São as traduções directas do inglês, que, não sei porquê, andam a entrar na nossa lingua.Tassebem Escreveu:Outra barbaridade (e barbarismo) que se ouve cada vez mais ultimamente é a expressão «ao fim do dia», tradução directa do inglês «at the end of the day», no sentido de «afinal de contas», «tudo considerado», etc.
Tal como tenho ouvido falar bastante em «demonstrações» para significar «manifestações»...
Torre dos Tombos
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Ao fim de um dia ainda acho normal, mas muito mais tempo que isso...LuluB Escreveu:"Ao fim do dia" só tem lógica e deve ser usado se se referir ao estádio temporal do dia, claro!
Se andou com ela/ele durante um dia inteiro e só à noite, ao fim da tarde, ao cair da noite, etc., é que se apercebeu de ela era um homem, alguma coisa está também errada com o autor da frase.

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
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É a omnipresença do inglês e o seu invasivo efeito de contaminação. Mas é só se nós deixarmos...Bingley Escreveu:São as traduções directas do inglês, que, não sei porquê, andam a entrar na nossa lingua.Tassebem Escreveu:Outra barbaridade (e barbarismo) que se ouve cada vez mais ultimamente é a expressão «ao fim do dia», tradução directa do inglês «at the end of the day», no sentido de «afinal de contas», «tudo considerado», etc.
Tal como tenho ouvido falar bastante em «demonstrações» para significar «manifestações»...

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
Tassebem Escreveu:Precisamente. Não podemos dizerGallaecia Escreveu:demonstrações....
demonstrações de desagrado, demonstrações de revolta, demonstrações de desconforto, demonstrações de....
não me parece errado.
manifestações populares.... demonstrações populares; já não funciona ( embora se apanhe o teor )!!
penso que era a este ultimo cenário que a Tasse se estava a referir.
«a demonstração de hoje no Cairo reuniu 1 milhão de pessoas»
nem
«os demonstrantes exigiram a demissão de Mubarak»
nem
«os egípcios têm-se demonstrado todos os dias nas ruas».
eeeeexactamente!

a alma dos tradutores está sempre em sintonia!!!

<p><strong>Remember this - very little is needed to make a happy life...</strong></p>
<p><strong>You have power over your mind - not outside events. Realize this... and you will find strength.</strong>
</p>
<p><strong>Marcus Aurelius</strong></p>
<p><strong>You have power over your mind - not outside events. Realize this... and you will find strength.</strong>
</p>
<p><strong>Marcus Aurelius</strong></p>
mea culpa .... mea maxima culpa!
eu sou viciada em expressoes estrangeiras... mas não traduzo... introduzo
meto-as no meio das frases a frio... porque há coisas que os ingleses expressam duma maneira tão simples mas tão coerente que é quase pecado não usar.
é defeito... é feitio??? gosto de pensar que é feitio.... não sei.
comigo é meio bizarro. em portugues tenho um discurso normal, corrente, sem grandes rasgos de inspiração.
mas em ingles consigo ir mais além... é como se fosse a minha lingua nativa...e é muito mais confortável para mim, também não percebo bem porquê.
por isso vou aceitando a "democratização" do uso de muitas expressoes e palavras... o que não perdoa as más adaptações e principalmente a falta de enquadramento das mesmas... que é precisamente aquilo que estavamos a abordar.
At the end of the day... ao final do dia... ao fim e ao cabo...
ok vamos pegar nela, se for traduzida por "no final do dia" acho que dá para tolerar.
"Nós passamos a vida a discutir, mas no final do dia vê-se que fomos feitos um para o outro."
tá quase lá... mas eu optaria sempre por encaixar a expressão original.
A interpenetração linguistica pode ser rica e interessante, se não houver a pretensão de aparentar um qualquer status ou nivel de conhecimentos.... aí fica só ridicula!
se for natural.... e nota-se quando não é... fica interessante!
Just my ten cents!!!

eu sou viciada em expressoes estrangeiras... mas não traduzo... introduzo

meto-as no meio das frases a frio... porque há coisas que os ingleses expressam duma maneira tão simples mas tão coerente que é quase pecado não usar.
é defeito... é feitio??? gosto de pensar que é feitio.... não sei.
comigo é meio bizarro. em portugues tenho um discurso normal, corrente, sem grandes rasgos de inspiração.
mas em ingles consigo ir mais além... é como se fosse a minha lingua nativa...e é muito mais confortável para mim, também não percebo bem porquê.
por isso vou aceitando a "democratização" do uso de muitas expressoes e palavras... o que não perdoa as más adaptações e principalmente a falta de enquadramento das mesmas... que é precisamente aquilo que estavamos a abordar.
At the end of the day... ao final do dia... ao fim e ao cabo...

