terça out 16, 2012 10:53 am
Li o tópico de fio a pavio…
Toda a gente que por aqui anda e já me conhece, sabe que não costumo ter papas na língua e que esgrimo as minhas opiniões, quer concordem ou não com elas. Independentemente das amizades, já esgrimi opiniões contrárias às da Arguida e às da Tassebem, ambas pessoas que prezo muito, mas muito mesmo. Mas decidi mudar de postura para evitar mais atritos, mais contendas e que as pessoa pensem que tenho mau feitio… porque não tenho…
Se não fosse esta mudança de postura, poderia dizer que uma adopção, e mesmo acolhimento em FAT, é um acto consciente de um ser, cientificamente denominado de racional, que deve considerar os prós e contras e possíveis consequências que daí advenham. No caso de adopção, é um compromisso para uma vida de ambas as partes envolvidas e não tenho qualquer dúvida que o considerado "irracional" cumprirá a dele escrupulosamente. Se fosse dizer o que penso, poderia acrescentar que, no caso de um animal fragilizado por maus tratos ou consequências de uma vida repleta de espinhos, esse compromisso é e deverá ser inviolável a qualquer nível para uma pessoa com fortes valores morais. Ousava até dizer que o "descartar" de um animal nessas condições é uma profunda falta de verticalidade e de carácter que define todo um Ser nas restantes vertentes da sua vida, que é de uma crueldade atroz, ainda mais quando se sabe que pode estar em risco a sua vida. Se fosse dizer o que penso, marimbava-me para os comentários de que não tenho nada a ver com isso porque, estando num Fórum público e sendo membro da sociedade cumpre-me discutir actos que considero carentes de moralidade. Principalmente quando falamos de seres indefesos. Se fosse expor mais ideias, diria que casas não encolhem de um dia para o outro, familiares não têm geração espontânea e que cães não chovem de madrugada aos trambolhões. Assim sendo, à partida essas condições existiam já à data da adopção. A não ser que as vossas casas, famílias e animais de estimação não sejam como as minhas. Um animal não pede para ser adoptado, não pede para ser acolhido. Mas ama incondicionalmente quem o faz e, mesmo que a "família" humana virasse sem abrigo, com certeza ele não os deixaria para trás. Por isso são tão melhores que nós, seres "pensantes" (ou nem tanto). Uma adopção/acolhimento de um ser frágil e indefeso como o Xiquinho necessita de alguém à altura, alguém que não o "descarte" quando não dá jeito, alguém que não o tenha levado para um test-drive em que a coisa não correu bem. Ele sente. Ele já sentiu tanto e vai sentir novamente tanto. E, tenho a certeza, que se lhe perguntassem, ele responderia que, ainda assim, com todos os defeitos e falhas dos humanos que o acolheram, ele não escolheria outro sitio para estar. Se eu fosse dar a minha opinião sincera, diria que o Xico merece bem, mas bem melhor na vida e que devia empacotar a sua pochette o quanto antes e zarpar para um lar. Mas um lar a sério. Daqueles onde nos sentimos em casa, em família, onde nos aceitam como somos, onde não temos de encaixar requisitos para ser aceites como membros de um núcleo familiar. Onde não impõem regras, companhias, preceitos ou assoalhadas. Onde podemos ser como somos e temos o nosso tempo para nos encaixarmos e, qualquer ser que se sente amado e aceite pode dar tanto em retorno. Quanto mais um animal, que já não tem, em si, lados lunares. E dão-nos tanto. E sim, caso salientassem uma vez mais que não sei do que falo, talvez não saiba. Mas sei o que é adoptar um animal menos "perfeito", sei o que é assumir um compromisso desses, sei o que implica, sei que, muitas vezes custa, que temos de fazer cedências, que temos de nos deixar de ideias pré-concebidas, que temos de retirar os óculos cor de rosa e ver as coisas como elas são. Sei que temos de ter paciência, Muita. Temos que estar preparados para tudo e aceitar as coisas como elas vierem. Aceitá-los como eles sejam. Sei que temos de nunca, sequer conceber, a ideia de voltar atrás. Uma adopção/acolhimento não é um casamento, e esse já é para o bem ou para o mal, para a saúde ou para a doença. Se fosse a comentar diria mais, diria que é como o ser mãe ou pai. É uma decisão voluntária, consciente (a não ser em caso de violação, claro), com tudo o que implica. Ninguém, no seu juízo perfeito, mesmo no meio de delírios nocturnos, rodeados de biberons, cólicas e fraldas sujas, diz "Ok, pronto, não gostei. Onde posso devolver?". Claro que há sempre os pais que abandonam, que põem no lixo, que já não querem, que deixam de ter espaço, que consideram crianças como coisas. Mas esses não são humanos, são bestas. Uma criança e um animal não são assim tão diferentes: indefesos, frágeis, que não pediram para estar connosco. Que nós decidimos ter connosco. Diria eu, se fosse dar opinião.
