Pois o problema é mesmo esse, Netherwing, é o facto de já ser banal as pessoas exprimirem-se em inglês. Não é triste (e mau para a nossa língua) que a primeira coisa que nos ocorre para expressar qualquer coisa seja o inglês? Não é triste termos «coffee shops» em vez de cafés, «houses» disto e daquilo, «suportes» a clientes, «endereçamentos do público», «you all so naive» em vez de «vocês são todos uns ingénuos», «so true» em vez de «tem toda a razão», «shame on you» em vez de «tenham vergonha»?
Entretanto, ocorreu-me que, em certos casos, como alguns dos exemplos acima, se utilize o inglês para «amenizar» ou dar outra conotação ao que se quer dizer, para não se ser tão directo ou cru, digamos assim, como se utilizássemos a nossa língua. Ou por acharmos mais bonito. Nesse caso, isso teria a ver com aquela canção dos Clã, «Dificuldade de expressão»…
Mas devíamos tentar ultrapassar essas dificuldades, se queremos que o que dizemos seja acessível a todos os nossos interlocutores. E qualquer dia estamos todos a falar e a escrever, para além do péssimo português que ouvimos e lemos a toda a hora, uma mescla horrorosa como aquela que o CupCakes exemplificou acima.
Quanto ao exemplo do «spread», vamos mesmo por aí, porque se já é difícil à maior parte dos portugueses entender um texto (ainda por cima se tiver alguma especificidade técnica), com palavras estrangeiras à mistura, então…
(Há pouco esteve cá em casa um técnico da minha operadora de Internet, etc., eu falei-lhe na caixa e ele, passado alguns segundos: «Ah, a box!» Neste domínio, é tudo boxes, e routers, e slots, e nomes ainda mais complicados que agora não me ocorrem… Quando estou a falar com a assistência, para além de já estar chateada porque alguma coisa não está a funcionar, sinto-me a mais ignorante das criaturas, porque não percebo o que me estão a perguntar ou a pedir para fazer.)
Tem razão que há coisas que só têm piada no original, mas noutras não há necessidade...
(E «It rains cats and dogs» é mais lá para cima, nas Adopções, e na rua, nos canis, nas associações…

)
Para finalizar: é o abraço que é grande ou sou eu?
Outro para si.

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke