... ou mais uma panca das gatas pretas cá de casa! Pois é: duas das minhas gatas pretas andam chaminé acima, chaminé abaixo. Primeiro, foi uma de rua, espertíssima e especialista em fugas; veio no início de Novembro, mas só esteve 10 dias em casa. Veio num sábado, na 2ª feira seguinte, estando eu já de transportadora na mão para a levar ao vet pq estava com diarreia e queria ver o estado geral dela, fugiu plea janela do quarto... que estava fechada. Ao 3º salto com as 4 patas, o vidro, que já tinha uma brecha, cedeu, e lá foi ela a correr rua acima, deixando-me agarrada à transportadora de olhos arregalados. Voltou no Sábado passado e consegui segurá-la até 3ª feira, dia marcado para a OVH. Foi esterilizada como gata de rua e já tendo em mente a possibilidade de uma fuga, fizeram também uma destartarização, foi operada pela hora de almoço e à noite já andava a correr e pular como se não tivesse sido nada. Pelo sim, pelo ão, fizeram-lhe um penso com adesivo castanho, que sempre demora mais a ser arrancado. Entretanto lá sossegou e fui dormir. Na manhã seguinte havia imensa fuligem na lareira... no chão... nas mantas que cobrem os sofás... nas paredes...

mas ela dormia inocentemente no sofá. Tudo bem. Fui à minha vidinha, que era feriado, e ao fim da tarde tive um baque e dei por falta da gata. procurei por todo o lado, os vidros estavam intactos, não havia possibilidade de fuga; tinha de estar escondida. Abri armários, subi escadote, procurei em gavetas... nada. Só podia ter atravessado a parede! Nem por acaso: comecei a ouvir barulho dentro da chaminé, e uma gata preta retinta aterrou na lareira! satisfeita, sacudiu-se e veio esfregar-se nas minhas pernas. Comecei a ver, literalmente, tudo negro... fui buscar uma talha, humedeci-a com água quente, e vai disto. Ela até "dobrava" os ronrons! mirei o adesivo, estava preto também, e já lá tinha andado a mexer

. Limpei-a uma segunda vez e resolvi enfiar-lhe um funil preso com uma coleira, para n arrancar o penso de vez e lhe limitar os movimentos. E correu bem! ela andava danada e doidinha a procurar saídas - viveu cerca de 7 anos na rua, toda a sua vida, é uma gata livre, apesar de meiga - e eu a esfregar as mãos. MAS... Há sempre um, não é? ontem, quando ia tentar convencer a vir para casa o Rudy, que foi viver com um porco e uma vaca no barracão da vizinha, avistei um gatinho preto que já tinha visto havia uns tempos. Voltei a casa em busca da armadilha, transportadora e uma latinha de Rec****, e lá apanhei a criatura do demo, bufona, cuspideira e esfomeada. Chegados a casa, foi uma confusão: o endemoninhado escapou-se quando fazia o transbordo da transportadora para a jaula e andou a correr a casa toda, possuido. Eu, fiada no funil da outra, deixei a porta do quarto dos fundos aberta e a respectiva janela fechada; quando o gato caçado se escapou, corri para o dito quarto - que, aparentemente estava vazio de gatos -, abri a janela (estava na hora da chegada dos vadios diurnos para a comilança ao pôr do sol) e fechei a porta. É que a parte de baixo de um dos roupeiros desse quarto (que é despensa também... coisas de aldeia!) é um refúgio inacessível para o parco comprimento dos meus braços, ainda para mais agachada (deitada também não chego lá e, de qq forma, não dá jeito nenhum), e não podia arriscar a que o demoniozinho ali se escondesse. O tempo passou-se e ao serão dei por falta da gata outra vez. Estava a começar a habituar-me, mas preocupei-me, porque a tipinha estava de funil e podia ficar presa, entalada, enforcar-se, sei lá o que pode acontecer a uma gata de funil. Peguei na lanterna e fui direitinha à chaminé! Luz acima, luz abaixo, mete a mão, mete o braço e só apalpei fuligem. Nada de gata. Pronto, foi chaminé acima e está lá no alto entalada. Fui lá para fora, apontei a lanterna à chaminé, ao telhado, nicles. Subi o escadote e fui ver mais perto, nada. Fui procurar nos currais, encontrei a tartaruga do meu vizinho (que vive no meu pátio, num tanque, e também sabe muito bem fugir...), coloquei-a de novo no tanque, e nada de gata. pronto, foi-se... e agora anda por aí de funil, oh céus, como se irá desenrascar...? Mas... (outro, eu sei... os "mas" são como as cerejas!) tive uma epifania! cautelosamente, para que a criatura felina recém-apanhada não fizesse nenhuma aparição e se pusesse ao largo, abri a porta do quarto dos fundos - o tal do roupeiro -, entrei, rapidamente fechei a porta, espreitei para debaixo do roupeiro e, sob o grande espelho, lá estava

o colar isabelino, nojento de fuligem, com a coleira apertada, mas sem gata. Como, e quando, ela ali se meteu, de funil posto, não sei; mas aproveitou o aperto para o retirar e soube esperar pela oportunidade da fuga! Ou isso, ou atravessou o espelho e esteve em Narnia, porque hoje já a vi no pátio, com outros gatos pretos e livres como ela. O penso já ia arrancado a meio, eu tinha calculado dois dias mas acho que acaba hoje o serviço.
Há 15 dias também trouxe umas gatitas bebés de uma clínica, duas minorquinhas e uma mais velhinha, com os seus 4 mesitos bem feitos, pretinha, mas fajuta: por ser igual ao meu Joca, de manchinhas bracas no peito e na "fralda", chamei-lhe Joyce. Meiga e delambida, muito sossegada - ninguém me tira da ideia que a gata não é saudável, mas a minha Natália também era assim, sonsa -, só quer colo e é uma verdadeira "cola". Andou a ajudar-me a pintar paredes durante a tarde, comeu, dormiu e, há pouco acordou, espreguiçou-se, foi fazer um xixizinho e eu, solidária, fui também; cada uma ao seu wc, entenda-se, que a minha preguiça não chega a tanto. Quando regressei, aliviada, sinceramente nem dei por falta dela. Ia sentar-me de novo no sofá, ainda com o fato macaco das pinturas, quando começo a ver e ouvir a fuligem a cair na lareira. a sério que deitei as mãos à cabeça! quem viria aí? a Fujona? O Pai Natal?... aterrou a Joyce. Devidamente enfarruscada, claro... até a sua coleirinha de lã colorida, que lhe fiz na febre do tricot que me deu por estes dias, estava praticamente monocromática. Suspirei. Baixei os braços, tranquei a entrada da chaminé com a grade que costumo ter a proteger a lareira, sentei-me, acendi um cigarro; a Joyce sacudiu-se, espreguiçou-se, lavou-se um pouco, voltou a espreguiçar-se e saltou-me para o colo, emporcalhando-me o fato macaco (que era branco). Não me importei... uma pessoa, a certa altura, já não se importa! Viver com gatos - e gatas pretas em especial, mesmo que fajutas - é viver num mundo mágico, como Narnia ou o País das Maravilhas, ou tudo junto e com o Pai Natal, no qual acredito cada vez com mais veemência, já que não tenho grande alternativa.
Ao outro, o pretinho que afinal não é assim tão bebé mas parece-me anão e do qual ainda não sei o sexo, chamei Serafim. É o mínimo...

Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!