Cultura Japonesa
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Nas palavras de Yamamoto Tsunetomo, “em Hagakure:
“Sem dúvida não há mais nada do que o propósito do momento presente.
A vida inteira de um homem é feita de uma sucessão de momento após momento:
se a pessoa entende completamente o momento presente,
não haverá mais nada a fazer, e mais nada para se alcançar."...
É uma oferta que o Governo de Tóquio vai ter dificuldade em aceitar - e talvez também em recusar. Pensionistas japoneses, na sua maioria engenheiros, oferecem-se para trabalhar na central nuclear de Fukushima. Propõem-se substituir os trabalhadores mais jovens que lá se encontram.
"A nossa idade dá-nos 13, 15 anos de esperança de vida, em média", explica Yasuteru Yamada, o pensionista que lançou a ideia. "O cancro demora 20, 30 anos ou mais anos a desenvolver-se". Uma questão de lógica, portanto. Aos idosos a radiação faz menos mal, porque tem menos tempo para o fazer. E tempo é justamente o que falta ao Japão e ao mundo neste assunto.
Três meses após o terramoto e tsunami que devastaram parte do Japão e levaram ao fecho de sistemas de arrefecimento em Fukushima, as emissões de radiação continuam. Não vão parar enquanto não se conseguir arrefecer os reatores e os tanques onde fica depositado o combustível gasto.
Governo não quer "um corpo de suicidas"
"O progresso será limitado enquanto os trabalhadores tiverem de mudar a cada poucos minutos, e não se pode esperar uma resposta coordenada mesmo usando robôs" diz Yamada. Donde, a sua proposta. "Chegámo-nos à frente porque acumulamos tecnologia e experiência e porque os efeitos da radiação sobre nós serão reduzidos devido à idade que temos".
Desde o seu apelo inicial em abril, umas duzentas pessoas responderam. As condições são ter mais de 60 anos, força de vontade para trabalhar num ambiente como aquele, e força física. Além de engenheiros, há técnicos diversos (operadores de grua, um especialista em canos, designers...), bem como dois cozinheiros e um cantor. Todos serão úteis, segundo Yamada. Mesmo o cantor: "Vamos precisar de entretenimento".
Quem ainda não aderiu foi o Governo. "Para já não existe uma necessidade imediata", garante um assessor do primeiro-ministro. Ressalvando que a ideia foi apreciada, diz que a regra por agora é "estabelecer processos que não requeiram um corpo de suicidas". Sugestão rejeitada por Yamada, para quem o Corpo de Voluntários Qualificados - nome que deu ao seu grupo - nada tem a ver com suicídio.
Kamikazes "iam para morrer, nós vamos regressar"
Quando um entrevistador lhe perguntou se eram uma espécie de kamikazes, ele respondeu com uma nota de espanto na sua voz suave: "Os kamikazes faziam algo de muito estranho. Não havia ali nenhuma espécie de gestão do risco. Iam para morrer. Nós vamos regressar. Temos de trabalhar, mas não de morrer".
Ainda não se conhece a reação à oferta por parte dos mais de mil trabalhadores que atualmente laboram na central. A perspetiva é encerrar os reatores daqui a uns oito meses. Como tem havido protestos em relação às condições de trabalho, pode acontecer que o Governo e a TEPCO, empresa responsável pela central, fiquem mais recetivos ao intenso lobbying que Yamada leva a cabo. Ele explica que precisa de ser discreto, mas tem falado com muita gente em posições de responsabilidade.
Há quatro anos, ele próprio descobriu um cancro que tem vindo a tratar. Neste momento está saudável, mas o risco permanece. No entanto, acha que é mais importante aproveitar a experiência profissional que teve. Yamada trabalhou durante anos na indústria metalúrgica, especializando-se em disposição de lixos e construção de instalações fabris.
“Sem dúvida não há mais nada do que o propósito do momento presente.
A vida inteira de um homem é feita de uma sucessão de momento após momento:
se a pessoa entende completamente o momento presente,
não haverá mais nada a fazer, e mais nada para se alcançar."...
