daktari Escreveu:
Ser criador significa
Ø Melhorar uma raça, agora e sempre.
Ø Não poupar tempo, nem trabalho.
Ø Ter amor aos animais.
Como é óbvio, ser criador não é trabalho fácil. Para além do amor dispensado a todos os animais, o criador deve ser capaz de eliminar imparcialmente um cachorro, que à nascença apresente defeitos.
Talvez deva ainda, no interesse evidente dos próprios cachorros a criar, suprimir animais de perfeita saúde, quando a ninhada for excessivamente numerosa, o que nem sempre é fácil tendo em conta que poderá acontecer eliminar por vezes um ou mais cachorros de grande valor em prejuízo de outros, que poderão mais tarde revelar anomalias.
Criar cães com um objectivo bem definido exige do criador uma certa dureza, ao contrário dos seus próprios sentimentos para com os seus protegidos. Assim aquele que recuar perante esta dureza não terá estofo de criador. À sua firmeza de carácter será ainda posta a rude prova, aquando da colocação dos cachorros por si criados em boas mãos, pois as experiências com alguns com alguns proprietários de jovens cães são muitas vezes ocasião de depressão e dissabores. Julga-se ter encontrado o dono que convinha, mas, semanas depois, verifica-se o contrário o cão que criámos com todos os cuidados estragou-se por mimos de um proprietário ignorante, que agora já não gosta dele. Porém, o cão com a sua percepção também já não lhe corresponde. E, regra geral, o proprietário vai exigir ao criador, que retome o cão que ele estragou, pedindo-lhe um preço superior ao da compra, pois «não se tratou um cão todo este tempo por nada». Inútil fazer entender a esses proprietários, que a culpa não é do cão, mas sim deles. Que não se devolve um cão trocando-o como a um objecto qualquer. Melhor dizendo, não entendem que um cão não é uma mercadoria, mas sim um ser vivo, que tem direitos e perante quem tem obrigações. Este género de dificuldades repugnam, por vezes, muito bons criadores. È pena! Talvez fossem estes os melhores criadores.
Por Vitor Manuel Dos Santos Oliveira (criador de cães).
Bem Vitor, na realidade não é nada fácil.
Não tendo a sua experiência de criação, pois em 8 anos fiz 10 ninhadas, mas já me aconteceram alguns precalços na vida.
Nunca me nasceu um cachorro com defeito grave e que colocasse a sua qualidade de vida em questão, mas se isso acontecesse, não hesitaria em eliminá-lo.Já tive casos de recem nascidos que aparentemente não tinham qualquer defeito, mas, que eram constantemente rejeitados pelas mães, O resultado era dois dias a "miar", frios, e por mais que os colocasse junto das maes, elas afastavam.
Dei soro glucosado, leite, aquecia, esfregava, mas ao fim de 2 dias, eles acabavam por morrer. Por essa razão, todo o cachorro que passe um dia a "miar", não passa desse dia, a partir de agora.
Nunca tive ninhadas de 13, mas ja tive de 9, e raramente tive que recorrer a biberão, mas nos casos em que tive, ia alternado os cachorros por biberaõ e leite materno. As minhas cadelas nunca ficaram em estado miseravel por alimentar 9 cachorros. Felizmente.
Já tive patinhos feios que se tornaram em belos cisnes e vice versa.
Já tive uma pessoa que me devolveu um cão com 2 anos por mudança de residencia e desadaptação de cão á nova casa. Mas a triste realidade, foi que o animal tinha uma doença incuravel e contagiosa que eu só descobri 3 semanas depois. Colocou todo o meu canil em risco. E mandei-o abater, com muita magoa. Mas não podia colocar em risco todos os outros animais.
Já retirei um animal por maus tratos, que para a maioria das pessoas, não seria caso para tanto, pois os maus tratos não eram tareias, mas apenas um abandono e um deleixo grande da parte dos novos donos.
Tem razão quando diz que muitas das vezes as pessoas enganam muito e por mais cuidado que se tenha ao escolher os novos donos, há muitos dissabores. Mas.. a vida é cheia de dissabores e não é só com os cães. Por isso, só temos é que estar preparados, por mais que nos custe, e a mim pode crer que me custa.
Todo e qualquer animal que saia da minha casa, será sempre acolhido, caso os donos não o queiram, pois se eu fechar as minhas portas, já sei o que vai acontecer. E eu não ando a criar cães para serem abandonados nas ruas.
Compreendo e entendo as suas ideias e intenções, mas não todas.
O dia que eu não consiga mais ( e já estive mais longe disso), lidar com as situações que lhe descrevi, então terei que deixar de criar.
O lidar com as invejas e etc... Bem tenho uma amiga que um dia me disse, se os teus concorrentes, dizem mal de ti e dos teus cães, isso significa que estás no bom caminho. Porque dos perdedores toda a gente tem pena e não fala mal.
Isabel