Muito obrigada pelas v/palavras.
O Martolinhas e eu não temos palavras para vos agradecer todo o apoio, força e carinho que nos deram ao longo destes penosos meses. Acreditem que foram mesmo muito importantes.
O meu querido Martim já está a descansar. Acreditem que foi a decisão que mais me custou em toda a minha vida pois o Martolas era o meu menino mais doce, mais taralhouco mais patusco que alguma vez conheci.
Dou por mim a andar pela casa e a olhar para os sítios onde ele habitualmente estava e esboço um sorriso ao mesmo tempo que as lágrimas me correm pela cara abaixo.
O vet ligou agora e estivémos a falar. Perguntei-lhe porque razão não me tinham ligado pois não queria que o Martim tivesse passado por tanto e, como já nada havia a fazer, preferia ter abreviado o sofrimento dele.
Disse-me que o Martim esteve sempre muito calmo durante o dia, o que eu aliás confirmei quando lá cheguei pois ele estava calmíssimo e que o estado se começou a deterioriar-se mais abruptamente à tarde. Acredito que assim seja pois NUNCA me mentiu e não seria agora que o iria fazer.
Gostaria de ficar com a cinzas do Martim para quando eu também partisse ele ir comigo mas, apesar de me ter informado, ainda não tinha falado do assunto com o meu Marido, uma vez que, para ele o Martim ía sair disto tudo com uma patinha às costas.
Ontem, enquanto estávamos com ele, foi o meu próprio Marido que disse que queria ficar com as cinzas. Fiquei "atordoada" pois ele sempre foi uma pessoa tão racional mas ... ao mesmo tempo fiquei muito "feliz" por este gesto dele.
A cremação do Martim está marcada para o dia 29 e o vet perguntou se queríamos assistir. Infelizmente já nada posso fazer pelo meu "bébé" e, sinceramente não tenho coragem para passar por mais isto. O meu querido blue-eyes voltará para casa ... não da forma que gostaríamos mas irá estar sempre connosco.
Agora tenho de "arregaçar" as mangas e tentar levantar a cabeça. De cada vez que chorar tenho de pensar que o Martim ficava em pânico ao ver a sua mãmã assim.
A Maria também está assustada e ontem teve um gesto duma ternura e dum carinho como só um animal sabe ter. Deitou-se ao meu lado e não parava de me lamber as lágrimas. Chegou a altura de lhe dedicar toda a atenção que infelizmente não tem sido possível nestes últimos tempos. Ela sente-se perdida tal como nós.
Vou recordar para sempre o meu blue-eyes desengonçado que me acompanhava para todo lado. O blue-eyes que todos os dias de manhã se levantava ainda com os olhinhos meio "piscos" e que vinha para a casa de banho fazer-me companhia enquanto secava o cabelo e me lambia o creme das pernas.
O meu blue-eyes que mal eu dizia: Martim ó-ó parecia uma flecha a correr para o quarto, sentava-se no tapete à espera que eu me deitasse para logo de seguida se atirar para cima de mim bem encostadinho.
O blue-eyes com quem partilhava os pequenos-almoços ... os almoços, os jantares e, se houvesse ceia, também a ceia marchava.
O blue-eyes que quando chegava a hora de ir à rua, se punha a correr à volta da mesa para eu o apanhar para lhe colocar o peitoral .... o blue-eyes que, depois do mesmo colocado, pegava num boneco e fazia maratonas pela casa com ele na boca e atirando-o ao ar.
O blue-eyes que era um caguinchas e que pedia licença à mana Maria para subir para o sofá se ela lá estivesse. O blue-eyes que, quando a mana não o deixava fazer algo, vinha fazer-me queixinhas e pedir ajuda. O blue-eyes que tinha pavor de limpar as orelhinhas. Mas ontem, o meu querido blue-eyes não teve medo que lhe limpasse os olhinhos e lhe limpasse o focinhito. Queria que a minha última recordação dele, fosse um Martolas todo aperaltado e lindão como sempre foi.
Até já meu querido Martolas. Que aí em cima no céu encontres alguém que te ame tanto como eu te amei.
