Dono de cão com problemas comportamentais procura ajuda.

[Liir]

Venho procurar a vossa ajuda para resolver o meu problema.

Há sensivelmente um ano, eu e o meu companheiro adotámos uma cadela, com cerca de um mês de idade, num canil de uma Liga dos Amigos dos Animais. Na altura foi-nos dito que a cadela não tinha raça e apenas nos foi pedido que em poucos meses a esterilizássemos.

Durante os primeiros dois meses tudo correu bem, a cadela em casa era muito dócil e depois de devidamente vacinada, começámos a levá-la à rua com regularidade e a criar hábitos e rotinas, tanto de alimentação como de defecação. Entretanto, já tínhamos alguns problemas com os vizinhos que se queixavam dos choros durante a noite. Na primeira saída à rua, a cadela apanhou um susto ao ser atacada por uma cadela mais velha de um amigo nosso. Como tal, nas primeiras saídas sempre foi muito medrosa e sedo esse medo se começou a transformar em posturas de ataque, lançando-se a tudo o que era humano ou animal. Com o tempo, deixámos de a soltar na rua, começámos a passeá-la com mais cuidado e a evitar algum contacto com pessoas fora de casa, uma vez que em casa, à excepção de crianças recebia todos muito bem, estranhos ou não. Aproveitámos também para ir ao veterinário e informar-nos sobre a esterilização, pois tínhamos lido que muitas vezes leva os animais a acalmarem-se. O veterinário informou-nos que o melhor seria esperar pela primeira menstruação, esperar cerca de 3 meses e depois esterilizá-la, garantindo que nessa altura o seu aparelho estava completamente desenvolvido.

Acontece que estes comportamentos começaram a evoluir para situações de confronto para com os donos, em especial para com o meu companheiro, que passa a maior parte do seu dia com ela. Em adição, esporadicamente ladrava à entrada de pessoas no prédio, o que, mesmo sendo raras as vezes em que acontecia, originou reações de represálias dos vizinhos que culminaram com a procura de uma nova casa.

Com a mudança de casa as situações agravaram-se. Os ataques em casa começaram a ser mais frequentes e na rua, tornou-se impossível passar ao lado do que quer que fosse mesmo de trela. O medo das reações dos vizinhos e de sermos forçados a nova relocalização levou-nos a comprar um açaime, para evitar distúrbios durante a noite.

Contudo, a situação continuou a agravar-se e depois de um ataque mais violento a um de nós decidimos voltar com ela ao canil e pedir que nos ajudassem. No canil, ofereceram-se para pagar aulas de socialização e aguardar os resultados, dizendo-nos que ficar com uma cadela tão agressiva culminaria com o seu abate pois ninguém a quereria adotar.

Frequentámos as aulas de socialização, ao ritmo de uma por semana, onde nos foram sugeridas abordagens diferentes ao seu comportamento, como castigos ou o uso de uma estranguladora. Fomos também questionados se não seríamos agressivos ou se nós lhe batíamos, ao que nós respondemos que não nos parecia ser o caso, uma vez que nunca tivemos necessidade de lhe bater, pois outros comportamentos desadequados se resolveram facilmente, como por exemplo, roer sapatos nos primeiros meses. As aulas de início produziram resultados, mas rapidamente se verificou que apesar dos nossos melhores esforços, o bom comportamento dela não se mantinha para lá do condicionamento da aula. Inicialmente, nós fazíamos sempre repetições da aula quando a levávamos à rua e seguimos religiosamente as sugestões que nos foram feitas e, contudo, os maus comportamentos dela persistiam.

No final das aulas, decidimos deixá-la 10 dias num hotel e centro de treino, numa altura em que nos deslocámos do país. Quando voltámos a situação estava ainda pior. Apesar de os comportamentos agressivos para connosco terem diminuído nas primeiras semanas depois do regresso, a aversão a outras pessoas ou animais tornou-se insustentável e o ladrar durante a noite atingiu proporções novas. Começou a ladrar sempre que alguém entrava no prédio excepto quando somos nós. Durante a noite ladra a qualquer ruído que oiça na escadaria. Voltámos à escola para procurar novamente ajuda para esta situação, e foram-nos indicado os colares antilatido, sob o desabafo de que com uma cadela como ela se isso não funcionasse nada funcionaria. A verdade, é que após um mês de uso, creio que não funcionou.

E assim estamos, à data de hoje ainda não teve a sua primeira menstruação por isso não a podemos esterilizar. Acabo de passear com ela na rua, onde se lançou a uma pessoa à porta do prédio e a outra que passou por nós e apenas pude evitar o pior apertando a estranguladora e colocando o açaime por antecipação. Enquanto escrevo esta mensagem, oiço-a ladrar sempre que entra alguém no prédio. Acrescento ainda, não sabendo se fornece algum indicador, que recentemente descobrimos, procurando imagens na internet, nas quais surgiram cães iguais a ela, que há uma possibilidade de ser um cruzamento entre pastor alemão e doberman.

