Já muito debatido- A pulverização associativa ou a febre dos directores

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Moderador: mcerqueira

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CasadeAnaval
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domingo fev 22, 2004 12:31 pm

Concerteza que todos sabem que as pessoas adoram chamar-se director ou dr.

No caso das associações de protecção aos animais parecem um exemplo acabado de falat de prudência e de planeamento.

Estive a fazer uma listagem das associações de ajuda aos animais para poder dar indicações a quem procura uma para os mais variados fins... e desisti.

Muitas delas não têm sequer sede social.
A maior parte é formada por uma mão cheia de pessoas que pomposamente se intitula direcção.

Quase nenhumas têm meios de fazer aquilo a que se propôem.
No entanto são dezenas. Apercebo-me que cada vez que surge uma pessoa com vontade de ajudar animais, cria uma associação...

Resultado ? Não fazem quase nada e não têm capacidade interventiva acima de zero.

Para ajudar os canitos não teria lógica juntarem-se todos em volta de uma ou duas associações como a Zoofila ou a protectora do Porto, criando nucleos regionais ?

Ou será a mania de querer fazer tudo à sua maneira sem dar satisfações a ninguém ?

Fica a pergunta
<p><a href="http://www.antidoto-portugal.org">http://www.antidoto-portugal.org</a></p>
Nanico
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domingo fev 22, 2004 1:52 pm

Esta tambem e uma questao que me preocupa.

Nao creio que aconteca porque as pessoas querem ser directoras ou dras. Muito longe disso... Creio que acontece porque ha muita urgencia de ajudar os animais, muito pouca informacao e muito pouco apoio.

Se existisse um orgao central de apoio as associacoes, as coisas poderiam ser muito simplificadas para as dezenas de associacoes em todo o pais. Muitas associacoes degladiam-se para existir porque tem de inventar a roda pela centesima vez, depois de tantas outras... Houvesse uma partilha de experiencias e todos poderiam beneficiar, a comecar pelos caes.

Algumas associacoes tem excelentes contactos para entrega de racoes. Outras tem experiencia com a contrucao de canis. Outras tem regulamentos que sao resultado de anos de experiencia. Outras tem experiencia de manutencao de bases de dados de animais e websites... e tantas outras coisas com que nos podemos ajudar uns aos outros... E se essas experiencias fossem unidas, num local onde quem a procurasse a pudesse encontar facilmente? Quem beneficiava eram os caes.

Outra coisa que me preocupa e a proliferacao de sites de adopcao de animais abandonados. Faz muito pouco sentido criar mais um site: Nao se esta a ajudar. Esta-se a dispersar. Seria importante que quem tem um animal para divulgar ou que procure um, pudesse ir a um so site. Mesmo que se coloque informacao acerca de um animal num determinado site privado, deve sempre criar-se ficha num site como o www.adopa-me.org. Isso para bem do animal. Todos queremos ajudar, mas nao aqui lugar para protagonismos: so a uniao faz a forca.
nel
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domingo fev 22, 2004 3:02 pm

Estou de acordo com as apreensões do Vasco e da Nanico. A dispersão cria a desconfiança na população, ainda mais por se ter criado a fama de que as pessoas que estão à frente das associações só se querem governar e não ligam puto aos animais.
É uma situação muito difícil de resolver, o que não significa que se fique de braços cruzados.
Existir um organismo oficial que centralizasse e coordenasse as associações, como sugere a nanico, seria uma hipótese, mas à volta disso desenvolver-se-ia um processo burocrático tão pesado que não sei se não seria pior a emenda do que o soneto. É que assim sempre se vai fazendo alguma coisa. E não é só isso. Julgo que as pessoas que tomaram a iniciativa se sentem mais realizadas nas suas mini-associações do que colaborando numa entidade "institucional".
Mas a proliferação de associações julgo que também não é solução.
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anjaazul
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domingo fev 22, 2004 3:48 pm

E não é só isso. Julgo que as pessoas que tomaram a iniciativa se sentem mais realizadas nas suas mini-associações do que colaborando numa entidade "institucional".
parece que não os conhecem. se mesmo dentro da mesma associação, muitas vezes ninguém se entende... são guerrinhas, invejas, etc. imagine-se a formação de uma federeção. estamos em portugal, meus caros. sempre pelo bem dos animais. pois é... a vida torna-nos cínicos :evil:
metafora
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domingo fev 22, 2004 5:50 pm

Neste tipo de questões, todos os lados acabam por ter razão, vejamos:

Existir um só processo burocrático que culmine em diversos núcleos é uma excelente ideia.

Existirem diversos processos burocráticos que gerem uma entidade unitária também é uma potencial ideia, e talvez a mais aproximada da realidade neste exacto momento.

Mas vejamos a realidade associativa como ela realmente é, seja ao nível da protecção dos animais seja a qualquer outro nível... uma associação quando se cria é através de um impulso de um núcleo de pessoas orientadas por um objectivo... mas é criada porque há uma lacuna institucional que o permite. Se não forem as associações no interior do país onde é que vão existir peças de teatro (a qualidade, obviamente, é mais um prisma a discutir...)?

Entendo o que o Vasco e a Joana dizem, no entanto lidamos com realidades diferentes, posturas diferentes...

Defendo que em cada concelho deveria existir uma associação. Porquê? Porque só assim a causa animal teria sentido. Cada associação preocupar-se-ia com os animais do seu concelho. Seriam 366 associações, é um facto, mas todas podem colaborar entre sim. Há que ter em conta, repito, as especificidades.

Como todos sabem cada associação é diferente entre si, têm princípios semelhantes, mas metodologias diferentes. Não vou colocar em questão essas metodologias. Devem ser respeitadas, como são outras associações culturais. Quem não as respeitar não cumpre, de todo, a base da nossa sociedade: a democracia.

Cada associação é dos sócios. Uma entidade particular. Cabe somente aos sócios decidir o seu rumo e o seu funcionamento interno. Cabe aos sócios o papel de entenderem o meio onde estão inseridos. Há fortes diferenças entre o interior rural e o litoral urbano. Respeitemo-las.

Quanto aos Drs. ou aos presidentes de qualquer coisa... cabe-lhes a eles fazerem as coisas funcionar ou não. Aos sócios cabe julgar no final do mandato.

E é verdade que nem sempre as pessoas se entendem... mas isso é um panorama nacional, em qualquer que seja a associação. Quanto mais não seja quando se tem que decidir onde é que se vai fazer o chafariz da aldeia ou então se fica bonito ou não.

É génese humana a crítica e bem-haja por isso. Felizmente não gostamos todos de amarelo. Mas as opiniões, quanto a mim, só têm validade quando a pessoa já demonstrou trabalho...

Talvez tenha sido longa e não me tenha explicado muito bem... mas eu sou daquelas pessoas que ainda acredita que o associativismo é o exemplo mais puro de democracia e cidadania.

Cumprimentos,

Dina Azeiteiro
CasadeAnaval
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domingo fev 22, 2004 7:00 pm

Cara Dina. Eu percebo bem o que quer dizer.

No entanto em Portugal é estranhissimo o conflito de egos.
Por exemplo, uma associação que andava pelas ruas da amargura voltou a mudar de direcção e andam de novo á cacetada...nunca sairão da cepa torta.

O maior display de falta de solidariedade viu-se com a questão de Barrancos. as acções deram em nada porque existiram manobras de bastidores entre associações para ver quem comandava as hostes.

E e facto quando algums associações atacam outras por não serem vegetarianos e supostamente não gostarem de animais por essa razão :o não se chega a lado nenhum.

Pouquissimas associações têm alguma capacidade. Não nos enganemos, a capacidade de lóbi é a única forma de se chegar a algum sitio.
<p><a href="http://www.antidoto-portugal.org">http://www.antidoto-portugal.org</a></p>
metafora
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domingo fev 22, 2004 7:11 pm

[quote=CasadeAnaval]
Cara Dina. Eu percebo bem o que quer dizer.

No entanto em Portugal é estranhissimo o conflito de egos.
Por exemplo, uma associação que andava pelas ruas da amargura voltou a mudar de direcção e andam de novo á cacetada...nunca sairão da cepa torta.

(...)

Pouquissimas associações têm alguma capacidade. Não nos enganemos, a capacidade de lóbi é a única forma de se chegar a algum sitio.
[/quote]

Concordo plenamente consigo Vasco. A capacidade de lobbie é extremamente importante. A questão é não ser um lobbie tendencioso, mas sim coerente, respeitador das particulariedades de cada associação.

Em Portugal a maioria das associações preocupa-se com cães e gatos. Sejamos honestos em relação a isso. Tenho que ser contundente neste aspecto: quantos cães e gatos morrem por ano? Quantos touros?

Há que estabelecer prioridades!

Em relação ao veganismo cada qual é como é. Como diz o ditado "somos presos por ter cão e por não ter". Opções derivam em democracia!

Cumprimentos,

Dina Azeiteiro
CasadeAnaval
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domingo fev 22, 2004 7:16 pm

metafora Escreveu:
Concordo plenamente consigo Vasco. A capacidade de lobbie é extremamente importante. A questão é não ser um lobbie tendencioso, mas sim coerente, respeitador das particulariedades de cada associação.
tem toda a razão.
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ladyxzeus
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segunda fev 23, 2004 6:46 pm

A existência de um núcleo para as associações seria, penso eu, a solução ideal. As associações "pequeninas" poderiam funcionar como extensões da primeira, que centralizaria todas as operações. No entanto, penso que esse núcleo não deve ser governamental, visto que seria uma confusão burucrática de proporções épicas, que em nada ajudaria os animais.
Óbviamente, tudo isto é impossibilitado por razões muito misteriosas. Porque é que existirão estas "guerras" entre associações? Afinal não têm todas o mesmo objectivo? Porquê isolar-se para fazer as coisas à sua maneira? Tudo junto seria a forma de aproveitar o que há-de melhor em cada uma das associações... Estas são as questões que todos nós colocamos, mas que ainda não foram deslindadas em todas estas intervenções (que devo elogiar, visto que foram uito boas). Quem consiguir responder a isto terá desvenedado um dos grandes segredos da humanidade...
metafora
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segunda fev 23, 2004 10:00 pm

[quote]No entanto, penso que esse núcleo não deve ser governamental, visto que seria uma confusão burucrática de proporções épicas, que em nada ajudaria os animais.
Óbviamente, tudo isto é impossibilitado por razões muito misteriosas. Porque é que existirão estas "guerras" entre associações? Afinal não têm todas o mesmo objectivo? [/quote]


A burocracia acontecerá sempre, talvez se possa é tornar mais célere, consoante a vontade de avançar.
;)

Quando refere "guerras" espero que não tenha sido em relação ao que eu disse atrás. Se me expliquei mal peço desculpa.

O que quis afirmar é que cada associação tem o seu funcionamento. Tão somente isso. Poderemos alinhavar diversas alíneas, mas desde o abate de determinados animais, à forma de adopção, às campanhas realizadas...

Porém, nesta fase, considero utópico fazer-se muito mais do que o trabalho nos canis.

Esterilizar, esterilizar, esterilizar. Para mim este é o acto imediato que deveria ser colocado em prática.

Mas, em paralelo, a formação dos jovens, a sua sensibilização permite-á uma recolha de frutos a médio e longo prazo que permitirá solucionar muitos problemas.

Mas voltando às "guerras"... a sede de protagonismo muitas vezes oculta o essencial... algo em que o ser humano também é bastante pródigo...

Cumprimentos,

Dina Azeiteiro
ladyxzeus
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terça fev 24, 2004 12:07 pm

metafora Escreveu:A burocracia acontecerá sempre, talvez se possa é tornar mais célere, consoante a vontade de avançar.


Quando refere "guerras" espero que não tenha sido em relação ao que eu disse atrás. Se me expliquei mal peço desculpa.

O que quis afirmar é que cada associação tem o seu funcionamento. Tão somente isso. Poderemos alinhavar diversas alíneas, mas desde o abate de determinados animais, à forma de adopção, às campanhas realizadas...

Porém, nesta fase, considero utópico fazer-se muito mais do que o trabalho nos canis.

Esterilizar, esterilizar, esterilizar. Para mim este é o acto imediato que deveria ser colocado em prática.

Mas, em paralelo, a formação dos jovens, a sua sensibilização permite-á uma recolha de frutos a médio e longo prazo que permitirá solucionar muitos problemas.

Mas voltando às "guerras"... a sede de protagonismo muitas vezes oculta o essencial... algo em que o ser humano também é bastante pródigo...
Quanto às "guerras", refiro-me às lutas entre os corpos administrativos das associações.
Esterilizar/castrar é o que se deve fazer de imediato, concordo consigo. Abater também seria uma boa opção, apesar de (segundo algumas pessoas) ser "mau, bárbaro e injusto".
A formação dos jovens é algo que não se faz. Seria excelente, mas não se faz. Não há fundos, não há meios, não há grande vontade...
Aleacim
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quarta mar 17, 2004 11:05 pm

Pois...
...eu hoje estive no Canil Municipal aqui da zona e...no ambito do meu trabalho de relações publicas...falei com o veterinario responsavel pelo canil no sentido de saber quais os principais problemas do canil...
...para meu espanto...nao são instalações nem questoes monetarias...
o principal problema apontado é o desconhecimento da lei por parte da população...e o desconhecimento desta acerca das funções reais de um canil municipal.
Uma associação queria ligar-se ao canil (mandar la seria o termo mais correcto)...a camara não o pode aceitar, ate porque não é permitido por lei mas fez uma contraproposta...tiravam fotos dos animais que não foram reclamados pelos donos e que se encontrassem de boa saude e cediam fotos a organização/associaçao que se encarregaria da fixação destas de modo a promover a adopção.
pois a associação amiga dos animais nao quis. eles queriam mandar em tudo, mas como a camara nao aceitou...simplesmente esqueceram os animais para pensarem apenas na "luta" contra os "monstros que matam caes".
desculpem se foge um pouco ao topico, mas revoltou-me um pouco ver que ate a suposta amizade pelos animais é muitas vezes alimentada por uma sede de poder.
o Canil la continua fazendo o seu trabalho...e até fugindo um pouco a lei porque os animais saudaveis são mantidos (graças as amplas instalações) muito para alem dos dez dias previstos pela lei na tentativa de serem adoptados...e alguns tem tido a sorte de o ser.

Por agora fico por aqui
fiquem bem
Ana
hecep
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quinta mar 18, 2004 4:46 pm

Compreendo o que querem dizer mas, pelo menos por cá, existem particularidades que tornam difícil a aplicação de algumas das coisas que disseram. Nos Açores há descontinuidade territorial, não pode haver 1 só abrigo de animais pq são 9 ilhas. Essa ideia dos núcleos locais havendo uma gestão centralizada parece-me boa mas coloca-me outra preocupação: a da angariação de fundos. Se um núcleo angaria fundos esse dinheiro deveria ir para um fundo comum? Sendo assim como se garantiria uma boa distribuição dos fundos? Isto levanta tantas questões que nem quero pensar nisso (já para não falar das rivalidades entre ilhas que são preocupantes que as rivalidades entre associações cá, pois cá a maioria das associações quase que não se conhecem).
Quanto ao protagonismo, cá no Faial não me parece nada que seja assim, é ao contrário, dirigir a associação é um pesadelo em vários aspectos e a pessoa que o faz não se importava nada que fosse outro a fazê-lo mas ninguém quer. A mim logo que comecei a colaborar perguntaram-me se eu queria...
Cá o canil municipal era muito mau, tinha os animais em condições deploráveis até serem mortos. Por pressão da associação fechou portas, já não funciona, logo já não se abatem cães de rua. Embora eu não seja propriamente a favor do abate acho que esta situação também é um bocado para o insustentável, além de não se cumprir a legislação...
Uma coisa boa que esta associação tem feito são esterilizações a muitas cadelas (e até a gatos numa altura em que foi mesmo urgente).
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