mimos, amassos, xarope e picas!

que a gaja ainda vai fazer AB durante um mês.
Senslyn, se fosse possível ter uma conversa racional com o homem, eu já a teria tido. Fartei-me de tentar, tudo o que quero é tranquilidade. Acidentes acontecem ("shit happens"), mas lá por erem acidentes não significa que não haja responsabilidades, que ele se recusou a assumir por se tratar "só de um gato". O que vale é que ele só vem duas vezes por ano cortar a erva e, desde que eu me aperceba ou seja avisada, tudo bem, recolho os gatos totós. Agora, para garantir que dou conta, estaciono o carro em frente à garagem; assim ele não pode passar para o terreno com a maquineta, tem mesmo de me vir pedir para tirar o carro.
Pois o funil tem mesmo de ser, no caso da Kika não há opção, mas ela adaptou-se muito bem. Todos lutam com o funil e andam às "arrecuas" no primeiro dia, mas acabam por se adaptar e fazer a sua vida, acredite que para nós o drama é maior.
Quando esterilizava as minhas gatas na outra clínica, usavam um "vestidinho" em rede elástica, um tubo onde cortavam 4 aberturas para as patas, mas aqui nunca resultou muito bem... As gata despiam-nos logo nas primeiras horas e ficavam a apertar-lhes a cintura, mesmo em cima da costura. A Chamarrita aguentou 6 horas e tive de lho cortar com uma tesoura. Nessa clínica também fazem sutura intradérmica e dão antibiótico de longa duração, especialmente no caso de gatas de rua; colocam apenas um penso com adesivo castanho sobre a sutura, e o tempo que elas levam a arrancar aquilo é o tempo da cicatrização. A minha Natália (a bosques "dos chineses"), que foi quem aguentou mais tempo o vestidinho - 6 dias! - fez alergia ao adesivo, parecia queimadura, coitadinha. Mas é muito mais cómodo para nós, sem dúvida, e menos stressante para elas.
Agora... o meu vet actual defende acerrimamente a dupla funil + sutura externa + antibiótico (oral ou injectável) durante 10 dias. É escusado, que não lhe dou a volta e, se não quero, vou à outra clínica. Mas pelo que me explicou, tem razão. A sutura interna é muito mais susceptível à ocorrência de complicações, como inflamações, rejeição dos pontos e até mesmo maiores possibilidades de abrir. Não quer pensos, nada disso, tudo ao léu

e basta desinfectar com um pouco de clorexidina. A administração do AB diariamente, 2x ao dia, é muito menos agressiva para o organismo do animal do que um de longa duração. Se o animal é agressivo para o dono, problema dele, como ele diz, "ajuda a criar ou reforça os laços afectivos".

É claro que o AB injectável não é para todos os clientes, dar uma injecção é um procedimento que só deve ser feito pelos profissionais e a maioria das pessoas tem receio. Eu, com tantos, tive mesmo de aprender - e digo-lhe, quando são gatos que não gostam de manipulações, é o melhor, porque a mão na seringa fica bem longe de dentes e patas cheias de unhas, acaba por ser muito mais fácil dar uma injecção do que um comprimido. Fez dia 9 um ano que trouxe 4 gatos de Monsanto, dois machos (Platão e Filipinho) e duas fêmeas (Clio e Madalinda). Platão e Filipinho vinham doentes, e o segundo era muito medroso e arisco; o Platão era meigo, mas horrível para dar comprimidos, mordia mesmo, e na latinha não os comia. Fartaram-se de levar picas, e o Filipinho amansou e começou a confiar em mim. Parece absurdo, com as "maldades" que lhe fazia, mas os gatos não são parvos, ele começou a perceber que se sentia melhor... Já as gatas, uma foi logo esterilizada na clínica aqui em Leiria, vinha muito prenha, custou-me horrores e acho que ela soube, ou é a minha culpa a falar, mas depois do PO soltei-a e nunca mais voltou. Já a vi num quintal vizinho e está bem, é mesmo gata de rua - e odeia-me. A outra gata, a Madalinda, foi quem me fez voltar a Monsanto depois de trazer os manos Micas e Gaspar: quando a "conheci", estava a parir. Eu só vi a primeira bebé, uma tricolor linda, mas soube que nasceram 5. Entre o dia 1 e o dia 9, morreram 4 dos bebés, e consegui reservar a mãe e trazer a filhota tricolor, mas a bebé estava muito fraquinha e não resistiu. A mãe não tinha leite e ignorava-a, eu alimentei-a e aqueci-a mas não pude salvá-la. Pelo menos morreu com dignidade, longe daquele horror. Passado pouc tempo levei a gata para ser esterilizada no meu vet, e ia caindo para o lado quando ele me explicou o seu procedimento, mas a verdade é que as coisas correram bem e a gata nunca tentou sequer agredir-me. Já a ele e à outra vet... ficaram bem arranhadinhos.

A Madalinda ainda esteve cá dentro um par de meses, depois quis sair, mas anda sempre por aqui e de vez em quando entra em casa e fica uns dias. Não é uma gata "dada", mas permite aproximação e confia em mim; sei que, se adoecer, conseguirei facilmente agarrá-la. E lá tive de dar razão ao vet quanto à criação de laços...

Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!