terça out 09, 2012 5:25 pm
Cada um é como cada qual. Eu, quando chamo amigo a alguém, não o faço levianamente, e amo com um amor quase incondicional. Digo quase, porque se minha confiança for traída, esse amor transforma-se em repulsa. Por vezes é bastante difícil gerir os afectos porque não distinguimos o modo de ser das atitudes. Acho que uma pessoa é bem mais do que aquilo que faz, não se define por "comportamento". Erros, todos cometemos e a maioria as vezes por ignorância, desconhecimento, o que ueiram chamar-lhe. Ninguém erra de propósito... Mais a mais, vivemos num país (ou numa região do planeta) em que, culturalmente, os animais são vistos como "coisas" e seres inferiores dos quais podemos pôr e dispôr, até legalmente (são bens móveis). Se nos consideramos mais esclarecidos, é nosso dever esclarecer os outros, sejam nossos amigos ou não, mas se forem nossos amigos estão certamente receptivos a uma mudança de atitude... Por outro lado, acho que devemos relativizar um pouco as coisas. Para mim pode ser uma falha grave e inaceitável abandonar um animal ou pô-lo num canil, ser caçador/pescador, gostar de touradas, etc, mas imaginem, se fosse vegana só teria amigos igualmente veganos? Acho que é preciso um pouco mais de tolerância... há decepções suportáveis e até ultrapassáveis e é preciso engolir alguns sapos para não vivermos isolados e podermos enriquecer-nos com as diferenças dos outros. Isto, claro, no que respeita aos amigos, pelo menos. Nenhum amigo meu me contaria descontraidamente que tinha abandonado ou posto no canil um cão porque lhe marcava uma pedra, mesmo que fosse verdade, sabendo a minha postura e o meu juizo sobre tais actos, porque isso iria magoar-me...
As relações humanas são muito complexas, tanto como os humanos que somos. Se soubesse que os meus pais tinham cometido um crime horrendo, poderia ficar profundamente decepcionada e triste, mas deixar de amá-los... duvido.