No passado dia 2 de Junho, a minha gata Kika foi atropelada por um tractor agrícola sem reboque. A Kika estava com outros gatos ao pé de casa, em terreno privado, e eu estava em casa, doente, e preparava-me para me ir deitar um bocadinho, quando ouvi o tractor e, olhando pela janela do meu quarto, o vi a manobrar junto à garagem. Saí, para ver o que se passava (pois não é todos os dias que um tractor quase nos entra casa adentro e sem aviso), e os gatos, que tinham saído à rua apenas uns momentos antes, correram assustados, para dentro de casa... todos menos a Kika, que foi apanhada pelo tractor quando o homem manobrava e estava ali mesmo, no meio do caminhozito de terra que dá acesso à garagem, encolhidinha. Sem ferimentos aparentes, peguei nela; e miou de dor. Pousei-a e não se sustentava nas patas dianteiras. Chamei o homem, que veio, disse-lhe que me tinha atropelado a gata (que entretanto já tinha posto na transportadora para levar ao vet), pediu muita desculpa, que não a viu, que os gatos fogem... e voltou ao seu trabalho, enquanto eu "voei" até à clínica, com a gatinha a gritar.
Chegou em estado de choque e logo que possível, radiografada: apresentava um ligeiro edema pulmonar e ambos os braços partidos, do ombro ao cotovelo. O braço direito estava mesmo muito danificado, estilhaçou todo, e acabou por ter de ser amputado, na cirurgia realizada dia 5 de Junho; o outro braço ficou com um ferro de fixação. O edema pulmonar, felizmente, não provocou sequelas graves.
Na tarde do atropelamento, cheguei a casa a tempo de falar com o autor do atropelamento que afirmou, na frente dos meus senhorios, que ia fazer a participação ao seguro, e facultou-me quer o seu contacto, quer o do seu mediador. Telefonei a este último, que disse que o seguro não cobria, e que a gata não podia estar solta na via pública. Contrariei, que a gata estava em propriedade privada e, tratando-se de um bem móvel, perante a lei, tinha de estar coberta pelo seguro de responsabilidade civil. Foi-me então sugerido que apresentasse a reclamação à companhia de seguros, porque ele iria aconselhar o seu cliente a não participar.
E assim foi; esperei os 8 dias de lei, telefonei-lhe e ele não tinha particpado nem tinha intenção de participar. Expliquei-lhe que era preferível ser ele a fazer a participação, se me tivesse batido no carro ou destruido a mesa da esplanada que era igual. Que não, e que gatos havia muitos, e não se ia chatear por causa de um gato.
Voltei a abordá-lo uns dias depois, quando veio com a enfardadeira - desta vez a minha senhoria ligou-me a avisar que ele estava a chegar, para eu poder recolher os gatos, mas eu ainda não os tinha deixado sair - e simplesmente começou aos gritos, sobretudo quando eu lhe falei dos custos, que já ultrapassam os 1000 euros. Nem vou aqui repetir o que ele disse, porque não foi educado nem simpático, mas terminou com isto: "já lhe dei os meus dados, já lhe disse para ir reclamar, eu depois vou lá assinar, quer melhor???" Respondi-lhe simplesmente que sim, que queria melhor, e despedi-me educadamente. Voltei para casa, liguei para a companhia de seguros para saber o que era necessário, mas o nome do cliente não condizia com o nome do mediador, enfim... tentaram sacudir a água do capote.
A falar com o SEPNA, voltei a explicar tudo, terreno privado, gata vacinada, esterilizada e com coleira identificativa, tudo direitinho... recomendaram que apresentasse queixa na GNR: uma queixa crime por danos patrimoniais (art 212º do Código Penal), mas ia ser complicado e moroso, além de acarretar ainda mais custos e todas as chatices que traz o recurso ao tribunal.... Não tinham conhecimento de nenhum caso semelhante para me orientar e de seguros também nada sabiam.
Os meus senhorios também falaram com o senhor (contratado por eles) no sentido de o fazerem ver que era melhor participar, mas ele respondeu-lhes o mesmo que a mim: que não tinha tempo, não estava para se chatear e eu que apresentasse a reclamação, q ele assinava tudo.
E agora, o que é que eu faço?

A Kika agora está assim:



local onde a encontrei imóvel (assinalado com o banquinho)

E aqui é onde vivo: bem longe de estradas, a rua, de terra batida, termina na minha garagem...
(isto é o que vejo da janela da frente)

A "eira" onde os gatinhos costumam estar:

mas adoravam brincar e dormir entre as ervas altas dos terrenos ao pé... A Kika, meiguinha e confiante como é, não fugiu do barulho do tractor, como os outros... mas onde foi atropelada, eu já tinha cortado as ervas, e ela estava a tentar regressar a casa, mais um metro e estaria a salvo

Nunca me vi numa situação destas. Preciso mesmo da vossa ajuda.