Eu posso contar a minha experiência, pois já lidei com uma cadela que também foi uma carga de trabalhos para lhe ganhar a confiança.
A Laika ainda era cachorrinha, mas já tinha passado por muito quando apareceu à porta dos meus pais. Pelos vistos alguém achou que não era boa para a caça e escorraçou-a. Tinha um pata partida, que por sorte sarou bastante bem sem intervenção humana. A Laika tinha um tremor horrível a pessoas. Bastava ouvir vozes para se esconder e mijar-se toda. Dormia debaixo de um telheiro num tanque público ao lado da minha casa. Esteve lá mais de 3 meses até conseguirmos convencê-la a entrar para o nosso terreno. Todos os dias deixávamos comida e uma peça de roupa para ela se ir habituando ao nosso cheiro.
Com o tempo fomos colocando a comida cada vez mais próxima de casa, e ela a medo lá comia, desde que não se ouvisse nem visse ninguém. Uma semana depois de conseguir que viesse comer dentro do jardim, fechamos-lhe o portão com ajuda de uns cordéis. Não deixamos que ela nos visse, nem ouvisse. É claro que ela entrou em pânico, mas como os muros eram altos e nós tínhamos colocado a tigela perto de uma arrecadação ela escondeu-se lá. A arrecadação já estava preparada com algumas peças de roupa que lhe deixávamos para dormir, para ter além do nosso cheiro, o cheiro dela também. Não tentamos forçar contato com ela. Deixávamos a comida à porta da arrecadação, conversávamos com ela, mas nem sequer espreitávamos à porta. Nos primeiros dias mal saia para comer, mas 2/3 semanas depois já vinha para o jardim, mesmo connosco por perto. Um dia experimentámos levá-la "a passear". Abrimos o portão e saímos, deixando-o aberto. Ela seguiu-nos, de longe, mas vinha atrás de nós. Na volta o mesmo. Entramos, escondemos-nos, ela entrou. Foi um dia fantástico! O tempo passou e ela ganhou a confiança. Demorou mais de 6 meses até ela vir ter connosco e deixar que lhe tocássemos. Ainda a medo. Ouvia-a ladrar pela primeira vez muitos meses depois de estar lá em casa. Era já uma cadela adulta quando brincou pela primeira vez com uma pessoa. Era bruta, nunca aprendeu a brincar, mas era uma alegria vê-la descontraída. A Laika esteve connosco quase 11 anos e foi uma excelente companheira. Ninguém entrava em casa sem a nossa autorização. Não se afastava de nós por nada. Foi a cadela mais leal que alguma vez tivemos.
Tudo isto para dizer que o tempo é a receita para um cão amedrontado.
Ganhar a confiança de um cão abandonado (UPDATE)
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Nikita
Yoshi
<p class="fr0">O homem implora a misericórdia de Deus mas não tem piedade dos animais, para os quais ele é um deus. Os animais que sacrificais já vos deram o doce tributo de seu leite, a maciez de sua lã e depositaram confiança nas mãos criminosas que os degolam. Ninguém purifica seu espírito com sangue. Na inocente cabeça do animal não é possível colocar o peso de um fio de cabelo das maldades e erros pelos quais cada um terá de responder. <strong>Buda</strong></p>
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Ai o Boris, o Boris,...
Já tenho novidades.
Desta vez não houve uma grande evolução.
O Boris já come dentro da tal casinha de cimento muitas vezes, mas ainda um bocado a medo e a querer sair de lá o mais depressa possível. Se ele não come, entre os gatos da casa (2) e os vadios que por lá passam, fazem a festa. Daí que a minha amiga tente que ele coma, ainda que colocando umas vezes do lado de fora (da casinha, mas já dentro do portão), porque senão os aristogatos levam a melhor
.
E depois, continua um tonto. Começou a chover, e ele teima em não ir dormir para lá. Ela vê-o abrigado debaixo de uma azinheira! Fica ensopado, claro! E também vai para "parte incerta", mas anda muitas vezes assim á chuva.
Continua coxo de uma pata traseira (já andava) mas ela chamou-me a atenção para uma coisa: uma das unhas dessa pata cresceu muito mais do que as restantes. Provavelmente porque ele não usa muito a pata, logo não a gasta, mas só uma das unhas é que não está gasta?
É um tonto. Como sabem, como não se lhe consegue chegar, não lhe são prestados cuidados veterinários.
Enfim... como prometido aqui ficou o update.
Já tenho novidades.
Desta vez não houve uma grande evolução.
O Boris já come dentro da tal casinha de cimento muitas vezes, mas ainda um bocado a medo e a querer sair de lá o mais depressa possível. Se ele não come, entre os gatos da casa (2) e os vadios que por lá passam, fazem a festa. Daí que a minha amiga tente que ele coma, ainda que colocando umas vezes do lado de fora (da casinha, mas já dentro do portão), porque senão os aristogatos levam a melhor

E depois, continua um tonto. Começou a chover, e ele teima em não ir dormir para lá. Ela vê-o abrigado debaixo de uma azinheira! Fica ensopado, claro! E também vai para "parte incerta", mas anda muitas vezes assim á chuva.
Continua coxo de uma pata traseira (já andava) mas ela chamou-me a atenção para uma coisa: uma das unhas dessa pata cresceu muito mais do que as restantes. Provavelmente porque ele não usa muito a pata, logo não a gasta, mas só uma das unhas é que não está gasta?
É um tonto. Como sabem, como não se lhe consegue chegar, não lhe são prestados cuidados veterinários.
Enfim... como prometido aqui ficou o update.