Venho por isso pedir a vossa ajuda, como um último recurso. Estou muito apegado à cadela, não a quero largar, é um membro da minha pequena família e é parte de mim. A verdade é que é um animal extremamente dócil e brincalhão e custa-me imenso o que me possam sugerir. Mas, neste momento, a situação está insustentável e é-me impossível manter uma cadela que a qualquer momento pode atacar outra pessoa ou levar-me a ter danos maiores ou a ter que mudar novamente de casa, durante uma situação económica que está longe de ser a melhor.

O que posso fazer? Como devo proceder? Há locais ou pessoas que aceitam animais assim? Que os reabilitam? Como posso garantir uma vida melhor para a minha cadela e saber que ela é bem tratada e que pode ser feliz?

[mi_xen]

Já falou com algum especialista em comportamento animal?

[nel]

Olá

Lamento o que está a acontecer com a sua cadela.
O que me chamou mais a atenção na sua mensagem foi isto:

Há sensivelmente um ano, eu e o meu companheiro adotámos uma cadela, com cerca de um mês de idade,

Será que ela tinha mesmo apenas um mês de idade?
Eu acho estranho que um canil possa diponibilizar uma cria sem ter tido, no mínimo, dois meses de convivência com a mãe...

Devo dizer que não sou entendido em comportamento. Mas este facto poderá ter contribuído para desvio de comportamento devido à falta de sociabilização com a mãe e restantes elementos da ninhada.

Haverá certamente aqui no fórum pessoas mais entendidas que lhe poderão dar uma opinião mais construtiva do que a minha.

Boa sorte

[aisd]

Aconselho a que marque consulta com a Profª Ilda Rosa da Faculdade de Medecina Veternária de Lisboa.
Segundo ouvi é muito boa e especialista em problemas comportamentais.

veja

http://bragasemcanudo.blogspot.com/2008 ... a-sic.html

Pode telefonar para lá e marcar consulta.

[Chamarrita]

Olá

Lamento o que está a acontecer com a sua cadela.
O que me chamou mais a atenção na sua mensagem foi isto:

Há sensivelmente um ano, eu e o meu companheiro adotámos uma cadela, com cerca de um mês de idade,

Será que ela tinha mesmo apenas um mês de idade?
Eu acho estranho que um canil possa diponibilizar uma cria sem ter tido, no mínimo, dois meses de convivência com a mãe...

Devo dizer que não sou entendido em comportamento. Mas este facto poderá ter contribuído para desvio de comportamento devido à falta de sociabilização com a mãe e restantes elementos da ninhada.

Haverá certamente aqui no fórum pessoas mais entendidas que lhe poderão dar uma opinião mais construtiva do que a minha.

Boa sorte

se foi num canil municipal, eles dão as crias com a idade que tiverem, especialmente se não tiverem mãe. Quanto ao comportamento, sinceramente, não sei que lhe diga... Talvez a abordagem e o treino não tenham sido os correctos. Mas o que acho mesmo estranho é que um veterinário diga que tem de esperar pelo primeiro cio para esterilizar... 3 meses depois??? porque cargas de água, com que fundamento? Será que a cadela não tem um problema de saúde qualquer que a faz ser assim? Com um ano e ainda não ter tido cio, também não é vulgar, pode haver aí um problema qualquer, excesso de testosterona, sei lá... Aconselho-a a pedir opinião a outro veterinário e esterilizar a cadela quanto antes.

[sasquatch]

Há animais de tamanho grande que levam mais tempo a ter o 1º cio. cadela é grande? Também há cadelas a fazer cios que passam completamente desapercebidos aos donos.

Não percebo uma coisa: diz que ela é dócil e brincalhona. Mas é dócil e brincalhona com quem?
Ataca tudo na rua e vira-se aos donos em casa, ou em casa já melhorou?

Não me parece que seja questão de raça até porque é uma rafeira, acho é que ela não vos reconhece como sendo quem manda mas sim ela que é a controladora da situação.
Muitas pessoas tratam com demasiado mimo e condescendência animais tirados da rua porque sentem pena pena e os animais depressa entendem isso como sendo o reconhecimentos dos donos de que é o cão a ser o líder...

[TheOne]

Liir,

De que zona do país é?

[Pinfinhas]

O meu Brahma tem o mesmo problema, em casa é um doce e na rua é um selvagem. Joga-se às pessoas e a ouros cães e fica em pânico quando vê uma criança. É dramático.

[CupCakes]

Aconselho a que marque consulta com a Profª Ilda Rosa da Faculdade de Medecina Veternária de Lisboa.
Segundo ouvi é muito boa e especialista em problemas comportamentais.

veja

http://bragasemcanudo.blogspot.com/2008 ... a-sic.html

Pode telefonar para lá e marcar consulta.

[catarinamar]

Que situação... mas não desista!
Marque consulta para a Dr. Ilda Rosa, ela é excelente

Boa sorte!