Língua Gestual Portuguesa
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A serio Marianamar? Poca eu tenho 30 anos e uma grande amiga era canhota e nunca presenciei tal situacao, nem com ela nem com ninguem.. Que mau, nao é? Pensei que isso so se tivessse passado ha muitos anos.
Podem falar, podem falar, mas a mim o que realmente interessa são os animais...
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É verdada Suesca. Nunca percebi a implicância que puseram no meu irmão escrever com a mão esquerda.
É engraçado porque agora está tão habituado a usar a mão direita para escrever que mesmo que quisesse usar a esquerda, acho que já não conseguia, no entanto continua a usar a faca na mão esquerda. A jogar à bola também chuta sempre com o pé esquerdo
É engraçado porque agora está tão habituado a usar a mão direita para escrever que mesmo que quisesse usar a esquerda, acho que já não conseguia, no entanto continua a usar a faca na mão esquerda. A jogar à bola também chuta sempre com o pé esquerdo

Embora não tenha a ver com diferenças físicas, o que vou partulhar, ilustra bem a formatação em que as sociedades vivem e a dificuldade em aceitar o que é/está diferente.
Qdº o meu filho era pequenino, na altura do natal, a prof mandou pintar umas folhas com um presépio. Ele nunca tinha ouvido falar ou visto um presépio, pois os pais não são crentes. Pintou a mãe com um vestido preto e a prof foi desagradável ao ponto de lhe dizer que estava mal, pois deveria ter escolhido o azul.
Quando o fui buscar, estava muito triste e contou.me a peripécia e perguntou-me de que cor era o vestido da Maria.
Respondi-lhe que era da cor que ele quisesse. Ninguém sabe verdadeiramente de que cor se vestia, pois ninguém tinha ainda nascido e parece-me que deveria mudar de roupa.
Qdº o meu filho era pequenino, na altura do natal, a prof mandou pintar umas folhas com um presépio. Ele nunca tinha ouvido falar ou visto um presépio, pois os pais não são crentes. Pintou a mãe com um vestido preto e a prof foi desagradável ao ponto de lhe dizer que estava mal, pois deveria ter escolhido o azul.
Quando o fui buscar, estava muito triste e contou.me a peripécia e perguntou-me de que cor era o vestido da Maria.
Respondi-lhe que era da cor que ele quisesse. Ninguém sabe verdadeiramente de que cor se vestia, pois ninguém tinha ainda nascido e parece-me que deveria mudar de roupa.
<p><a title="Dubitando, ad veritatem parvenimus... aliquando! Duvidando, chegamos à verdade... às vezes!" target="_top" href="http://dubitando.no.sapo.pt/index.htm"></a></p>
<p>Dubitando, ad veritatem pervenimus...aliquando!/Duvidando, chegamos à verdade...às vezes! By: Flávio Josefo</p>
<p>A praça pública está cheia de moscas!</p>
<p>"O homem é uma corda estendida entre o animal e o Super-homem - uma corda sobre o abismo". - by Nietzsche</p>
<p>“A fórmula da minha felicidade: um sim, um não, uma linha reta, um objetivo.” (Friedrich Nietzsche)</p>
<p>Dubitando, ad veritatem pervenimus...aliquando!/Duvidando, chegamos à verdade...às vezes! By: Flávio Josefo</p>
<p>A praça pública está cheia de moscas!</p>
<p>"O homem é uma corda estendida entre o animal e o Super-homem - uma corda sobre o abismo". - by Nietzsche</p>
<p>“A fórmula da minha felicidade: um sim, um não, uma linha reta, um objetivo.” (Friedrich Nietzsche)</p>
Bem! A avaliar pelo que já aqui li posso dizer que afinal, apesar das reguadas e dos castigos ao canto da sala (sem orelhas de burro, diga-se) , apesar de ser do ainda do tempo em que rapazes e raparigas aprendiam em escolas separadas, apesar de termos na sala de aula as fotografias dos senhores do poder , a lembrarem-nos o bom que era o conceito Pátria, tive sorte. Eu nem por isso porque sempre fui destra. Mas as duas colegas que havia na sala que eram canhotas nunca as vi serem contrariadas ou, sequer, serem incentivadas a escrever com a mão direita.
Não posso, de todo, dizer que talvez fosse a professora que fosse mais benevolente. Não, mesmo!!!!!
E tal, como a Floripes, tambem não me lembro de haver nenhuma surda na sala. Precisamente porque havia instituições, provavelmente não por nobreza de sentimentos, onde se " escondiam" estas crianças, diferentes. Mas .... onde se ensinava , entre outras coisas, linguagem gestual.
Não posso, de todo, dizer que talvez fosse a professora que fosse mais benevolente. Não, mesmo!!!!!

