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Este é o fórum dedicado exclusivamente ao melhor amigo do homem! Troque ideias e tire dúvidas sobre o cão.

Moderador: mcerqueira

lds6
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sexta mai 10, 2013 6:58 pm

zeca2 Escreveu:Aprendi que o período de imprinting termina quando o cachorro licita a sua primeira conduta de medo. Gostaria que o lds6 me desse a sua opinião sobre esta afirmação.
O que sei sobre isso é fruto da combinação de informações obtidas esparsamente e uma interpretação muito activa (chamemos-lhe assim) aplicada ao caso dos cães. Bom, sim, podemos dizer que o período de imprinting termina quando o cachorro já começa a ter algumas reservas quanto àquilo que percepciona; quando esse período termina, a assimilação de experiências novas e o contacto com estímulos estranhos já não é feita de forma imediata. No entanto, eu dificilmente lhe chamaria de medo, até porque medo tem um contexto comportamental bem definido e não coincide com o simples estranhar os objectos desconhecidos.

Já agora, eu retribuo com uma questão. Eu nunca ouvi falar de imprinting no caso específico dos cães (mas apenas como conceito etológico geral), e questiono-me se ele coincide plenamente com aquilo a que se convencionou chamar de "janela óptima de socialização", ou se poderão ter prazos e determinações diferentes...
zeca2
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sexta mai 10, 2013 7:50 pm

Eu nunca ouvi falar de imprinting no caso específico dos cães (mas apenas como conceito etológico geral), e questiono-me se ele coincide plenamente com aquilo a que se convencionou chamar de "janela óptima de socialização", ou se poderão ter prazos e determinações diferentes...
Não sei se percebi bem o sentido da sua questão. Em etologia aplicada ao cão doméstico a fase de imprinting é realmente decisiva para a formação do carácter do cão e termina aquando da licitação da primeira conduta de medo. Como você disse este período é realmente uma "janela de sociabilização" intra e inter específica, já que o cachorro é como uma esponja que absorve todas as experiências e ensinamentos que a mãe lhe transmite. O criador deve também aproveitar esta fase para sociabilizar gradualmente o cachorro.

Embora o fim do imprinting ocorra por volta das 10 semanas, para mim isto não é completamente líquido, é mais uma referência. Aliás acho que depois dessa fase ainda se pode eliminar/minorar muitos problemas de sociabilização, pelo menos até ao fim da fase juvenil, embora, como é evidente, quanto mais tarde, pior.
lds6
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sexta mai 10, 2013 8:14 pm

zeca2 Escreveu:
Eu nunca ouvi falar de imprinting no caso específico dos cães (mas apenas como conceito etológico geral), e questiono-me se ele coincide plenamente com aquilo a que se convencionou chamar de "janela óptima de socialização", ou se poderão ter prazos e determinações diferentes...
Não sei se percebi bem o sentido da sua questão. Em etologia aplicada ao cão doméstico a fase de imprinting é realmente decisiva para a formação do carácter do cão e termina aquando da licitação da primeira conduta de medo. Como você disse este período é realmente uma "janela de sociabilização" intra e inter específica, já que o cachorro é como uma esponja que absorve todas as experiências e ensinamentos que a mãe lhe transmite. O criador deve também aproveitar esta fase para sociabilizar gradualmente o cachorro.

Embora o fim do imprinting ocorra por volta das 10 semanas, para mim isto não é completamente líquido, é mais uma referência. Aliás acho que depois dessa fase ainda se pode eliminar/minorar muitos problemas de sociabilização, pelo menos até ao fim da fase juvenil, embora, como é evidente, quanto mais tarde, pior.
A socialização de um cão pode ocorrer a qualquer idade. A diferença é que na tal "janela óptima" o efeito "esponja" de que o Zeca fala é mais visível; e uma vez passado esse período, já se tem de ter mais cuidado na apresentação de estímulos novos/estranhos. Com cães adultos, a diferença é que já temos de combater alguns efeitos da falta de socialização em tempo devido, mas isso não torna a empresa impossível.
Dito de melhor forma: o período óptimo, ou crítico de socialização é aquele vai determinar o que é familiar e o que é estranho para um cão. Nada é estranho durante esse período. Mas, depois dessa fase, uma coisa estranha pode deixar de o ser se for devida e cuidadosamente "apresentada".

Continuo, no entanto, a não compreender por que razão se fala de medo. Eu acho que já percebi a lógica. Ao primeiro sinal de medo significa que o cachorro já está a criar algumas resistências na absorção de informação. Tudo bem. Mas porquê medo? Eu posso induzir medo a um cachorro de 5 semanas, e nem por isso o período de imprinting dele vai cessar aí. Assim como um cachorro pode nunca ter evidenciado nenhum sinal de medo e o seu período de imprinting já ter acabado.

