CarlotaM Escreveu:Obrigada pelas vossas respostas.
Gosto imenso de animais, especialmente de cães, e já sinto a falta de os ter lá em casa. Esperámos pelo momento melhor (reunidas as condições) para podermos receber um animal em casa. Neste momento, como disse no meu primeiro post, podemos preencher a lacuna que falta – ter o animal de estimação – em condições para todos, nossas e do cão.
Em nossa casa (dos meus pais) os cães sempre foram tratados com respeito e apreciados pelo que são : cães. Sabemos desde sempre que precisam, realmente, de um tecto, de comida e de carinho.
Tive um labrador em criança, embora tivesse ido para nossa casa já adulto, e sempre se deu muito bem connosco e com a vida que levava (mesmo estando parte do dia a “cirandar” sozinho pelo quintal).
Tive também uma cadela fox terrier, meiguíssima, chamada Shayka.
Sou, em teoria, contra a humanização dos animais de estimação, penso que não é adequado nem sequer digno para o cão ser tratado como pessoa (!), mas claro que sei que os cães são animais de matilha e logo, preferem, estar com a matilha /acompanhados (não gostamos todos?!). Em casa a família é a matilha, o que, não significa necessariamente que ele não tenha capacidade para se “entreter” e ocupar quando não está com a sua família. Todos têm os seus afazeres.
Vou evitar cair no que eu considero um erro – o de tratar o cão como se fosse uma pessoa, - porque acho que não é isso que ele espera de mim. Será tratado como o cão que é e com o respeito que merece (como qualquer criatura de Deus). Vou na linha do que diz o kriativo, o nosso cão terá tudo o que necessita para ser feliz, como cão, inclusivamente o seu próprio espaço e tempo a sós, e não me sinto na necessidade de o “recompensar” pelo tempo que fica em casa entregue a si próprio e aos seus caprichos caninos; o tempo que fica em casa é o momento para ele fazer o que lhe apetece, as suas coisas de “cão” e quando estivermos em casa ficaremos todos juntos e podemos usufruir da companhia e da brincadeira uns com os outros.
Não vejo porque isto há-de parecer minimamente traumatizante para um cão. Na prática, então, se levássemos isto à letra quem poderia ter cão: reformados e restante população inactiva? Não me parece fazer sentido, neste prisma. Por outro lado, noutro prisma, também não me parecer que um cão bem amado e com espaço para se poder movimentar à vontade seja infeliz e sofra horrores por estar sozinho parte do dia, desde que "saiba o seu lugar".
Continuo, repito, a achar que esta questão é fruto duma antropomorfização e talvez, no limite, até uma tendência de marketing de serviços de “pet-sitting” (o que até não vejo com maus olhos – o pet-sitting é um serviço que sou capaz de vir a utilizar quando pontualmente necessário).
Sou contra o crating – isto sim, acho uma abominação. Tenho lido bastantes artigos sobre não deixar um cão sozinho e na mesma frase o crating como opção ideal quando o cão fica sozinho.
Então, se o cão sofre com a solidão, já não sofre com o crating? Leva-me a pensar que, mais uma vez, estamos a adequar a vivência do cão apenas ao que nos dá jeito. Se, como o sobaka diz, antigamente pensava-se que o cão precisava “apenas” de água, comida e de tecto e entretanto, se evoluímos na nossa humildade… agora achamos que ele precisa de um crate?! – ele pode ficar sozinho em casa mas sofre, então pomo-lo num crate, que é simplesmente para não poder estragar a casa e não para se sentir melhor quando está sozinho.
Percebem o que digo? Não me parece que a nossa mentalidade vá ainda de encontro às necessidades do cão, mas antes apenas ás nossas próprias necessidades (o cão não estragar a casa = crating) e "frustrações" (o cão coitadinho não pode ficar sozinho porque é praticamente "gente") e para isso, damos a volta à verdadeira questão : do que precisa o cão de facto.
Não concordam?
A CarlotaM pode achar humanização e de facto é, porque ter um descendente do lobo em casa e querer que ele viva com regras de uma sociedade humana é de facto um tipo de humanização com toda a certeza. Nós estamos a ter esta discussão porque há milhares de anos atrás decidimos utilizar as faculdades do lobo em nosso proveito e essa subespécie do lobo tem evoluido também, não tem estado parada no tempo, os cães são diferentes do lobo, num estudo até se concluiu que um cão tem maior capacidade para ler as nossas expressões faciais e gestuais que um primata.
Mesmo quando se fala de lobos sabemos que vivem em grupos, não são animais solitários, e os cães também não. Sempre tiveram problemas em estar sozinhos, dai viverem em canis, presos a correntes, em quintais sem nada para destruir, ou numa divisão vazia da casa.
Se a CarlotaM quer ter um labrador do imaginário colectivo, que fica pela casa à solta, que a espera pacientemente quando regressa do trabalho e que é um hino às boas maneiras caninas vai ter de fazer muito mais do que ser contra a ideia de humanizar os cães, vai ter de aceitar que ele tem de ser direccionado para actividades adequadas na sua ausência, de forma a se manter ocupado e estimulado, sob pena de ter um labrador que se entretem sozinho com coisas desadequadas que estão por todo o lado na sua casa, móveis, comandos da televisão, fios electricos, com ladridos lúdicos para passar o tempo, etc.
Nós trouxemo-los para nossas casas, para viver com as nossas regras, não chega dizer que agora têm de ser apenas cães, é esperado que sejam mais que isso.
(Só li a primeira página do tópico, peço desculpa mas não tive paciência para ler as 11 páginas)
Cpts e felicidades com o novo membro da familia!
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