E tal, como a Floripes, tambem não me lembro de haver nenhuma surda na sala. Precisamente porque havia instituições, provavelmente não por nobreza de sentimentos, onde se " escondiam" estas crianças, diferentes. Mas .... onde se ensinava , entre outras coisas, linguagem gestual.
Sofia
A primeira escola em que andei, a chamada oficial porque era a escola pública, do Estado, também era assim. Como a sala era bastante grande, para os "burros" e os que se "portavam mal" havia um banco corrido ao longo da parede. Um banco sem costas e de uma altura incomodativa para as crianças, que quase sempre ficavam de pernas penduradas e a coluna em má posição: ao castigo psicológico da expulsão para o banco dos burros juntava-se o castigo físico das dores de costas.nicosa Escreveu:Bem! A avaliar pelo que já aqui li posso dizer que afinal, apesar das reguadas e dos castigos ao canto da sala (sem orelhas de burro, diga-se) , apesar de ser do ainda do tempo em que rapazes e raparigas aprendiam em escolas separadas, apesar de termos na sala de aula as fotografias dos senhores do poder , a lembrarem-nos o bom que era o conceito Pátria, tive sorte. Eu nem por isso porque sempre fui destra.
...
A minha professora era uma perfeita nazi. Rechonchuda e imponente, tinha um porte e maneiras marciais que acentuava com a fatiota que vestia, uma espécie de farda militar. Obrigava-nos a levantar quando entrava na sala, a cantar o hino de braço estendido, e por aí fora. Tinha uma filha, tão militarizada e dura como ela, que nunca soube o que fazia, mas que de vez em quando entrava na aula e ia falar com a mãe, interrompendo tudo. E lá tínhamos de nos levantar outra vez, e de estender o braço em saudação...
Essa professora usava connosco todos os métodos repressivos do cardápio. Comigo, que já então devia ver mal e distinguir com dificuldade o que se escrevia no quadro, usava muito os puxões de orelhas. Com o requinte de me espetar a unha comprida do polegar na junção da orelha, por detrás do lóbulo. Um dia, a minha mãe viu-me a coçar a orelha direita, diz ela que me viu uma cara esquisita. Veio investigar e quando deparou com a ferida infectada e soube a que ela se devia, entrou em órbita e foi disparada "falar" com a professora.
Ainda hoje não sei o que lhe disse, mas os puxões de orelhas acabaram-se. Ficaram só as reguadas, mas não me lembro de ter ido para o banco dos burros.
<p>Olá, eu sou a... Floripes3 que já foi 2. :mrgreen:</p>
<p>''Tome partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado'' - Elie Wiesel</p>
<p> "Nas costas dos outros vemos espelhadas as nossas." - Dito popular</p>
<p>''Tome partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado'' - Elie Wiesel</p>
<p> "Nas costas dos outros vemos espelhadas as nossas." - Dito popular</p>
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Realmente, esses tempos não lembravam a ninguém
Eu moro agora numa aldeia onde há um clube recreativo muito activo. Há uns anos fez-se uma peça de teatro para celebrar o 25 de Abril. Era "A escola antes e depois". Era uma peça cómica por isso é claro que era parvoice do princípio ao fim. Mas a brincar se dizem muitas verdades, e acabou por retratar bem a educação antes e depois do fim do regime. Muitas pessoas mais velhas interpretaram ou participaram na organização, que se lembram bem de como era. Os adereços do cenário eram os livros escolar dessas pessoas, guardados tantos anos depois. As ardósias tiveram de se comprar, mas toda a gente quis levar uma para casa depois