Se o "prazo" convencionado para o fim da fase de imprinting são as 10 semanas, então, muito provavelmente, não se trata exactamente da mesma coisa que o período óptimo de socialização, pois este, por convenção, aceita-se que termine por volta das 18 semanas. Vou tentar investigar.
zeca2
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sexta mai 10, 2013 8:52 pm

Bem, estes temas sao bastante complicados e eu, como disse, aceito determinadas "regras" como referência e não como dogmas... quanto à questão do "medo", penso que nos estamos novamente a deixar levar pela terminologia. Se um cachorro recua perante um estímulo novo, e mantém esse estado após um curto período de adaptação, é óbvio que estamos perante uma situação de medo perante o desconhecido. Isto nada tem de pejorativo, o medo é uma reacção perfeitamente normal, simplesmente indica
que a fase de imprinting está a terminar.

Uma correcta manipulação da ninhada durante a fase neonatal e posterior pode retardar este tipo de respostas. Do mesmo modo, terminada a fase de imprinting é possível estimular os vários instintos e drives, promovendo e direccionando o processo de sociabilização.

Concordo que é sempre possível minimizar aspectos negativos da fase de sociabilização, o que disse é que quanto mais tarde, mais difícil, sobretudo os relacionados com fobias e medos, estes de mais dificil dessensibilização.

Penso que no essencial estamos de acordo.
lds6
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sexta mai 10, 2013 9:07 pm

zeca2 Escreveu:Bem, estes temas sao bastante complicados e eu, como disse, aceito determinadas "regras" como referência e não como dogmas... quanto à questão do "medo", penso que nos estamos novamente a deixar levar pela terminologia. Se um cachorro recua perante um estímulo novo, e mantém esse estado após um curto período de adaptação, é óbvio que estamos perante uma situação de medo perante o desconhecido. Isto nada tem de pejorativo, o medo é uma reacção perfeitamente normal, simplesmente indica
que a fase de imprinting está a terminar.

Uma correcta manipulação da ninhada durante a fase neonatal e posterior pode retardar este tipo de respostas. Do mesmo modo, terminada a fase de imprinting é possível estimular os vários instintos e drives, promovendo e direccionando o processo de sociabilização.

Concordo que é sempre possível minimizar aspectos negativos da fase de sociabilização, o que disse é que quanto mais tarde, mais difícil, sobretudo os relacionados com fobias e medos, estes de mais dificil dessensibilização.

Penso que no essencial estamos de acordo.
A minha questão relativa ao termo 'medo' não é simples implicância ou preciosismo terminológico. É que 'medo' está associado a um problema comportamental que deverá ser tratado; além de que é algo que foi construído por uma série menos feliz de condicionamentos e experiências.
Esse "medo" de que o zeca fala é uma reacção bruta, não cumulativa, natural e não-mediada. É uma simples reacção de estranheza.
Ora, eu acho perigoso usar-se o mesmo nome para dois fenómenos que são bem distintos. É só isso.

No mais, é evidente que não desacordo algum, até porque nem é uma questão de concordar ou discordar, mas de aprimoramento de noções, chamemos-lhe assim.

Entretanto, é melhor deixar o off-topic, que o user que abriu o tópico ainda se chateia... 8)
nicosa
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sexta mai 10, 2013 9:41 pm

lds6 Escreveu:
ai ó pá, escrevo sempre tanto :oops:
é um defeito que partilhamos...

:lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:
Sofia
doglover80
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sexta mai 10, 2013 10:03 pm

lds6 Os meus conhecimentos em comportamento canino são claramente inferiores aos seus. E a minha capacidade de escrita e transmissão desses conhecimentos é imensamente inferior à sua, por isso assumo a suas criticas e vou refletir acerca dos seus argumentos, eu estou disposto a mudar sempre as minhas opiniões, desde que existam argumentos validos para isso.

No treino dos cães já mudei tanto que parar de o fazer era uma estupidez.

Não sei quem é, mas agrada-me muito a sua participação neste fórum.

Continue a escrever, obrigado por isso.
<p><strong><a href="http://www.bomcaopanheiro.blogspot.com">www.bomcaopanheiro.blogspot.com</a></strong>&nbsp;</p>
lds6
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sexta mai 10, 2013 11:00 pm

doglover80 Escreveu:lds6 Os meus conhecimentos em comportamento canino são claramente inferiores aos seus. E a minha capacidade de escrita e transmissão desses conhecimentos é imensamente inferior à sua, por isso assumo a suas criticas e vou refletir acerca dos seus argumentos, eu estou disposto a mudar sempre as minhas opiniões, desde que existam argumentos validos para isso.

No treino dos cães já mudei tanto que parar de o fazer era uma estupidez.

Não sei quem é, mas agrada-me muito a sua participação neste fórum.

Continue a escrever, obrigado por isso.
José,

acho que num fórum deste tipo ("internético") não vale muito a pena considerar que x sabe mais do que y, até porque isso é tão flutuante e indefinível... As coisas deveriam ser o mais despersonalizadas possível. Com toda a honestidade, o que conta é aquilo que é escrito e não quem o escreveu. O que conta é se aquilo que é dito tem nexo, e se é aplicável. O resto são adornos.
E quanto à escrita e capacidade de comunicação, uma vez mais sem qualquer tipo de falsa modéstia, olhe bem para a quantidade de linhas que eu preciso para explicar ideias que normalmente são bem simples...

