Como tinha prometido vou contar a história duma gatinha que conheci há 2 anos.
Normalmente vou de férias para o Algarve, ou para casa de amigos ou para a casa dos meus patrões que fica quase no meio do nada. Existe 2 ou 3 casas relativamente perto, mas fica no meio do campo.
Passado uns dias de lá ter chegado começou a aparecer por lá uma gatinha e eu comecei a dar-lhe comer. Primeiro restos, não estava preparada com mais nada, mas ela aparecia sempre por lá e eu comecei a comprar-lhe latinhas. Sempre pensei que ela pertencesse àquelas casas das redondezas, embora estive relativamente magra não me parecia que passasse fome, não tinha coleira, mas era muito meiga e parecia-me bastante à vontade com as pessoas. E com o passar dos dias ela já nem saía para ir dar as voltinhas dela, passava ali os dias ao pé de mim.
Quando o meu patrão chegou não gostou nada da ideia
disse que a gata lhe espantava os patos, que não lhe devia ter dado comer porque ela depois se habituava e não saía dali. E que quando eu me fosse embora quem é que lhe ia dar de comer? Eu pensei muitas vezes em traze-la comigo, mas simultaneamente pensei que ela poderia ser de alguém, de alguma criança que iria sentir bastante a falta dela, e acima de tudo pensei que uma gatinha daquelas, completamente livre passar o resto da vida fechada num apartamento? Até que ponto isso seria cruel? Ao mesmo tempo pensava se ela realmente teria alguém que lhe desse de comer ou não? Era uma grande incógnita. Mas resolvi deixá-la lá. A minha patroa disse que lhe iria dar de comer e que quando se viesse embora iria pedir ao sobrinho (que morava a 1 Km) que lhe fosse lá dar de comer. E assim fizeram. Quando eles lá voltaram passado talvez um mês, na manhã seguinte quando acordaram adivinhem quem é que lá estava a fazer uma visitinha? A gatinha! O meu patrão não gostou nada e já andava a ameaçar que qualquer dia a ia por ao pé dos pescadores. Ela telefonou-me a dizer que a "minha gatinha" tinha lá aparecido mais uma vez. E ficamos a pensar que ela devia ser mesmo de alguém e mais tarde até pensamos mesmo que ela deve estar esterelizada, pois nunca a vimos com ninhadas.Certo dia a minha patroa saiu mais cedo de casa e o marido teve a triste ideia de agarrar na gatinha fechá-la no porta bagagens e levá-la até à Fuseta que ficava a uns 4/5 kms de distância e do outro lado da estrada nacional 125. Quando chegaram a casa ela perguntou-lhe se ele tinha dado de comer à gatinha antes de sair... quando ele lhe conta o que tinha feito. Ela nem queria acreditar, zangou-se com ele, agarrou no carro e foi à Fuzeta à procura da gatinha. mas nada, da gatinha nem sinal.
Então não é que passado dois dias a gatinha aparece lá? Foi fechada até lá no porta bagagens, abandonada a 5 km de distância, atravessou aquela estrada perigosissíma e não tinha um arranhão, uma ferida, é incrível, não é? E que grande lição que a Vitória (foi assim que a batizei depois) deu ao Sr. Não Me Espantes os Patos! Agora já não a larga e já diz que é a gatinha dele, tem uma admiração pela Vitória que só visto. Fez-lhe caminhas espalhadas por tudo o que é sítio, fez-lhe doseadores de comer, enfim agora é a gatinha dele e ai de quem lhe faça mal! E a Victória também gosta dele. Até anda a caçar os ratos e vai lá pô-los à porta para ele ver! Já viram isto? Eu tenho fotografias dela, quando me lembrar ponho no album.
Beijinhos e ronrons para todos.
Patrícia
