O Ferreirinha é mais uma vítima de atropelamento e fuga. Mas pior que ser vítima de atropelamento é ser vitima do egoísmo e da indiferença humana. Infelizmente o Ferreirinha, na sua curta existência já teve a infelicidade de conhecer o pior que o ser humano tem para dar.
No passado sábado de manhã, um dia frio e chuvoso, o Ferreirinha foi atropelado. Segundo testemunhas do atropelamento, o condutor ainda parou o carro para reclamar com o animal pelos estragos causados, mas não o socorreu, e seguiu viagem. Deixou-o ao frio e à chuva, cheio de dores, deitado na berma de uma estrada.
A zona onde ocorreu o atropelamento é uma zona residencial, houve testemunhas do atropelamento, várias pessoas foram passando ao longo do dia pelo Ferreirinha e NINGUÉM lhe estendeu a mão. NINGUÉM pediu ajuda. NINGUÉM tentou minimizar o sofrimento de um animal atropelado, assustado, a agonizar com dores.
Ao final da tarde, após horas de sofrimento e angústia, cruzou-se no caminho do Ferreirinha alguém que não ficou indiferente ao seu sofrimento. Apesar de não o poder transportar, apesar da chuva que caía, esta amiga do Ferreirinha pediu ajuda. Ao ver-se sem forma de transportar o Ferreirinha até à clínica veterinária, foi bater de porta em porta na esperança de que alguém o levasse. NINGUÉM se disponibilizou, apesar de nos termos oferecido para pagar a viagem. NINGUÉM quis perder 10 minutos do seu sábado para salvar uma vida. Ouvimos desculpas do mais egoísta que possam imaginar e o Ferreirinha continuava ali, com dores, com medo, com frio.
Mas ele não podia ficar ali e, como não tínhamos outra forma de o resgatar, recorremos a um serviço de táxi canino para o levar à Clínica. Quando finalmente a ajuda chegou, quem o transportou encontrou o Ferreirinha rodeado de pessoas, as mesmas que não podiam sujar o carro, que não podiam perder 10 minutos para o levar à clínica, que não podiam fazer a viagem com aquele temporal, mas que puderam ficar ali, à chuva e ao frio, durante mais de 15 minutos a assistir ao sofrimento de um animal!
Como é possível tanta indiferença? Como é possível tanta frieza? Como é possível tanto egoísmo?
Nem imaginamos o que terá sentido Ferreirinha, ali abandonado mas rodeado de seres humanos, sempre na esperança que algum o ajudasse, que algum o tirasse da chuva, lhe terminasse com as dores…
O Ferreirinha deu entrada na Clínica Veterinária com a pata partida e em hipotermia. É um cachorrinho de uma doçura extrema, mas com uma tristeza no olhar que nos corta o coração...sempre que alguém se aproxima dele os seus olhos enchem-se de medo, mas assim que recebe uma festinha lambe-nos as mãos num agradecimento profundo!
Na sequência do atropelamento o Ferreirinha tem uma fractura numa das patinhas e teve de ser sujeito a uma intervenção cirúrgica.