O que é importante é que pense e rebata as tais "críticas"; quem sai a ganhar é o fórum.
botas96
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sábado mai 11, 2013 12:24 am

Se não se importar, poderíamos continuar a conversa neste tópico?
lds6
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sábado mai 11, 2013 12:41 am

botas96 Escreveu:Se não se importar, poderíamos continuar a conversa neste tópico?
Força
botas96
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sábado mai 11, 2013 1:57 am

O lds6 e o zeca2 já disseram tudo (sobre a fase dos medos).
Terminologias e etologias à parte, estamos todos a falar do mesmo, e estamos todos de acordo.
Mas isso das 10 semanas e das 18 semanas penso que não seja tão linear assim, depende de muita coisa desde do próprio cão, de onde é que veio, o vet, etc.
o facto é que essa tal "janela óptima de socialização" de que falaram não é aproveitada no seu pleno pelas mais variadas razões.
Talvez por isso, quando aos primeiros contactos aos estímulos suscita uma reacção de estranheza mais vincada (medo), sendo necessário uma maior diligência da nossa parte para normalizar a questão. Isto é o que chamo de fase dos medos, a altura da introdução do cachorro ao mundo externo.
Posso dar exemplos.
No meu caso, foram as motas, as R's e as de quatro tempos,foi, de longe, o mais difícil para normalizar, onde as primeiras reacções foram de pânico, agora, quando passam tanto se lhe dá como se lhe deu.
Cavalos, como não tenho acesso a esses bichos, e na cidade vê-se pouco, já melhorou bastante embora ainda não se encontre totalmente normalizada. (ignorar por completo)
Costumo separar a socialização (outros animais) com exploração do meio (objectos do meio e o meio envolvente).
zeca2
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sábado mai 11, 2013 9:26 am

botas96 Escreveu:O lds6 e o zeca2 já disseram tudo (sobre a fase dos medos).
Terminologias e etologias à parte, estamos todos a falar do mesmo, e estamos todos de acordo.
Mas isso das 10 semanas e das 18 semanas penso que não seja tão linear assim, depende de muita coisa desde do próprio cão, de onde é que veio, o vet, etc.
o facto é que essa tal "janela óptima de socialização" de que falaram não é aproveitada no seu pleno pelas mais variadas razões.
Talvez por isso, quando aos primeiros contactos aos estímulos suscita uma reacção de estranheza mais vincada (medo), sendo necessário uma maior diligência da nossa parte para normalizar a questão. Isto é o que chamo de fase dos medos, a altura da introdução do cachorro ao mundo externo.
Posso dar exemplos.
No meu caso, foram as motas, as R's e as de quatro tempos,foi, de longe, o mais difícil para normalizar, onde as primeiras reacções foram de pânico, agora, quando passam tanto se lhe dá como se lhe deu.
Cavalos, como não tenho acesso a esses bichos, e na cidade vê-se pouco, já melhorou bastante embora ainda não se encontre totalmente normalizada. (ignorar por completo)
Costumo separar a socialização (outros animais) com exploração do meio (objectos do meio e o meio envolvente).
Gostaria que não houvesse confusões quanto à fase de imprinting e o processo de sociabilização, que não são a mesma coisa: na fase de imprinting o papel predominante é o da mãe e dos restantes membros da matilha que convivem com o cachorro. A intervenção do homem (criador) nesta fase é secundária, se bem que importante. Mas a sociabilização estende-se para além do imprinting, como já foi dito, assumindo agora o homem (novo dono) um papel preponderante na condução do processo.

Como o lds6 referiu, o processo de sociabilização prolonga-se quase por tempo indefinido e é tanto mais difícil quanto mais erros houver na fase de imprinting.
botas96
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sábado mai 11, 2013 11:56 am

De acordo.
(não devia ter posto tudo no mesmo saco conforme pus).

Mas mesmo que a fase do imprinting seja respeitado (muitos cães não a recebem na sua totalidade).
Penso que se deva respeitar as diferentes curvas de desenvolvimento e consequentes maturações das diferentes fases.E não forçar muito. Pois corresse o risco de alterar alguma coisa que não se queira, se a coisa for mal feita
Hão de chegar lá e de preferência bem consolidados e seguros de si.
Talvez venha dai a minha intransigência na socialização, sobretudo na fase dos medos (que felizmente já passou e não deixou saudades).
Deixei de ter uma coisa por definir e passei a ter uma cadela, equilibrada, sociável, exploradora, embora com uma ou outra coisa menos boa, é um canídeo válido e sólido e eu sei o que tenho ali e para mim isso é um alívio.Agora posso puxar por ela sem ter medo do "gelo partir".
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