ok vamos pegar nela, se for traduzida por "no final do dia" acho que dá para tolerar.
"Nós passamos a vida a discutir, mas no final do dia vê-se que fomos feitos um para o outro."
tá quase lá... mas eu optaria sempre por encaixar a expressão original.
A interpenetração linguistica pode ser rica e interessante, se não houver a pretensão de aparentar um qualquer status ou nivel de conhecimentos.... aí fica só ridicula!
se for natural.... e nota-se quando não é... fica interessante!
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<p><strong>Marcus Aurelius</strong></p>
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<p><strong>Marcus Aurelius</strong></p>
Numa frase dessas, eu nunca encaixaria a expressão na língua original. Mas esta opção não quer dizer que em certos textos, com certas características, não fiquem até melhor as expressões por traduzir.Gallaecia Escreveu:...At the end of the day... ao final do dia... ao fim e ao cabo...
ok vamos pegar nela, se for traduzida por "no final do dia" acho que dá para tolerar.
"Nós passamos a vida a discutir, mas no final do dia vê-se que fomos feitos um para o outro."
tá quase lá... mas eu optaria sempre por encaixar a expressão original.
...
E é essa flexibilidade o que dá a medida da capacidade e competência do tradutor, que não se pode limitar a passar palavras para português (no nosso caso). E é também aí que se vê que traduzir não é trabalho para qualquer um, embora hoje qualquer um o faça e se intitule tradutor.
Há anos, em conversa precisamente sobre isto com um ilustre editor, hoje retirado das lides, ele citou-me como exemplo o de uma tradução de uma ilustre escritora da nossa praça, ao que parece senhora de excelente domínio da língua inglesa, que fez para ele uma tradução cheia de erros clamorosos. E o que me ficou na memória foi que a personagem principal do livro, a certa altura, sentido-se desmoralizada e triste, se sentou na cama e se enrolou na "carpete".
Outro dos (maus) vícios de tradução muito comum nos tempos em que ainda se traduziam romances escritos em francês, era a tradução literal de frases idiomáticas, que davam coisas como "ela dava os cem passos enquanto assim falava...", ou "ele sentou-se na posição do alfaiate".
A interpenetração das linguas estrangeiras não é nenhum mal e, na minha opinião (que vale o que vale, ou seja, tanto como qualquer outra), serve para enriquecer e fazer evoluir a língua. Se assim não fosse, ainda hoje estaríamos a falar o latim vulgar, tendo salvo esta língua hoje morta. O que me custa ("calo" de tradutora?) é ver a vulgaridade das introduções feitas por não se saber falar e escrever português perfeitamente.
<p>Olá, eu sou a Bronkas de outros fóruns e aqui já fui a LucNun.
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<p><strong>Cada vez me convenço mais que há pessoas que têm o intestino ligado à testa.</strong> - "By" alguém que tem ambas as coisas no seu devido lugar.
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<p><strong>Cada vez me convenço mais que há pessoas que têm o intestino ligado à testa.</strong> - "By" alguém que tem ambas as coisas no seu devido lugar.

perfeitamente de acordo... com o ultimo paragrafo em particular.
de facto não basta dominar ( ainda que com excelencia ) a lingua de partida e a de chegada... é preciso um toquezinho de inspiração... também por isso a tradução e respectivos tradutores se foram especializando por areas.
quer dizer... eu posso ser brilhante a traduzir sentenças judiciais e uma nulidade em poesia, por exemplo.
ou ser um ás em arquitectura e uma desalmada em medicina!
ou então... não dar uma p'rá caixa em coisa alguma... como infelizmente também se vê e se lê amiude.
não é frequente, mas há traduções que superam os originais e quando isso sucede.... então é arte!
de facto não basta dominar ( ainda que com excelencia ) a lingua de partida e a de chegada... é preciso um toquezinho de inspiração... também por isso a tradução e respectivos tradutores se foram especializando por areas.
quer dizer... eu posso ser brilhante a traduzir sentenças judiciais e uma nulidade em poesia, por exemplo.
ou ser um ás em arquitectura e uma desalmada em medicina!

ou então... não dar uma p'rá caixa em coisa alguma... como infelizmente também se vê e se lê amiude.
não é frequente, mas há traduções que superam os originais e quando isso sucede.... então é arte!