É uma oferta que o Governo de Tóquio vai ter dificuldade em aceitar - e talvez também em recusar. Pensionistas japoneses, na sua maioria engenheiros, oferecem-se para trabalhar na central nuclear de Fukushima. Propõem-se substituir os trabalhadores mais jovens que lá se encontram.
"A nossa idade dá-nos 13, 15 anos de esperança de vida, em média", explica Yasuteru Yamada, o pensionista que lançou a ideia. "O cancro demora 20, 30 anos ou mais anos a desenvolver-se". Uma questão de lógica, portanto. Aos idosos a radiação faz menos mal, porque tem menos tempo para o fazer. E tempo é justamente o que falta ao Japão e ao mundo neste assunto.
Três meses após o terramoto e tsunami que devastaram parte do Japão e levaram ao fecho de sistemas de arrefecimento em Fukushima, as emissões de radiação continuam. Não vão parar enquanto não se conseguir arrefecer os reatores e os tanques onde fica depositado o combustível gasto.
Governo não quer "um corpo de suicidas"
"O progresso será limitado enquanto os trabalhadores tiverem de mudar a cada poucos minutos, e não se pode esperar uma resposta coordenada mesmo usando robôs" diz Yamada. Donde, a sua proposta. "Chegámo-nos à frente porque acumulamos tecnologia e experiência e porque os efeitos da radiação sobre nós serão reduzidos devido à idade que temos".
Desde o seu apelo inicial em abril, umas duzentas pessoas responderam. As condições são ter mais de 60 anos, força de vontade para trabalhar num ambiente como aquele, e força física. Além de engenheiros, há técnicos diversos (operadores de grua, um especialista em canos, designers...), bem como dois cozinheiros e um cantor. Todos serão úteis, segundo Yamada. Mesmo o cantor: "Vamos precisar de entretenimento".
Quem ainda não aderiu foi o Governo. "Para já não existe uma necessidade imediata", garante um assessor do primeiro-ministro. Ressalvando que a ideia foi apreciada, diz que a regra por agora é "estabelecer processos que não requeiram um corpo de suicidas". Sugestão rejeitada por Yamada, para quem o Corpo de Voluntários Qualificados - nome que deu ao seu grupo - nada tem a ver com suicídio.
Kamikazes "iam para morrer, nós vamos regressar"
Quando um entrevistador lhe perguntou se eram uma espécie de kamikazes, ele respondeu com uma nota de espanto na sua voz suave: "Os kamikazes faziam algo de muito estranho. Não havia ali nenhuma espécie de gestão do risco. Iam para morrer. Nós vamos regressar. Temos de trabalhar, mas não de morrer".
Ainda não se conhece a reação à oferta por parte dos mais de mil trabalhadores que atualmente laboram na central. A perspetiva é encerrar os reatores daqui a uns oito meses. Como tem havido protestos em relação às condições de trabalho, pode acontecer que o Governo e a TEPCO, empresa responsável pela central, fiquem mais recetivos ao intenso lobbying que Yamada leva a cabo. Ele explica que precisa de ser discreto, mas tem falado com muita gente em posições de responsabilidade.
Há quatro anos, ele próprio descobriu um cancro que tem vindo a tratar. Neste momento está saudável, mas o risco permanece. No entanto, acha que é mais importante aproveitar a experiência profissional que teve. Yamada trabalhou durante anos na indústria metalúrgica, especializando-se em disposição de lixos e construção de instalações fabris.
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É por estas e por outras que sou fascinada pela mentalidade, pela cultura, etc., do povo japonês. Tenho pena de não ter dispobinilidades de vária ordem para conhecê-las melhor e para visitar o país.
Nesta atitude vê-se bem o conceito nipónico do bem público acima de tudo, em contraste com o nosso exacerbado individualismo ocidental. A atitude parece-me abnegada, mas também prática e objectiva. E os argumentos de Yamada parecem-me imbatíveis.
Nesta atitude vê-se bem o conceito nipónico do bem público acima de tudo, em contraste com o nosso exacerbado individualismo ocidental. A atitude parece-me abnegada, mas também prática e objectiva. E os argumentos de Yamada parecem-me imbatíveis.
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
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Fantásticos, os japoneses. Um povo que sempre admirei e que continua a merecer a minha mais profunda e sentida vénia.
Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!
Tassebem Escreveu:É por estas e por outras que sou fascinada pela mentalidade, pela cultura, etc., do povo japonês. Tenho pena de não ter dispobinilidades de vária ordem para conhecê-las melhor e para visitar o país.
Nesta atitude vê-se bem o conceito nipónico do bem público acima de tudo, em contraste com o nosso exacerbado individualismo ocidental. A atitude parece-me abnegada, mas também prática e objectiva. E os argumentos de Yamada parecem-me imbatíveis.
Sem dúvida.
tive a sorte de visitar o Japão antes do terramoto, e no pouco tempo que lá estive fiquei boquiaberta com aquela cultura, eles são simplesmente fantásticos em muita coisa.
Os nosso clientes Japoneses que cá estiveram em Portugal ficaram em muito admirados com a nossa comida.... pois quase que morriam enfartados coitados!! Mas são um povo altruísta, dinâmico, afável!
temos mto que aprender com eles.
Os nosso clientes Japoneses que cá estiveram em Portugal ficaram em muito admirados com a nossa comida.... pois quase que morriam enfartados coitados!! Mas são um povo altruísta, dinâmico, afável!
temos mto que aprender com eles.
wow simplesmente wow, se fosse cá era um "pernas para que te quero" .
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Admirável, o sangue frio, a clareza de espírito, deste corpo de voluntários "sénior".
Infelizmente não conheço a cultura japonesa como desejaria.
Aparte duas grandes paixões! Claro, o sushi <3
E os filmes do grande mestre do cinema de animação japones (e mundia) Hayao Miyazaki.
De resto, algum cinema, alguma noção do Japão de outros tempos, pelas palavras da minha escritora favorita, Pearl S.Buck, mas pouco mais
Infelizmente não conheço a cultura japonesa como desejaria.
Aparte duas grandes paixões! Claro, o sushi <3
E os filmes do grande mestre do cinema de animação japones (e mundia) Hayao Miyazaki.
De resto, algum cinema, alguma noção do Japão de outros tempos, pelas palavras da minha escritora favorita, Pearl S.Buck, mas pouco mais

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È uma parte boa da cultura japonesa...mas quem conhece bem o japão conhece o lado menos brilhante
Nisi pythonissam Arca
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Claro, todas as culturas têm um pólo positivo e um negativo.
Por exemplo... construir uma central nuclear num local onde é bem sabido serem frequentes as catástrofes naturais... foi arriscar demais, não?
Não admiro essa escolha por parte do governo... mas não deixo de admirar a atitude do seu povo face à tragédia.
Por exemplo... construir uma central nuclear num local onde é bem sabido serem frequentes as catástrofes naturais... foi arriscar demais, não?
Não admiro essa escolha por parte do governo... mas não deixo de admirar a atitude do seu povo face à tragédia.
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- Registado: sábado jan 03, 2009 11:12 am
- Localização: Chamarrita, Kyikoo & outros nobres felinos, cadelas e o ouriço Eugénio.
lendo Mishima, fica-se com uma boa ideia do Japão. 

Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!
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- Registado: segunda abr 13, 2009 2:14 am
Obrigada pela dica, fica pra depois do Admirável Novo Mundo que me tinhas recomendado há uns tempos e estou a ler agora!Chamarrita Escreveu:lendo Mishima, fica-se com uma boa ideia do Japão.
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- Registado: quinta mai 10, 2007 11:04 am
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Adoro a cultura Japonesa, é sem dúvida um povo admirável.
Nunca tive o prazer de visitar este país, mas adoro e tenho conhecimentos gerais sobre a língua e cultura.
Tudo começou com o vício em grande na animação japonesa.... (ex:Dragon Ball
)... depois com o tempo e idade fui aprendendo mais e mais sobre esta maravilhosa cultura.
Hayao Miyazaki<3.
Nunca tive o prazer de visitar este país, mas adoro e tenho conhecimentos gerais sobre a língua e cultura.
Tudo começou com o vício em grande na animação japonesa.... (ex:Dragon Ball

Hayao Miyazaki<3.
There are no dangerous dogs until man "makes" them so.