Sofia,
Em primeiro lugar, parabéns pelos seus bebés. Espero que corra tudo bem e que eles sejam daqueles bebés bonzinhos que dormem a noite toda
Li o seu post desde o primeiro dia, arrepiou-me desde logo, revi-me na sua tristeza, e no dia anterior tinha pesquisado o que se faz quando um gatinho nosso morre e estamos numa cidade. Eu já perdi muitos gatos, porque desde miuda que vivo numa quinta e eles sempre estiveram à solta, a liberdade paga-se caro, e por mais que devamos, nunca nos mentalizamos que por mais que tentemos proteger há sempre alguma lacuna. Houve alturas em que disse que nunca mais teria gatos, a verdade é que havia sempre um que saltava para a frente do carro, ou algum numa berma, ou algum encontrado por amigos que os traziam para cá. Há uns anos adoptei o Mimo, que tem sido o meu companheiro fiel de faculdade e de ínicio de vida adulta. O Mimo é a minha vida, e eu não sei o que acontecerá no dia que o perder. É algo que me atormenta e que só de imaginar me deixa com lágrimas nos olhos. Por isso, sinto o seu desespero antes, imagino o seu sofrimento depois.
Acredito profundamente que a dor dê lugar a saudade, e que as recordações que agora doem muito, um dia lembrem que tivemos a sorte de pelo menos os ter connosco. É certo que sabemos desde sempre que eles (e qualquer ser ao qual tenhamos uma forte vinculação) vão partir um dia, mas se acreditarmos profundamente nisso a cada momento que vivemos, a dor torna-se insuportável.
Tenho a certeza que fez tudo o que podia, e não acredito no egoísmo que fala, a Sofia não queria o seu gatinho a sofrer, queria-o bem e feliz, consigo, todos queremos isso, e todos lutamos até à nossa última força!
As perdas são assim, choque, aceitação da perda, retirada de um significado, e sei, que um dia quando contar aos seus bebés, que existiu um gatinho muito especial, com o qual brincou, com o qual aprendeu, eles vão conhecê-lo também, vão amá-lo também, e um dia, graças à mãe fantástica que têm, vão ter também os seus gatinhos e respeitá-los com todo o coração.
Sofia, afinal essa é a única maneira de superar a morte, quando alguém nos ama, e leva um bocadinho de nós no coração. Enquanto nos recordam, nós nunca morremos, desaparecemos apenas do olhar
Desejo-lhe tudo o que há de bom no mundo,
E um abraço muito muito apertadinho, de força, de coragem e de carinho