Pensamento do Dia

Conversas sobre outras temáticas e o que não se enquadrar em nenhuma outra secção.
Argay
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quarta mar 21, 2012 3:30 pm

Imagem
Netherwing
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segunda abr 02, 2012 2:34 pm

" (...)
- I fear neither death nor pain.
- What do you fear, milady?
- A cage.
To stay behind bars until use and old age accept them and all chance of valor has gone beyond recall... or desire. "


Tolkien
An ye harm none, do what ye will
Netherwing
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segunda abr 02, 2012 2:37 pm

Argay Escreveu:Imagem


nice ;)
An ye harm none, do what ye will
teresa1978
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domingo abr 15, 2012 5:47 pm

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

SMBA
fmoniz
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domingo abr 15, 2012 6:13 pm

Grande Sophia ;)
teresa1978
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domingo abr 15, 2012 6:26 pm

fmoniz Escreveu:Grande Sophia ;)
Grande mesmo...

:wink:
Joie2
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domingo abr 15, 2012 8:00 pm

:wink:
teresa1978
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domingo abr 15, 2012 9:42 pm

"O maior erro dos "espertos" e acharem que podem fazer todos de otários."

Jô Soares
KavakoSilva
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domingo abr 15, 2012 11:57 pm

"Quem quer mudar encontra soluções. Quem não quer só encontra desculpas."
teresa1978
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segunda abr 16, 2012 12:27 pm

(Excerto)
[...]Três pancadas secas na porta, um rumor de tranca que cede, uma fresta que se alargou, deram-lhe num relance a explicação do enigma da agressão: chegara a sua vez.

Nova picada no lombo. - Miura! Cornud#! Dum salto todo muscular, quase de voo, estava na arena. Pronto! A tremer como varas verdes, de cólera e de angústia, olhou à volta. Um tapume redondo e, do lado de lá, gente, gente, sem acabar.

Com a pata nervosa escarvou a areia do chão. Um calor de bosta macia correu-lhe pelo rego do servidoiro. Urinou sem querer. Gritos da multidão. Que papel ia representar? Que se pedia do seu ódio? Hesitante, um tipo magro, doirado, entrou no redondel. Olhou-o a frio. Que força traria no rosto mirrado, nas mãos amarelas, para que se atreve assim a transpor a barreira? A figura franzina avançou. Admirado, Miura olhava aquela fragilidade de dois pés. Olhava-a sem pestanejar, olímpica e ansiosamente.

Com ar de quem joga a vida, o manequim de lantejoulas caminhava sempre. E, quando Miura o tinha já à distância de um arranco, e ainda sem compreender olhava um tal heroismo, enfatuadamente, o outro bateu o pé direito no chão e gritou: - Eh! boi! Eh! toiro! A multidão dava palmas. - Eh! boi! Eh! toiro! Tinha de ser. Já que desejavam tão ardentemente o fruto da sua fúria, ei-lo. Mas o homem que visou, que atacou de frente, cheio de lealdade, inesperadamente transfigurou-se na confusão de uma nuvem vermelha, onde o ímpeto das hastes aguçadas se quebrou desiludido.

Cego daquele ludíbrio, tornou a avançar. E foi uma torrente de energia ofendida que se pôs em movimento. Infelizmente, o fantasma, que aparecia e desaparecia no mesmo instante, escondera-se covardemente de novo por detrás da mancha atordoadora. Os cornos ávidos, angustiados, deram em cor. Mais palmas ao dançarino. Parou. Assim nada o poderia salvar. À suprema humilhação de estar ali, juntava-se o escárnio de andar a marrar em sombras. Não. Era preciso ver calmamente. Que a sua raiva atingisse ao menos o alvo.

O espectro doirado lá estava sempre. Pequenino, com ar de troça, olhava-o como se olhasse um brinquedo inofensivo. Silêncio. Esperou. O homem ia desafiá-lo certamente outra vez. Tal e qual. Inteiramente confiado, senhor de si, veio vindo, veio vindo, até lhe não poder sair do domínio dos chifres. Agora! De novo, porém, a nuvem vermelha apareceu. E de novo Miura gastou nela a explosão da sua dor. Palmas, gritos. Desesperado, tornou a escarvar o chão, agora com as patas e com os galhos. O homem! Mas o inimigo não desistia.

Talvez para exaltar a própria vaidade, aparentava dar-lhe mais oportunidades. Lá vinha todo empertigado, a apontar dois pequenos paus coloridos, e a gritar como há pouco: - Eh! toiro! Eh! boi! Sem lhe dar tempo, com quanta alma pôde, lançou-se-lhe à figura, disposto a tudo. Não trouxesse ele o pano mágico, e veríamos! Não trazia. E, por isso, quando se encontraram e o outro lhe pregou no cachaço, fundas, dolorosas, as duas farpas que erguia nas mãos, tinha-lhe o corno direito enterrado na fundura da barriga mole. Gritos e relâmpagos escarlates de todos os lados.

Passada a bruma que se lhe fez nos olhos, relanceou a vista pela plateia. Então?! Como não recebeu qualquer resposta, desceu solitário à consciência do seu martírio. Lá levavam o moribundo em braços, e lá saltava na arena outro farsante doirado. Esperou. Se vinha sem a capa enfeitiçada, sem o diabólico farrapo que o cegava e lhe perturbava o entendimento, morria. Mas o outro estava escudado. Apesar disso, avançou. Avançou e bateu, como sempre, em algodão. Voltou à carga. O corpo fino do toureiro, porém, fugia-lhe por artes infernais. Protestos da assistência. Avançou de novo. Os olhos já lhe doíam e a cabeça já lhe andava à roda.

Humilhado, com o sangue a ferver nas veias, escarvou a areia mais uma vez, urinou e roncou, num sofrimento sem limites. Miura, joguete nas mãos dum Zé-Ninguém! Num ímpeto, sem dar tempo ao inimigo, caíu sobre ele. Mas quê! Como um gamo, o miserável saltava a vedação. Desesperado, espetou os chifres na tábua dura, em direcção à barriga do fugitivo, que arquejava ainda do outro lado.

Sangue e suor corriam-lhe pelo lombo abaixo. Ouviu uma voz que o chamava. Quem seria? Voltou-se. Mas era um novo palhaço, que trazia também a nuvem, agora pequena e triangular. Mesmo assim, quase sem tino e a saber que era em vão que avançava, avançou. Deu, como sempre na miragem enganadora. Renovou a investida. Iludido, outra vez. Parou.Mas não acabaria aquele martírio? Não haveria remédio para semelhante mortificação? Num último esforço, avançou quatro vezes.

Nada. Apenas palmas ao actor. Quando? Quando chegaria o fim de semelhante tormento? Súbitamente, o adversário estendeu-lhe diante dos olhos congestionados o brilho frio dum estoque. Quê?! Pois poderia morrer ali, no próprio sítio da sua humilhação?! Os homens tinham dessas generosidades?! Calada, a lâmina oferecia-se inteira. Calmamente, num domínio perfeito de si, Miura fitou-a bem. Depois, numa arremetida que parecia ainda de luta e era de submissão, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.

Excerto do conto "Miura" do Livro Os Bichos de Miguel Torga
Floripes2
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segunda abr 16, 2012 1:20 pm

Obrigada, Teresa1978. Pena é que quem defende estes espectáculos de tortura e morte "legais" não seja dado à cultura...
<p>Ol&aacute;, eu sou a... Floripes. :mrgreen:</p>
<p>&nbsp;</p>
<p><strong>&Eacute; muito bom, mesmo na necessidade, manter a cabe&ccedil;a erguida.</strong> - "By" Sasquatch,&nbsp;acrescento de&nbsp;v&iacute;rgulas meu.</p>
Joie2
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segunda abr 16, 2012 1:30 pm

"Todos os argumentos para provar a superioridade do homem não conseguem destruir este rude facto: no sofrimento, os animais são iguais a nós".

(Peter Singer)
Argay
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segunda abr 16, 2012 1:41 pm

Joie2 Escreveu:"Todos os argumentos para provar a superioridade do homem não conseguem destruir este rude facto: no sofrimento, os animais são iguais a nós".

(Peter Singer)
E no amor e entrega são superiores!

Esta é minha. Cansada, muito cansada de tanta miséria e sofrimento que lhes causamos. Pedir perdão já não chega.
<p>"Se a tourada &eacute; cultura, canibalismo &eacute; gastronomia"</p>
<p>&nbsp;</p>
Joie2
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segunda abr 16, 2012 1:50 pm

Concordo, Arguay. Infelizmente concordo :|
Joie2
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segunda abr 16, 2012 1:53 pm

Argay (desculpas por ter escrito mal :oops: ; tenho de mudar de oclinhos 8))
Última edição por Joie2 em segunda abr 16, 2012 1:54 pm, editado 1 vez no total.
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