zeca2 Escreveu:Se reparou no que tenho escrito, a minha intervenção referiu-se à hereditabilidade da agressividade (tout court...).
Se calhar, até reparei bem demais, e reparei em dois pontos, um implícito e outro explícito, nos quais o Zeca referir-se-á a algo mais.
1. A sua intervenção surge numa altura em que se estava simplesmente a falar da
influência dos genes no comportamento e não, simplesmente, da sua transmissibilidade directa. A questão em cima da mesa era muito circunscrita: há ou não influência dos genes no comportamento em geral, e, em específico, no possível desenvolvimento de agressividade.
Ora, se a sua intervenção surge rebatendo a importância da genética no comportamento, depreende-se que se esteja a insurgir contra a
influência dos genes. Talvez não estivesse a fazê-lo, mas talvez, nesse caso, devesse ter sido mais explícito acerca do ponto que queria focar, em vez de, uma vez mais, querer apenas ter pegado em um ou outro ponto de ataque...
2. Mas, pronto, se o ponto 1. leva para questões implícitas, que podem ser sempre rebatidas por um "não era isso que eu queria dizer", vamos para um ponto, este agora, explícito. A dada altura, o caro Zeca refere:
"à excepção do medo, a influência genética de outros desvios comportamentais não está comprovada (pelo menos por estudos que eu conheça). Daí ser mais curial admitir que sejam transmitidos por aprendizagem.
Ora, para já, o Zeca refere-se,
explicitamente, à
influência dos genes, e não apenas, como diz agora, à hereditabilidade "tout court".
Em segundo lugar, na frase sublinhada, o Zeca procede ao raciocínio que tenho estado, desde início, a rebater. Qualquer coisa do tipo:
se não há transmissão genética directa de um traço comportamental, então esse traço é determinado apenas e só por aprendizagem, sem influência da genética.
Isto é o que, se repararmos bem, o Zeca diz de forma bem explícita.
E, quanto a isso, eu volto a dizer o que já disse antes, assim digamos que vezes demais: o facto de não haver transmissibilidade directa de um dado traço genético não significa que não haja influência de componentes genéticas nesse mesmo traço; outras características que são inequivocamente parte do património genético
influenciam o modo como um determinado traço comportamental se vai desenvolver.
Separar vincadamente genética de aprendizagem (não digo que o Zeca o faça, mas algumas intervenções suas vão nesse sentido) é um erro grosseiro. Até porque, como já disse lá bem atrás, a própria aprendizagem, ou a forma como esta se desenrola, é determinada por predisposições genéticas; bem como o património genético é actualizado/efectivado consoante o percurso de educação e interacção com o meio.
E o que é a "normalidade"?
Se ler com atenção o post do LF Gomes, tem lá a resposta clarinha como água.
Não, não é assim tão claro. Primeiro, não era claro que o Zeca se estivesse a apoiar na definição de tipo axiomático («entendamos...») referido no post da LFGomes. Logo aí, a clareza não é tanta.
Depois, a própria definição, concordemos, não é assim tão clara. Eu posso continuar a perguntar: e o que são problemas psicofísicos? Vamos andar de pergunta em pergunta até, muito provavelmente, chegarmos a uma convenção de base, e que, calculo eu, será a convenção presente nos estalões de cada raça, correcto?
Pronto, era aí que eu queria chegar, quando lhe perguntei o que será a "normalidade". Ora, o que é a normalidade, Zeca, senão padrões ou guias gerais acerca de traços desejáveis de predisposição genética para a formação do temperamento e consequente formatação de níveis desejáveis de reactividade ao meio, isto é, um grau mais ou menos fiável de previsão do tipo de resposta aos estímulos que o meio irá apresentar?
Ora, nada mais do que o próprio Zeca disse quando deu a sua última resposta. Falemos dela:
segundo o que o Zeca pensa, os traços de comportamento são APENAS determinados/influenciados pelo meio e pela aprendizagem?
Não. O carácter de um cão é, como já disse, determinado pela influência ambiental exercida sobre o temperamento com que ele nasce.
Pronto. Complicar para quê, quando a questão inicial apenas esta?
Só para completar. A acção de influência é bidireccional. Não só o ambiente vai moldar e influenciar o que vem com o temperamento, como o temperamento vai determinar a forma como cada indivíduo vai reagir aos estímulos que lhe surgem e a forma como cada indivíduo vai interagir e intervir com o meio que ele próprio ajuda a construir.
Só encontrei estas 3 questões no seu post. Dir-me-á qual é a quarta.
A quarta questão era , na verdade, a primeira. É só procurar pelo primeiríssimo ponto de interrogação desse meu post.
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Por fim, voltando à questão de uma ou duas páginas atrás. Qual é a dificuldade em compreender a
importância do factor genético no desenvolvimento, em geral, de traços de comportamento do cão, e, em específico, em problemas como os da agressividade?
Ao contrário do que se chegou a dizer ao longo do longo off-topic: não, problemas como a agressividade não têm exclusiva dependência da aprendizagem.
Um abraço, Zeca.