Mas não vou dar a minha opinião porque quem está por detrás destas história já há muito tomou a sua decisão. Vou remeter-me ao silêncio e rezar ao Universo para que um Ser Humano se chegue à frente e lhe dê, ao Xico, o destino que ele tanto merece, sem ironias, sem cinismos, sem ânsias de palmadinhas das costas. Que o aceite pelo que ele é: um gato lindo, sofrido e carente. Se pudesse ser eu, com certeza seria. Afinal, ele só necessita de amor, muito amor. Mais nada. MAIS NADA! E com isso apenas, consegue-se tanto. Se não tinham isso para lhe dar, além de paciência, tempo, espaço, carinho, para que raio se ofereceram??? Mas alguém no seu juízo perfeito pensa em acolher um animal que já deprimiu desta maneira e depois "cansa-se"?? Isto, se eu fosse realmente uma pessoa com mau feitio. Que não sou.
E com esperança que consciências saiam da sua hibernação, porque estamos todos a dar o exemplo e a criar as gerações futuras. Ahhh e diria também que acredito muito, cada vez mais em Karma.
O que vai, volta… bom e mau…
Tal como já referiram aqui, duvido, porque tenho direito a isso, das atitudes descritas por parte deste animal. Acho que tentaram moldá-lo, forçaram-no a situações a que quem tem gatos e os conhece, e considera seres com vontade própria, sabe, de antemão, que não irão correr bem. Apesar de constarem na lei como objectos, não o são. Não podem nem devem ser descartados desta forma. É de uma extrema irresponsabilidade saber-se que este animal quase morreu de desgosto e avançar-se para um acolhimento "condicionado". Saber-se que se pode colocar a sua vida em risco. Aliás, se eu fosse dar opinião, diria que já estava de pé atrás com alguém que, tendo passado por uma morte de um animal, devido a um vírus contagioso, estivesse sempre oferecer-se dissimuladamente para receber outro sem passar o período aconselhado, mesmo que se discordasse do espaço de tempo em causa, eu optaria sempre pelo período mais longo. Alguém que nem os dejectos do falecido ainda tinha limpo, se predispunha, como quem não quer a coisa, a receber outro. Bebé, sem defesas. Isso para mim é negligenciar a vida e a saúde de um ser que, novamente, não pediu para lá estar. E espero bem que as opiniões de que o vírus esteja extinto se concretizem. Senão, não gostaria de estar no lugar de quem o permitiu e ficar com uma morte na consciência. Uma que podia ser evitada com um pouco de paciência… tal como esta… porque temo que um animal tão emocionalmente frágil não suporte outro golpe destes…
Termino com uma citação deste mesmo tópico e que define tudo mesmo, incluindo o cinismo da "alma" humana:
"Pobre bicho, ser descartado de uma forma tão cruel."
Além de não emitir opiniões, também não voltarei a este tópico. Felizmente, tenho forma de acompanhar a sua história sem ler aquilo que, eventualmente, virá como resposta à minha "não-opinião". E, caso, me bloqueiem, andarei por aí como Garfield2011 lol…
Tasse, se eu puder ajudar de alguma forma, sabe como me encontrar. Queria muito, muito poder dar-lhe o lar que ele merece. E, não fosse o Bicas, arriscaria.
<p>"Os cães podem vir quando são chamados; os gatos anotam a mensagem e voltam a ligar mais tarde."</p>
<p> Mary Bly </p>