Eu moro agora numa aldeia onde há um clube recreativo muito activo. Há uns anos fez-se uma peça de teatro para celebrar o 25 de Abril. Era "A escola antes e depois". Era uma peça cómica por isso é claro que era parvoice do princípio ao fim. Mas a brincar se dizem muitas verdades, e acabou por retratar bem a educação antes e depois do fim do regime. Muitas pessoas mais velhas interpretaram ou participaram na organização, que se lembram bem de como era. Os adereços do cenário eram os livros escolar dessas pessoas, guardados tantos anos depois. As ardósias tiveram de se comprar, mas toda a gente quis levar uma para casa depois


pois....nem todas as professras seriam iguais!
ah...apanhei 2 reguadas por...não ter estudado a tabuada do 9 !

esse tratamento a canhotos...nem nunca o vi nem o senti.
Note-se que falei de uma escola da segunda metade dos anos quarenta do século passado, quando o mundo tinha acabado de sair de uma guerra devastadora e estava mais ocupado em recuperar das devastações do que com o resto. Em Portugal ainda havia senhas de racionamento, por exemplo.
Nem todas as escolas eram assim, e nem todos os professores eram torturadores como aquela de que falei. Pelo contrário, havia muitos que agiam de maneira absolutamente normal pelos padrões de hoje e que tratavam bem as crianças, utilizando apenas os processos de ensino progressistas da época: Maria Montessori, por exemplo, e outros. Investiguem as relações de Salazar com a escola, por exemplo, porque foi que fechou a Escola do Magistério Primário, porque foi que durante décadas só houve regentes escolares e não se formaram professores primários. E procurem ler também os livros de Irene Lisboa, que foi professora primária, para terem uma ideia do foi a vida dos professores de então.
Felizmente, com o correr dos anos começaram a surgir os estudos e a dar-se avanços no domínio da psicologia e da pedagogia, com notáveis avanços a partir dos anos sessenta, o que resultou num melhor ensino para os filhos e netos dos que frequentaram as escolas primárias do meu tempo.
Nem todas as escolas eram assim, e nem todos os professores eram torturadores como aquela de que falei. Pelo contrário, havia muitos que agiam de maneira absolutamente normal pelos padrões de hoje e que tratavam bem as crianças, utilizando apenas os processos de ensino progressistas da época: Maria Montessori, por exemplo, e outros. Investiguem as relações de Salazar com a escola, por exemplo, porque foi que fechou a Escola do Magistério Primário, porque foi que durante décadas só houve regentes escolares e não se formaram professores primários. E procurem ler também os livros de Irene Lisboa, que foi professora primária, para terem uma ideia do foi a vida dos professores de então.
Felizmente, com o correr dos anos começaram a surgir os estudos e a dar-se avanços no domínio da psicologia e da pedagogia, com notáveis avanços a partir dos anos sessenta, o que resultou num melhor ensino para os filhos e netos dos que frequentaram as escolas primárias do meu tempo.
<p>Olá, eu sou a... Floripes3 que já foi 2. :mrgreen:</p>
<p>''Tome partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado'' - Elie Wiesel</p>
<p> "Nas costas dos outros vemos espelhadas as nossas." - Dito popular</p>
<p>''Tome partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado'' - Elie Wiesel</p>
<p> "Nas costas dos outros vemos espelhadas as nossas." - Dito popular</p>
Olá a todos!
A correção dos esquerdinos era prática corrente sim, mas há umas boas décadas! A mão esquerda era considerada "a mão do diabo" e quem dela fizesse uso era mal visto. O que acontecia era que as crianças eram obrigadas a trabalhar com a direita, não apenas pelos professores (até porque estamos a falar de há uns 60 anos atrás, muitas crianças nem à escola iam) mas também pelos pais, por exemplo na mão com que comiam a sopa (o meu pai foi"corrigido", por exemplo, porque "não era assim que se comia").
Trabalho com idosos e é frequente existirem nestas gerações "falsos destros"... Esquerdinos é muito raro!
A correção dos esquerdinos era prática corrente sim, mas há umas boas décadas! A mão esquerda era considerada "a mão do diabo" e quem dela fizesse uso era mal visto. O que acontecia era que as crianças eram obrigadas a trabalhar com a direita, não apenas pelos professores (até porque estamos a falar de há uns 60 anos atrás, muitas crianças nem à escola iam) mas também pelos pais, por exemplo na mão com que comiam a sopa (o meu pai foi"corrigido", por exemplo, porque "não era assim que se comia").
Trabalho com idosos e é frequente existirem nestas gerações "falsos destros"... Esquerdinos é muito raro!
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No meio de toda esta história não posso deixar de elogiar a minha professora primária, D.Isolete. Com a idade que tinha, ainda tinha sofrido a formação de outros tempos. No entanto, era simplesmente... perfeita. Impunha respeito com uma palavra. Não que nos assustasse... mas desiludi-la era demasiado doloroso. Dava reguadas com a régua de madeira grossa sim, mas só quando alguém se portava excepcionalmente mal, e notava-se que detestava faze-lo. Se notava que algum aluno se comportava de maneira diferente, talvez por problemas em casa, chamava-o de parte e ficava a conversar com ele, até o deixar mais confortado. Por vezes todos ajudávamos. Ali dentro, da sala de aula, era outra família. A professora Isolete morreu este ano, poucos anos depois da reforma, e para todos nós, foi como perder uma mãe.
Um amigo meu fez a primária num colégio privado em Lisboa em que no inicio dos anos 80 a professora era do mais salazarista que se podia ser!
Tinha todos os tiques! Ficou parada no tempo e ali no seu colégio, as coisas não mudavam. devia ser para os filhos das pessoas que não gostaram da mudança
Tinha todos os tiques! Ficou parada no tempo e ali no seu colégio, as coisas não mudavam. devia ser para os filhos das pessoas que não gostaram da mudança

