Olá,
Aqui vai mais um tópico com o objectivo de obter algumas dicas.
O meu cão, agora com quase 9 meses, tirando um ou outro problema, tem sido um "anjo" no que respeita a agressividade.
Contudo, recentemente comecei a notar alguma agressividade para com outros cães sempre que existe algum objecto de valor pelo meio. Já li muito sobre o assunto e faz parte da natureza deles tentarem "defender" o que presumem que é seu. Mesmo sendo intrínseco à sua natureza selvagem não quero que este comportamento seja manifestado com agressividade.
No espaço de 2 semanas ocorreram umas 4 situações que me deixaram apreensivo:
1 - Por causa de um osso o meu cão "virou-se" ao cachorro dos meus pais (de referir que esse cachorro já foi agressivo com ele algumas vezes no passado).
2 - No jardim, com um pau envolvido o meu cachorro virou-se a um beagle (de referir também que este Beagle já tinha sido agressivo com o meu cão no passado mas desde aí nunca mais houve nada)
3 - Também no jardim e mais uma vez com um pau envolvido o meu cachorro deu uma rosnadela noutro cão mas felizmente consegui intervir logo.
4 - Hoje, em casa dos meus pais, e com o mesmo cachorro que referi no ponto número 1 houve mais uma situação desagradável. O outro cachorro veio para ao pé de mim pedir festinhas e o meu cão atacou-o.
Queria só referir que estas foram situações isoladas. O meu cão convive diariamente com muitos cães e é super mas super submisso com eles, inclusive quando à bolas, paus, etc pelo meio. Quanto ao cachorro dos meus pais também passam 95% do tempo a brincar sem qualquer problema.
Já li muito sobre isto e já tenho algumas formas de tentar reverter a situação.
O que vos venho pedir são as vossas opiniões e sugestões sobre o assunto e se consideram essencial dirigir-me já a um profissional ou não.
Só para vos situar, o meu cão não é castrado e foi encontrado na rua com cerca de 2 meses. Tem como já disse cerca de 8 meses, pesa 35 kg e já é bem grande. Aparenta ter qualquer coisa de Pastor Alemão e Dogue Alemão (muita gente pergunta-me se ele é um grand a nois). Passeio com ele mais de 2 horas diariamente e ao fim de semana bastante mais que isso. À cerca de 1 mês adotei uma cadela lá para casa e dão-se lindamente.
É um cão equilibrado e calmo. O único problema dele é que mete tudo o que vê à boca e ainda não consegui modificar este comportamento a 100% apesar de já ter melhorado.
Obrigado
Agressividade - Resource Gaurding - Ajuda
Moderador: mcerqueira
Sobre resource guarding, a melhor fonte de informações e procedimentos que poderá encontrar será esta: http://www.amazon.co.uk/dp/0970562942
Eu começaria por fazer sessões controladas de partilha de recursos com um cão seu conhecido, num local seguro.
Poderá mesmo ser com o cão dos seus pais, caso a agressividade entre eles apenas ocorra raramente e em situações específicas. Se eles conseguirem estar perto um do outro sem problemas iniciais, então não deverá ser problemático (aliás, em princípio estas sessões ajudarão a própria relação entre eles). Aproxime-se do outro cão, e recompense o seu (pode ser à distância, ou pode ter outra pessoa ao lado do seu cão a recompensá-lo, veja como lhe dá mais jeito). O objectivo é: "sempre que o meu dono interage com outro cão, coisas boas acontecem para mim". Esteja atento ao ponto a partir do qual o seu cão começa a reagir (pode ser apenas quando está mesmo ao lado do outro cão; pode ser quando lhe começa a fazer festas; pode ser mal se começa a dirigir para o outro cão...); comece o exercício ANTES de chegar a esse ponto.
Isto cobrirá sobretudo o caso relatado no seu ponto 4.
Aproveite o embalo e faça o mesmo tipo de exercícios com outro "objecto guardado" (sendo que no exercício anterior, o "objecto guardado" era o próprio fradik, claro).
Nas fases iniciais de cada exercício terá de dar ao outro cão algo com um valor inferior ao que vai dar ao seu como recompensa. Gradualmente vá equilibrando os "valores", até chegar a um ponto em que poderá invertê-los (ou seja, algo mais valioso para o outro cão, algo menos valioso para o seu).
Depois de solidificar este exercício com esse cão, vá tentando com novos cães, mas não suba a fasquia de forma muito acentuada.
Lembre-se de que neste exercício, e sobretudo nas subidas de fasquia, há duas variáveis a considerar. O outro cão, evidentemente; mas também o local. Assim, quando achar que as coisas estão a correr bem na primeira fase, em vez de tentar ir logo para uma nova fase com um novo cão e um novo local, é melhor levar o mesmo cão para um novo local. É claro que não é preciso cobrir todos os lugares do mundo; basta apenas repetir os exercícios em lugares suficientes que proporcionem uma generalização no seu cão.
Uma dica: um erro muito comum neste tipo de processos é os donos esperarem por um comportamento correcto para recompensá-lo. Na verdade, sobretudo nas primeiras fases, o Fradik não vai estar à procura de recompensar um bom comportamento, mas sim à procura de criar uma associação/condicionamento entre duas coisas. Com o desenrolar do processo e com as subidas de fasquia, o próprio condicionamento já se transformará em recompensas. Não sei se me fiz entender.
Eu começaria por fazer sessões controladas de partilha de recursos com um cão seu conhecido, num local seguro.
Poderá mesmo ser com o cão dos seus pais, caso a agressividade entre eles apenas ocorra raramente e em situações específicas. Se eles conseguirem estar perto um do outro sem problemas iniciais, então não deverá ser problemático (aliás, em princípio estas sessões ajudarão a própria relação entre eles). Aproxime-se do outro cão, e recompense o seu (pode ser à distância, ou pode ter outra pessoa ao lado do seu cão a recompensá-lo, veja como lhe dá mais jeito). O objectivo é: "sempre que o meu dono interage com outro cão, coisas boas acontecem para mim". Esteja atento ao ponto a partir do qual o seu cão começa a reagir (pode ser apenas quando está mesmo ao lado do outro cão; pode ser quando lhe começa a fazer festas; pode ser mal se começa a dirigir para o outro cão...); comece o exercício ANTES de chegar a esse ponto.
Isto cobrirá sobretudo o caso relatado no seu ponto 4.
Aproveite o embalo e faça o mesmo tipo de exercícios com outro "objecto guardado" (sendo que no exercício anterior, o "objecto guardado" era o próprio fradik, claro).
Nas fases iniciais de cada exercício terá de dar ao outro cão algo com um valor inferior ao que vai dar ao seu como recompensa. Gradualmente vá equilibrando os "valores", até chegar a um ponto em que poderá invertê-los (ou seja, algo mais valioso para o outro cão, algo menos valioso para o seu).
Depois de solidificar este exercício com esse cão, vá tentando com novos cães, mas não suba a fasquia de forma muito acentuada.
Lembre-se de que neste exercício, e sobretudo nas subidas de fasquia, há duas variáveis a considerar. O outro cão, evidentemente; mas também o local. Assim, quando achar que as coisas estão a correr bem na primeira fase, em vez de tentar ir logo para uma nova fase com um novo cão e um novo local, é melhor levar o mesmo cão para um novo local. É claro que não é preciso cobrir todos os lugares do mundo; basta apenas repetir os exercícios em lugares suficientes que proporcionem uma generalização no seu cão.
Uma dica: um erro muito comum neste tipo de processos é os donos esperarem por um comportamento correcto para recompensá-lo. Na verdade, sobretudo nas primeiras fases, o Fradik não vai estar à procura de recompensar um bom comportamento, mas sim à procura de criar uma associação/condicionamento entre duas coisas. Com o desenrolar do processo e com as subidas de fasquia, o próprio condicionamento já se transformará em recompensas. Não sei se me fiz entender.
Muito obrigado. Informação muito útil e vai-me ajudar bastante.
Um aparte. Imagine que a meio do processo ou mesmo numa situação isolada o meu cão tem uma atitude agressiva com o outro e começam a lutar, como devo reagir?
O que tenho feito é separar, puxar o meu cão e virá-lo ao contrário de modo a que ele fique deitado de lado até ficar calmo. Tenho tentado manter a calma e ter um olhar assertivo quando o faço mas nem sempre é fácil. Este é o procedimento mais correto?
Obg
Um aparte. Imagine que a meio do processo ou mesmo numa situação isolada o meu cão tem uma atitude agressiva com o outro e começam a lutar, como devo reagir?
O que tenho feito é separar, puxar o meu cão e virá-lo ao contrário de modo a que ele fique deitado de lado até ficar calmo. Tenho tentado manter a calma e ter um olhar assertivo quando o faço mas nem sempre é fácil. Este é o procedimento mais correto?
Obg
Eu separaria e iria embora de lá. Tudo sem grandes alaridos. Só isso.fradik Escreveu:Muito obrigado. Informação muito útil e vai-me ajudar bastante.
Um aparte. Imagine que a meio do processo ou mesmo numa situação isolada o meu cão tem uma atitude agressiva com o outro e começam a lutar, como devo reagir?
O que tenho feito é separar, puxar o meu cão e virá-lo ao contrário de modo a que ele fique deitado de lado até ficar calmo. Tenho tentado manter a calma e ter um olhar assertivo quando o faço mas nem sempre é fácil. Este é o procedimento mais correto?
Obg
Vê-se muita gente fazer esse deitar do cão; o que é curioso é que se vê muita gente fazer isso bem mais do que uma vez... se calhar já era caso para pensar que isso não tem resultados...
Eu até compreendo as razões. Houve um comportamento que nós reprovamos e queremos castigar de alguma forma, sobretudo para não voltar a acontecer. Mas vendo bem, o que é que estamos a castigar, na verdade? Um comportamento natural e normalmente defensivo da parte do nosso cão; é isto que queremos castigar? E de que forma é que nós virarmos o cão é um castigo por ele ter tido um comportamento agressivo perante um outro cão? O mundo do nosso cão não começa e acaba em nós; por ter tido aquele comportamento, isso não significa que ele nos tenha desobedecido de alguma forma.
Se não for para castigar, mas apenas para acalmar, então o melhor é mesmo ir embora dali. Continuar por ali por perto, ainda para mais "subjugando" o nosso cão não o vai fazer acalmar de todo (mesmo que aparente).
Aliás, se ainda assim quisermos castigar o nosso cão, não vejo nada melhor do que ir embora dali. Acabou a brincadeira. Pronto.
Só um aparte.
Tenho para mim que esse procedimento do "flip-over", e outros do género, surgem porque o dono sente uma necessidade de demonstrar perante os outros donos que não é permissivo perante aquele comportamento. Os donos sentem-se implicados e, como tal, embaraçados com o acontecimento. É natural. E todos nós, aqui ou ali, temos esse tipo de ímpetos. Mas é boa ideia começar a pensar no que importa mais, se a impressão do "público", se as consequências para a educação do nosso cão.
Seja como for, pegar no cão e vir embora nunca dá uma impressão de permissividade. É o melhor a fazer sob qualquer ponto de vista, digo eu.
Tenho para mim que esse procedimento do "flip-over", e outros do género, surgem porque o dono sente uma necessidade de demonstrar perante os outros donos que não é permissivo perante aquele comportamento. Os donos sentem-se implicados e, como tal, embaraçados com o acontecimento. É natural. E todos nós, aqui ou ali, temos esse tipo de ímpetos. Mas é boa ideia começar a pensar no que importa mais, se a impressão do "público", se as consequências para a educação do nosso cão.
Seja como for, pegar no cão e vir embora nunca dá uma impressão de permissividade. É o melhor a fazer sob qualquer ponto de vista, digo eu.