Adeus meu querido Saminha
Moderador: mcerqueira
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Meu querido, chegaste a minha casa fez há poucos dias cinco anos. Vinhas na barriga da tua mãe e nasceste três dias depois, a 21 de Janeiro. Apesar de a Mimi ser uma mãe extremosa, o que é raro na sua raça, os teus quatro irmãos morreram no prazo de dias, e só ficaste tu. Na altura, nem ela, nem a tua tia, nem tu eram para ficar cá em casa, mas o ex-dono não vos queria; e como desfazer-me do primeiro bebé que nasceu cá em casa, a quem me dediquei tanto porque pensei que ia acontecer o mesmo que os irmãos, e que eu fui vendo, feliz, crescer e desenvolver-se dia a dia?
Em pequenino eras uma bolinha adorável, com um pêlo clarinho, que depois foi escurecendo. Sempre pachorrento e vagaroso, excepto quando eu entrava no quarto onde vocês estavam: aí, mandavas uma corrida, trepavas-me pelas calças acima, arranhavas-me as pernas com as tuas unhinhas aguçadas como silvas… e destes ataques terroristas nasceu o teu nome: Osama. Foi o nome mais desadequado que alguma vez pus a um gato.
Quando vos juntei aos gatos que já cá residiam, passaste horas esquecidas, dias, a dormir ao meu colo, dentro da minha roupa, enquanto eu trabalhava ao computador. E, se tinha de me levantar para ir fazer alguma coisa rápida, segurava-te com uma mão por debaixo da barriga como fazem as grávidas.
De todos os meus gatos, e tenho muitos bastante meigos, tu eras o mais chegado a mim. O que as pessoas diziam é que era uma verdadeira paixão. Por tua vontade, estarias sempre ao meu colo, agarrado ao meu pescoço, com uma patinha de cada lado, um verdadeiro coala. Eras também dos poucos que não tinham autorização para dormir comigo, por uma única razão: não me deixavas dormir. Antes de adormeceres, era meia hora a passar por cima da minha cabeça, a mordiscar-me o queixo, o nariz, o cabelo, a entrar e a sair da cama, doido de alegria e de mimo… Se eu me virava, acordavas e recomeçava tudo, e quando finalmente adormecias outra vez era sempre virado para mim, muito encostadinho.
Foste sempre saudável mas, em meados de Outubro, levei-te ao veterinário porque não paravas de chorar de um olhinho. Tinhas uma úlcera na córnea e, após consulta especializada, diagnosticou-se que tinhas cataratas congénitas e, para além da úlcera, que começou lentamente a melhorar, um sequestro de córnea, para o qual a única solução era a operação. Foram semanas a caminhar para os veterinários contigo e com os teus seis quilos, muitas gotas várias vezes por dia, muito tempo de colar isabelino, depois uma constipação… Por todos os veterinários, estagiários e até alunos de uma faculdade que te viram nesse período foste imensamente elogiado. Toda a gente gostava de ti. De facto, tinhas o temperamento mais benigno e calmo que se possa imaginar, e só causavas dificuldades por quereres estar sempre ao meu colo.
Por fim, melhorada a questão da úlcera, pude tirar-te o funil e, como estavas constipado, passaste a estar a maior parte do tempo no meu quarto e… a dormir comigo. A posteriori, ainda bem que o fiz, pois foste o mais feliz possível no que eu não sabia (nem tinha qualquer razão para suspeitar) mas iam ser os últimos tempos da tua vida. Surpreendentemente, portaste-te muito bem, ficavas muito sossegadinho, adormecias e deixavas-me adormecer sem grandes revoluções. Mas uma coisa permaneceu igual: se eu me virava, tu mudavas também de lado, para ficares sempre com o focinhito virado para mim, e com a cabecinha deitada na minha almofada. É essencialmente esta a imagem que guardo de ti, com os olhinhos fechados, a cinco centímetros da minha cara, muito sereno, e é essa de que imediatamente sinto falta, todos os dias quando acordo.
Ponderadas as opções do médico que haveria de te operar, escolheu-se o que dava melhores referências, foste à sua consulta, verificou-se a necessidade de transplante da córnea, pois o sequestro era muito extenso, e a cirurgia foi marcada para o dia 13 de Dezembro. Eu estava optimista: era uma operação que não envolvia risco de vida, já todos os meus animais tinham passado por cirurgias e nunca tinha havido problema nenhum. Nem me passou pela cabeça o que veio a acontecer e despedi-me de ti apenas com uma festinha e um beijinho apressado.
O médico ligou-me ao fim de duas horas de cirurgia: tinha corrido muito bem, tinhas feito um transplante de 9 mm de córnea e já estavas a acordar. Fiquei muito contente e desatei a ligar para as pessoas que me tinham pedido notícias da cirurgia.
