uma vez, ao nos livrar de cães de rua que vinham nos atacar. Sem morder, apenas com um 'chega para lá!'.
E o meu marido trabalha e trabalhou a vida toda. E os rottweilers viveram, os dois, num apartamento, um T2. Só que passeavam duas horas por dia, todos os dias, faziam exercícios e treinos, e todo o tempo livre, férias, era para eles. Nunca vi animais mais sociáveis, equilibrados e maravilhosos que aqueles. Quem os conheceu decerto concordará comigo, penso eu. O Furst ainda viveu algum tempo sozinho, sendo que depois veio juntar-se a ele a Mara.
As minhas duas cadelas pequeninas cresceram num apartamento, em Belo Horizonte, Brasil. Ambas foram educadas a fazer o xixi no jornalinho, ambas passeavam diariamente, de manhã e ao final do dia, e ao final de semana fazíamos longos passeios, em diversos lugares, na capital de Minas Gerais e não só. E eu sempre trabalhei, e graças a Deus, ainda trabalho. Tenho sob os meus cuidados directos três cães de pequeno porte (um chihuahua e as duas cadelas, que vieram do Brasil), sendo que um deles, a minha cadela Sasha, tem linfoma diagnosticado há quase dois anos, e outros males, fez quimioterapia por via venosa e actualmente faz protocolo de manutenção, e exige cuidados constantes, 24h por dia, sete dias por semana, cuidados estes que são da minha total responsabilidade. Gasto cerca de 30 minutos de manhã e à noite, só em cuidados com ela. E ela é muito, mas muito bem cuidada! Caso contrário, não estaria viva até hoje. Agora digam lá que quem trabalha não tem tempo para os seus animais! É claro que tem. E digam lá como é que uma pessoa consegue suportar os custos de doenças como esta, há tanto tempo, sem trabalhar....
Nós hoje em dia temos uma vida muito diferente do que seria a 'vida ideal': tempo para a família, para o lazer, trabalho que bastasse, enfim, uma vida em que houvesse um equilíbrio entre actividade profissional e o resto da nossa vida. Mas infelizmente vivemos para trabalhar e pagar contas, e todos os dias é uma correria infernal, e não temos tempo para nada! Acontece que os animais que estão sob o nosso cuidado acompanham-nos nesta vida maluca, e adaptam-se. E são felizes, oh, se são! Qualquer tempo que temos para eles é uma alegria, um passeio de carro até à casa da Avó é uma coisa fantástica, um colinho no sofá, seja de uma hora ou de dez minutos, e eles ficam todos contentes. É assim a vida, caros foristas, o mundo é assim. A única coisa que temos de ter em conta é que quando temos um animal sob a nossa responsabilidade, é para a vida toda, e é para ser levado a sério. De resto, com amor e respeito, e alguma disponibilidade, somos todos felizes.
Pronto, é a minha opinião e a minha experiência, e vale o que vale.