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<p><strong>Marcus Aurelius</strong></p>
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<p><strong>Marcus Aurelius</strong></p>
LuluB Escreveu:Numa frase dessas, eu nunca encaixaria a expressão na língua original. Mas esta opção não quer dizer que em certos textos, com certas características, não fiquem até melhor as expressões por traduzir.Gallaecia Escreveu:...At the end of the day... ao final do dia... ao fim e ao cabo...
ok vamos pegar nela, se for traduzida por "no final do dia" acho que dá para tolerar.
"Nós passamos a vida a discutir, mas no final do dia vê-se que fomos feitos um para o outro."
tá quase lá... mas eu optaria sempre por encaixar a expressão original.
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pronto... aguçou-me a curiosidade

tell me why!

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Inspiração e não só. É também preciso ter cultura, afinidade com o escritor (quando se trata de literatura), gosto pelo que se faz... e aquele toque indefinível que distingue o grande tradutor do tradutor tout court - como diria o Soares! 

<p>Olá, eu sou a Bronkas de outros fóruns e aqui já fui a LucNun.
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<p><strong>Cada vez me convenço mais que há pessoas que têm o intestino ligado à testa.</strong> - "By" alguém que tem ambas as coisas no seu devido lugar.

lulu... meti agua a explicar-me.
eu optaria sempre por encaixar a expressão original se fosse eu a falar.
numa tradução usaria algo como no final de contas ou ao fim e ao cabo. algo assim.. bem vistas as coisas também funcionaria...
quando sou eu a falar... aí sim uso a expressão nua e crua.
eu optaria sempre por encaixar a expressão original se fosse eu a falar.
numa tradução usaria algo como no final de contas ou ao fim e ao cabo. algo assim.. bem vistas as coisas também funcionaria...
quando sou eu a falar... aí sim uso a expressão nua e crua.
<p><strong>Remember this - very little is needed to make a happy life...</strong></p>
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<p><strong>Marcus Aurelius</strong></p>
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Não tinha visto o seu post anterior, por isso não cheguei a responder, desculpe!Gallaecia Escreveu:lulu... meti agua a explicar-me.
eu optaria sempre por encaixar a expressão original se fosse eu a falar.
numa tradução usaria algo como no final de contas ou ao fim e ao cabo. algo assim.. bem vistas as coisas também funcionaria...
quando sou eu a falar... aí sim uso a expressão nua e crua.


Pronto, tudo certo. Só que eu também nunca usaria "no final de contas", mas sim "afinal de contas". Coisas do estilo de cada um, nada mais.
<p>Olá, eu sou a Bronkas de outros fóruns e aqui já fui a LucNun.
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<p><strong>Cada vez me convenço mais que há pessoas que têm o intestino ligado à testa.</strong> - "By" alguém que tem ambas as coisas no seu devido lugar.

ficaria perfeito 
afinal de contas... claro que sim.
adorei o serão... nighty night

afinal de contas... claro que sim.
adorei o serão... nighty night

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Importação de conceitos para os quais não existe uma boa tradução na nossa língua? Com certeza! Será o caso do malfadado «stress»... ou talvez não.
Agora, chegarmos a dizer que os egípcios se demonstram nas ruas, quando temos a palavra «manifestam», ou dizer que, «ao final do dia, não vale a pena trabalhar», quando temos múltiplas expressões para transmitir essa ideia... Até porque, pelo menos para já, os falantes que não conhecem o inglês não percebem o que se quer dizer ou são induzidos em erro...
Eu percebo que, a quem trabalha fazendo a ponte entre duas (ou mais línguas), muitas vezes lhe ocorra mais rapidamente a expressão na língua que não é a sua língua-mãe. A mim acontece-me muitas vezes. Mas tento combater isso, sobretudo na expressão escrita. É que cada um de nós tem alguma (muita) responsabilidade...

Agora, chegarmos a dizer que os egípcios se demonstram nas ruas, quando temos a palavra «manifestam», ou dizer que, «ao final do dia, não vale a pena trabalhar», quando temos múltiplas expressões para transmitir essa ideia... Até porque, pelo menos para já, os falantes que não conhecem o inglês não percebem o que se quer dizer ou são induzidos em erro...
Eu percebo que, a quem trabalha fazendo a ponte entre duas (ou mais línguas), muitas vezes lhe ocorra mais rapidamente a expressão na língua que não é a sua língua-mãe. A mim acontece-me muitas vezes. Mas tento combater isso, sobretudo na expressão escrita. É que cada um de nós tem alguma (muita) responsabilidade...
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
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«Sozinhos», unha...
Uma excelente noite também para si.

Uma excelente noite também para si.

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke