AJUDA!!! É possível habituar um cão de rua a uma família?

[Heyou]

Boa tarde,

Recentemente resgatei uma cadelinha com cerca de um ano de um acampamento de ciganos. Eles cortaram-lhe o rabo a sangue frio, batiam-lhe com paus e ultimamente não a alimentavam e deixavam-na dormir ao relento. A cadelinha também estava grávida de 3 semanas, pelo que foi imediatamente esterilizada e agora está a fazer o pós-operatório em minha casa.

Ela chora muito, está sempre a ganir e não é com dores, tenho a certeza. Mesmo quando eu me aproximo dela, ela chora. Hoje aconteceu uma situação muito chata. Não sei como, ela saltou o muro (que ainda tem uma dimensão considerável) e foi a correr para o acampamento dos ciganos. Consegui apanha-la lá mas ela ladrou-me e rosnou-me.

Não entendo... E não sei o que fazer... Será que vou ter de a voltar a colocar lá? Ajudem-me por favor!

[estevez]

é possível, sim. mas ao contrário do que muita gente pensa, salvar um animal seja da rua ou de um canil não é um filme da disney. eles não ficam "agradecidos" para sempre, como muitos me disseram quando andava à procura de um cão para adoptar. têm que se habituar à nova vida, à casa, rotinas, pessoas e dá muito trabalho... se não tiver condições para isso o melhor é procurar ajuda de um treinador ou de uma associação.

[Heyou]

Eu tenho condições.
Tenho tempo, espaço e muita paciência.
Mas nesta situação não sei como proceder. Ainda por cima não a posso colocar dentro de casa em contacto com o meu outro cão, porque ela ainda não foi vacinada. Por isso ela está numa divisão à parte. Eu trago-a para dentro durante o dia, passeio e brinco com ela e até comida à boca lhe dou. Mimos, atenção. Tudo! Trato-a como uma rainha. Mas ela à primeira oportunidade fugiu para aquela gente!

[Cresp0]

por muito mal que os ciganos a tratassem ela reconhece-os como os donos, nao vai ser de um dia para o outro continue o que esta a fazer, brinque muito com ela so assim cria lacos fortes com ela.
para alem que e um cao que esta habituado a estar na rua agora estando fechado e normal que chore

boa sorte

[kat149]

Apesar de lhe fazerem mal, eles é que são os donos, a maior parte dos cães são fieis aos donos mesmo nestas situações, no fundo ela não a conhece. Tem que ir com calma!

[Pirata02]

Eu tenho condições.
Tenho tempo, espaço e muita paciência.
Mas nesta situação não sei como proceder. Ainda por cima não a posso colocar dentro de casa em contacto com o meu outro cão, porque ela ainda não foi vacinada. Por isso ela está numa divisão à parte. Eu trago-a para dentro durante o dia, passeio e brinco com ela e até comida à boca lhe dou. Mimos, atenção. Tudo! Trato-a como uma rainha. Mas ela à primeira oportunidade fugiu para aquela gente!

Heyou,tenha calma e nao desespere... pense que é a unica realidade que essa pequena conheçe,pode dar algum trabalho no inicio até lhe ganhar a confiança e habituar-se...
se a situaçao como diz nesse tal acampamento é assim tão má não devolva a bichinha...

[kat149]

por muito mal que os ciganos a tratassem ela reconhece-os como os donos, nao vai ser de um dia para o outro continue o que esta a fazer, brinque muito com ela so assim cria lacos fortes com ela.
para alem que e um cao que esta habituado a estar na rua agora estando fechado e normal que chore

boa sorte

Cheguei um minuto atrasada, mas quando abri o tópico e ia responder ainda não estava a sua resposta

[Heyou]

Fiquei tão triste quando ela me ladrou ao tentar apanha-la de novo... Vou ser persistente. Ainda tão jovem e já apegada àquela gente que só lhe fez mal?

Mas acham que é possível ela vir a reconhecer-me como dona daqui a algumas semanas?

[Pirata02]

é possível, sim. mas ao contrário do que muita gente pensa, salvar um animal seja da rua ou de um canil não é um filme da disney. eles não ficam "agradecidos" para sempre, como muitos me disseram quando andava à procura de um cão para adoptar. têm que se habituar à nova vida, à casa, rotinas, pessoas e dá muito trabalho... se não tiver condições para isso o melhor é procurar ajuda de um treinador ou de uma associação.

estevez... sei que cada caso é um caso...mas falo por experiência própria...
o meu cão foi retirado a uma familia cigana e posso garantir que é um cão super agradecido... (note-se que "porradinha,forte e feio" não lhe deve ter faltado)...é claro que levou tempo até ele perceber que não íamos fazer-lhe mal... todo animal é cativo do carinho e amor... temos é que ter paciencia apenas...

[Heyou]

Mas não posso dizer que ela tenha muito medo... Quer dizer, quando lhe pomos a mão ela não baixa as orelhas nem mete o rabo entre as pernas, como outros cães de quem já fui FAT.
Mas chora bastante... É esse o aspecto mais flagrante. E tenta fugir. E se lhe toco muito, para ver como está a cicatriz da esterilização, até me tenta morder!
Será que com amor e carinho tudo isto passa?

[WaterMonitor]

Se souber lidar com a situação passa. Se não souber o melhor é procurar ajuda.

A cadela não está a fazer por mal, não é ingrata, é apenas ... um cão. O mundo dela era aquele, a sua matilha os ciganos que a maltratavam. Neste momento está confusa, assustada e a esterilização não ajudou. Mas foi a atitude correcta!

Antes de mais, não tenha pena dela e não se ponha com pensamentos humanos tipo "coitadinha, sofreu tanto". Ela não entende isso e não funciona assim.

Lide com ela com calma, mas com firmeza. Não pode cá morder quando lhe tocam que isso não se admite. Trate-a como trata o seu cão, porque não é mais nem menos. Mas dê-lhe tempo para se habituar a este novo mundo que tanto a assusta agora.

Acredite que calma e paciência (para dentadas a paciência tem que ser zero) resolvem tudo.

[Heyou]

Já tive cães, mas nunca um cão já com um ano. Todos os cães que tive vieram cachorrinhos ainda, esta já tem um ano, o que dificulta as coisas. Não sei bem como educar um cão já adulto.

O facto de ela estar fora de casa, numa divisão externa, dificulta as coisas também. Tenho mais um cão e três gatos, e não posso arriscar e coloca-los todos juntos. Ela ainda não está vacinada e só quando acabar de tomar a medicação é que poderá tomar a primeira vacina.

Quanto às mordidas, eu ainda só a conheço há três dias, e ela a mim. Estamos as duas desconfiadas uma para a outra. Não sei qual será a reacção dela se fizer certos movimentos, não sei se a mordedura dela dói, se ela aperta com força... Não nos conhecemos simplesmente. Sei apenas que é uma cadela com 11 meses, aproximadamente, que pesa 10kg e que tem alguns traços de beagle.

[WaterMonitor]

Vá com calma e tente que a sua presença seja um conforto para a situação, de confusão e medo, em que ela está.

Não considero de todo que o facto de ela estar neste momento separada seja mau. Acho até que primeiro tem que ganhar a confiança dela e só depois a pode testar com os outros.

Nunca juntei cães à doida e os que adoptei (uma fêmea adulta em muito mau estado e um macho idoso em perfeita condição, mas gigantesco) nunca coloquei com os meus outros sem primeiro saber que posso confiar neles.

Com a fêmea, que estava mesmo muito mal e tinha desistido, isolei-a e fazia-lhe visitas para alimentar e animar para a vida. Sempre na calma, sempre sem medos e sempre a fazer coisas positivas como mudar a roupa da cama (ela estava imunda e eu não podia dar banho). Não sei explicar como é que sabia o que ela precisava, mas a verdade é que me saiu natural. Descobri logo que queria estar toda tapada, cabeça e tudo, e ia lá tapá-la e ajeitar as mantas. Acariciava-a, sentava-me no chão e punha a cabeça dela no meu colo. Aos poucos ela começou a levantar-se para andar atrás de mim e a procurar o contacto físico quando eu não dava. Foi mesmo fixe.

Isto teve o lado negativo de ela associar a minha presença a um mundo positivo, ou seja, as coisas todas, as experiências todas, só são boas se eu lá estiver. Passados dois anos ainda estamos a trabalhar um bocado nessa parte.

[marianamar]

Com a fêmea, que estava mesmo muito mal e tinha desistido, isolei-a e fazia-lhe visitas para alimentar e animar para a vida. Sempre na calma, sempre sem medos e sempre a fazer coisas positivas como mudar a roupa da cama (ela estava imunda e eu não podia dar banho). Não sei explicar como é que sabia o que ela precisava, mas a verdade é que me saiu natural. Descobri logo que queria estar toda tapada, cabeça e tudo, e ia lá tapá-la e ajeitar as mantas. Acariciava-a, sentava-me no chão e punha a cabeça dela no meu colo. Aos poucos ela começou a levantar-se para andar atrás de mim e a procurar o contacto físico quando eu não dava. Foi mesmo fixe.

Isto teve o lado negativo de ela associar a minha presença a um mundo positivo, ou seja, as coisas todas, as experiências todas, só são boas se eu lá estiver. Passados dois anos ainda estamos a trabalhar um bocado nessa parte.

Consigo associar tanto isto àquilo porque passámos juntos, Vicente e eu.

[estevez]

é possível, sim. mas ao contrário do que muita gente pensa, salvar um animal seja da rua ou de um canil não é um filme da disney. eles não ficam "agradecidos" para sempre, como muitos me disseram quando andava à procura de um cão para adoptar. têm que se habituar à nova vida, à casa, rotinas, pessoas e dá muito trabalho... se não tiver condições para isso o melhor é procurar ajuda de um treinador ou de uma associação.

estevez... sei que cada caso é um caso...mas falo por experiência própria...
o meu cão foi retirado a uma familia cigana e posso garantir que é um cão super agradecido... (note-se que "porradinha,forte e feio" não lhe deve ter faltado)...é claro que levou tempo até ele perceber que não íamos fazer-lhe mal... todo animal é cativo do carinho e amor... temos é que ter paciencia apenas...

Claro que sim, mas há ainda muito a ideia que é como nos filmes, salvamos o cão de uma vida miserável e temos instantaneamente a lassie, um cão agradecido, que nos segue para todo o lado, que vai ser o melhor cao do mundo e nunca dar trabalho. Isso nao é verdade, vai dar trabalho e nao vai ser de um dia para o outro que o cao vai estar integrado na nossa vida.

Quanto a quem colocou o tópico, se tem condições, tempo e experiência com cães, é seguir os conselhos que já lhe deram, ter calma, paciência e assertividade. E nao levar as reacções da cadela a peito.