Passados 15 minutos, o chão fugiu-me debaixo dos pés. Recebi, através de uma familiar, a notícia de que tinhas morrido, devido a edema da glote. Não vou descrever o que senti, mas acho que fiquei entre a negação e a insanidade. Tive de correr para o hospital para me despedir de ti, do teu corpo já sem vida, que fiquei a segurar durante muito temp
Partiste pouco mais de um mês depois da tua mãe, a Mimi. Não acredito que estejam algures juntos (e melhor ainda seria se um dia pudéssemos reencontrar-nos), mas desejo muito estar enganada. Tinhas 4 anos, ias fazer 5 neste mês de Janeiro que ora finda.
A tua recordação ficará para sempre, e dolorosamente, no meu coração e na minha memória, e aqui quis deixar-te estas linhas, que ainda não tinha tido a coragem de escrever, em jeito de homenagem, neste sítio em que estou entre quem me compreende nos sentimentos que nutrimos pelos animais.
Para quem não conhecia o Saminha, fica aqui o link do seu petsite: http://arcadenoe.sapo.pt/petsite/osama_saminha_/44647
Ainda não sou capaz de ir ver as fotografias dele para colocar aqui uma.
Em pequenino eras uma bolinha adorável, com um pêlo clarinho, que depois foi escurecendo. Sempre pachorrento e vagaroso, excepto quando eu entrava no quarto onde vocês estavam: aí, mandavas uma corrida, trepavas-me pelas calças acima, arranhavas-me as pernas com as tuas unhinhas aguçadas como silvas… e destes ataques terroristas nasceu o teu nome: Osama. Foi o nome mais desadequado que alguma vez pus a um gato.
Quando vos juntei aos gatos que já cá residiam, passaste horas esquecidas, dias, a dormir ao meu colo, dentro da minha roupa, enquanto eu trabalhava ao computador. E, se tinha de me levantar para ir fazer alguma coisa rápida, segurava-te com uma mão por debaixo da barriga como fazem as grávidas.
De todos os meus gatos, e tenho muitos bastante meigos, tu eras o mais chegado a mim. O que as pessoas diziam é que era uma verdadeira paixão. Por tua vontade, estarias sempre ao meu colo, agarrado ao meu pescoço, com uma patinha de cada lado, um verdadeiro coala. Eras também dos poucos que não tinham autorização para dormir comigo, por uma única razão: não me deixavas dormir. Antes de adormeceres, era meia hora a passar por cima da minha cabeça, a mordiscar-me o queixo, o nariz, o cabelo, a entrar e a sair da cama, doido de alegria e de mimo… Se eu me virava, acordavas e recomeçava tudo, e quando finalmente adormecias outra vez era sempre virado para mim, muito encostadinho.
Foste sempre saudável mas, em meados de Outubro, levei-te ao veterinário porque não paravas de chorar de um olhinho. Tinhas uma úlcera na córnea e, após consulta especializada, diagnosticou-se que tinhas cataratas congénitas e, para além da úlcera, que começou lentamente a melhorar, um sequestro de córnea, para o qual a única solução era a operação. Foram semanas a caminhar para os veterinários contigo e com os teus seis quilos, muitas gotas várias vezes por dia, muito tempo de colar isabelino, depois uma constipação… Por todos os veterinários, estagiários e até alunos de uma faculdade que te viram nesse período foste imensamente elogiado. Toda a gente gostava de ti. De facto, tinhas o temperamento mais benigno e calmo que se possa imaginar, e só causavas dificuldades por quereres estar sempre ao meu colo.
Por fim, melhorada a questão da úlcera, pude tirar-te o funil e, como estavas constipado, passaste a estar a maior parte do tempo no meu quarto e… a dormir comigo. A posteriori, ainda bem que o fiz, pois foste o mais feliz possível no que eu não sabia (nem tinha qualquer razão para suspeitar) mas iam ser os últimos tempos da tua vida. Surpreendentemente, portaste-te muito bem, ficavas muito sossegadinho, adormecias e deixavas-me adormecer sem grandes revoluções. Mas uma coisa permaneceu igual: se eu me virava, tu mudavas também de lado, para ficares sempre com o focinhito virado para mim, e com a cabecinha deitada na minha almofada. É essencialmente esta a imagem que guardo de ti, com os olhinhos fechados, a cinco centímetros da minha cara, muito sereno, e é essa de que imediatamente sinto falta, todos os dias quando acordo.
Ponderadas as opções do médico que haveria de te operar, escolheu-se o que dava melhores referências, foste à sua consulta, verificou-se a necessidade de transplante da córnea, pois o sequestro era muito extenso, e a cirurgia foi marcada para o dia 13 de Dezembro. Eu estava optimista: era uma operação que não envolvia risco de vida, já todos os meus animais tinham passado por cirurgias e nunca tinha havido problema nenhum. Nem me passou pela cabeça o que veio a acontecer e despedi-me de ti apenas com uma festinha e um beijinho apressado.
