bernas_setter Escreveu:...
Tudo isto para saber se realmente o facto de ter muita mordomia (isto generalizando a tudo) se pode tornar negativo e ter o efeito contrario ao desejado, ou seja, reduzir a vida do animal.
Na minha opinião e tendo em conta os casos que observei pode sim. Parece-me que é a dos 8 e dos 80, com alguma sorte á mistura.
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Na noção de "muita mordomia" cabe muita coisa, desde a tia que enche o canito de lacinhos e capinhas e se passeia com ele ao colo para não apanhar germes no passeio que toda a gente pisa, até ao dono que trata o seu animal com todos os cuidados devidos a um animal, comprando-lhe ração XPTO, trelas, camas ou casotas que poderão ser classificadas de luxo, preocupando-se com os seus antecedentes de raça, etc.
Por isso, gostaria de saber o que entende por mordomia no que se refere a cães.
Por outro lado, o caso que refere e toma como bitola para chegar à sua conclusão é apenas um entre milhares deles. Por cada cão que leva uma vida de semipária e chega a uma idade adiantada sem doenças nenhumas há milhares deles com a mesma vida que morrem cedo, sem sequer se saber que maleita os levou, e sem que ninguém se importe e se interesse em saber. E há também milhares deles que, cheios de protecção e "mordomias", chegam a idades bem mais avançadas do que o do seu exemplo.
Vou dar-lhe um dos meus: o meu cãozinho Nilo foi adoptado por mim num canil associativo, já com quatro anos de idade. Viveu comigo até aos dezoito anos, quase dezanove, sem nunca ter tido uma única doença, quer enquanto esteve no canil, quer durante os muitos anos que viveu em minha casa, cheio das tais mordomias: boa ração, vacinas, camas fofas, capinhas para a chuva, etc.
A minha cadela Rita, recolhida da rua aos sete meses, doentíssima e cheia de sarna, tem sido tratada também com todas as mordomias até hoje. Se viver até Agosto, fará dezassete anos. (O "se" deve-se às várias maleitas que ela tem, devidas à idade. Mas já ando a "matá-la" desde os doze anos e ela cá se tem aguentado.) Quando a trouxe para casa, o veterinário preveniu-me: "Cuidado, que essa cachorra vai apanhar tudo e mais alguma coisa. A vida que tem tido baixou-lhe as defesas e não é certo que consiga vir a constituir um sistema imunitário capaz." Se tivesse permanecido na rua, teria morrido passadas algumas semanas. Foi sempre a mais frágil dos meus cães, mas tem resistido a tudo.
Como vê, nada se pode ter por certo, uma árvore não faz a floresta. Uns aguentam tudo e vivem muitos anos numa vida dura e sem facilidades nem mimos, outros fazem o mesmo numa vida cheia de mordomias, seja lá isso o que for.