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- Registado: domingo mar 11, 2007 12:28 am
Eu fiz a chamada primária no final dos anos 70 e na altura as reguadas, os puxões de orelhas e similares eram comuns. Eu levei muita pancadinha porque insistia em ler com o livro junto aos olhos só ao fim de 2 anos é que perceberam que eu era (e sou) miupe. Um colega meu esquerdino era constantemente corrigido à pancada e levava reguadas nas pontas dos dedos sempre que agarrava a caneta com a mão esquerda.
Esta minha fantástica professora chegou a rasgar a orelha dum colega nosso com um dos seus puxões maravilha.
Não tenho saudades nenhumas da minha professora, acho que a senhora tinha um prazer cruel em torturar crianças.
Esta minha fantástica professora chegou a rasgar a orelha dum colega nosso com um dos seus puxões maravilha.
Não tenho saudades nenhumas da minha professora, acho que a senhora tinha um prazer cruel em torturar crianças.
"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais." - Abraham Lincoln
Como veêm, não é preciso recuar assim tanto no tempo para encontrar brutalidades nas nossas escolas
Lembro-me muito bem de que crianças filhas de pais divorciados eram alvo da maior desconfiança e os pais dos outros miúdos nem viam com bons olhos a convivência. Os jeovás ou protestantes, eram aves raras por vezes objecto de insultos. Assisti pessoalmetne a isto nos finais dos anos 70, inicios de 80.

Lembro-me muito bem de que crianças filhas de pais divorciados eram alvo da maior desconfiança e os pais dos outros miúdos nem viam com bons olhos a convivência. Os jeovás ou protestantes, eram aves raras por vezes objecto de insultos. Assisti pessoalmetne a isto nos finais dos anos 70, inicios de 80.