Sim, os canhotos eram castigados por usarem a mão esquerda, quer na família, quer nas escolas. O esquerdinismo era encarado como uma anormalidade, quase no mesmo plano que o atraso mental ou o cretinismo.
Titacris, nas escolas primárias (como então se chamavam) em que andei, nos anos quarenta/cinquenta, os castigos eram as chamadas "palmatoadas", embora nelas já não se visse a tal menina dos cinco olhos. As palmatoadas eram dadas com uma régua normal, de madeira. Levei muitas, sei bem o que doíam.

Entre outros castigos físicos ou mentais.
Quanto aos surdos, acho estranho o que contaram acima. É verdade que os surdos não apareciam com frequência nas escolas oficiais, tenho uma vaga recordação de ouvir dizer que teriam escolas próprias, mas não posso afirmá-lo. No entanto, a linguagem gestual era usada por eles, sim. Disso recordo-me bem, como me recordo do espanto em que ficava, muito pequenina, quando via na rua alguém a falar por gestos.
Lá em casa aparecia muito um rapaz, epiléptico e surdo, que falava com a minha mãe por gestos. Ou seja, ele fazia os gestos e a minha mãe respondia-lhe falando. Ele lia-lhe nos lábios e respondia por gestos. Sempre achei muita graça àqueles diálogos.
Mais tarde vim a aprender, através de uma publicação em que o meu pai trabalhou, os principais gestos da linguagem dos surdos - que então se designavam por surdos-mudos, sim.
Eu já estive quase totalmente surda, fiz otoscleroses em ambos os ouvidos. Lembro-me de que a partir de certa altura dei por mim a ler nos lábios de quem falava comigo. Portanto, não é de admirar que os surdos leiam nos lábios, é uma coisa quase automática.
<p>Olá, eu sou a... Floripes3 que já foi 2. :mrgreen:</p>
<p>''Tome partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado'' - Elie Wiesel</p>
<p> "Nas costas dos outros vemos espelhadas as nossas." - Dito popular</p>