O médico ligou-me ao fim de duas horas de cirurgia: tinha corrido muito bem, tinhas feito um transplante de 9 mm de córnea e já estavas a acordar. Fiquei muito contente e desatei a ligar para as pessoas que me tinham pedido notícias da cirurgia.
Passados 15 minutos, o chão fugiu-me debaixo dos pés. Recebi, através de uma familiar, a notícia de que tinhas morrido, devido a edema da glote. Não vou descrever o que senti, mas acho que fiquei entre a negação e a insanidade. Tive de correr para o hospital para me despedir de ti, do teu corpo já sem vida, que fiquei a segurar durante muito temp
Partiste pouco mais de um mês depois da tua mãe, a Mimi. Não acredito que estejam algures juntos (e melhor ainda seria se um dia pudéssemos reencontrar-nos), mas desejo muito estar enganada. Tinhas 4 anos, ias fazer 5 neste mês de Janeiro que ora finda.
A tua recordação ficará para sempre, e dolorosamente, no meu coração e na minha memória, e aqui quis deixar-te estas linhas, que ainda não tinha tido a coragem de escrever, em jeito de homenagem, neste sítio em que estou entre quem me compreende nos sentimentos que nutrimos pelos animais.
Para quem não conhecia o Saminha, fica aqui o link do seu petsite: http://arcadenoe.sapo.pt/petsite/osama_saminha_/44647
Ainda não sou capaz de ir ver as fotografias dele para colocar aqui uma.
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
Lamento muito tassebem.
Também perdi o meu gato e sabe Deus que não consigo falar nada sobre isso. Ainda bem que é capaz de o fazer.
Fica bem Saminha.
Também perdi o meu gato e sabe Deus que não consigo falar nada sobre isso. Ainda bem que é capaz de o fazer.
Fica bem Saminha.
<p> Até Sempre... A questão não é, eles pensam? Ou, eles falam? A questão é, eles sofrem! </p>
<p>Tourada não é tradição, é crueldade- Assine aqui, divulgue e ajude a acabar com esta violência</p>
<p>Tourada não é tradição, é crueldade- Assine aqui, divulgue e ajude a acabar com esta violência</p>
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Só fui hoje e aqui, LuMaria. Era algo que queria fazer, mas ainda não tinha sido capaz, e já lá vai mês e meio. Mas não consigo fazê-lo em conversa com ninguém, seja presencial seja pelo telefone.
Sinto muito também pela sua perda, LuMaria. Só mesmo quem passa por isto é que sabe.
Sinto muito também pela sua perda, LuMaria. Só mesmo quem passa por isto é que sabe.
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
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- Registado: quarta mar 29, 2006 8:19 pm
- Localização: Micas Maria, Tobias Manuel, Lolita, *Ratatui* *Tucha Maria*







<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The little creature said, “Dear Lord,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">There’s not one name left for me.”</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The Father smiled and softly said,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">“I’ve left you ’til the end.</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">I’ve turned my own name back to front,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">And called you Dog, my friend!”</p>
<p> </p>
<p><a href="http://chamaram-mesafira.blogspot.com/" ... om/</a></p>
<p><a href="http://www.patavermelha.com/">http://ww ... /</a>
</p>
<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">There’s not one name left for me.”</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The Father smiled and softly said,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">“I’ve left you ’til the end.</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">I’ve turned my own name back to front,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">And called you Dog, my friend!”</p>
<p> </p>
<p><a href="http://chamaram-mesafira.blogspot.com/" ... om/</a></p>
<p><a href="http://www.patavermelha.com/">http://ww ... /</a>
</p>
<p> </p>
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- Membro Veterano
- Mensagens: 1878
- Registado: quarta fev 24, 2010 11:59 pm
ME lamento muito! 

<p class="fr">"In the end, I will not remember the words of my enemies, but the silence of my friends."</p>
<p class="fr">Martin Luther Ling, Jr.</p>
<p class="fr">Martin Luther Ling, Jr.</p>
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- Membro Veterano
- Mensagens: 3988
- Registado: sábado jan 03, 2009 11:12 am
- Localização: Chamarrita, Kyikoo & outros nobres felinos, cadelas e o ouriço Eugénio.
Que dor, Eugénia.
Tantas perdas, e cada uma mais dolorosa do que outra...
Lamento tanto, tanto...
Um beijinho muito grande, um abraço... tudo.

Lamento tanto, tanto...

Um beijinho muito grande, um abraço... tudo.
Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!
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- Membro Veterano
- Mensagens: 12907
- Registado: terça jul 01, 2008 4:01 pm
- Localização: Tassebem, Mantorras, Flea, Mimas, Naná, Sprite, Andrea, Butterfly, Cristas, Tugui, Juca
Muito obrigada a todos, LuMaria, jcpolx, pathelen, tonilda, Sofia, Anja, Ritinha, omegaa, Vandocas, Chamarrita, yonisia… por partilharem comigo a lembrança do meu Saminha. Assim ela não está viva só para mim.
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke