Tenho pensado muito no que poderá acontecer para a próxima primavera. Temos todos assistido ao aumento do número de furões domésticos no nosso país. De facto, cada vez mais pessoas procuram estes animaizinhos (algumas sem qualquer tipo de conhecimento acerca do que o ter um furão implica, mas isso é outra história).
Também, e segundo o que já foi referido aqui no fórum, inverteu-se a situação relativa à procura de animais: se o ano passado as pessoas queriam machos, este ano querem fêmeas. Eu própria comprei mais uma, atenção, não quero estar a ser injusta - mas dá que pensar, hein? Quando começamos a fazer contas, uma média de 100€ por furão, 7 furões por ninhada... nada mau! Isto do dinheiro ainda é o menos, quando sabemos o trabalho e os custos inerentes à criação de furões.
O que realmente me preocupa é o insuficiente número de esterilizações... São muito poucos os animais que são neutralizados - ou porque "coitadinhos", ou porque "é imprescindível para as fêmeas" (falso), ou por outras razões para além do ser caro. E é. O único motivo que me parece plausível é a falta de veterinários que saibam tratar como deve ser da esterilização de furões.
Quando a esterilização de uma fêmea ronda os 150€ e os machos os 75€, realmente só apetece deixar os animais continuarem a ter bebés, que são tão queridos, fofinhos - e ilegais. A produção de furõezinhos é uma delícia, pois é, mas na realidade estamos a fomentar a ilegalidade, como tb já alguém - e muito bem - aqui referiu.
E quantos mais donos vão aparecer? Não qualquer tipo de donos, mas donos responsáveis e com condições de abraçarem um compromisso de vários anos com um animal que requer tantos cuidados e especificidades? Os primeiros bebés do ano são como o pão quente: vão-se num instante. Mas depois já é mais difícil encontrar donos para todos os outros.
Para a próxima primavera, com as fêmeas que nascem este ano, teremos uma séria procura de machos. Outras questões se prendem com este facto, nomeadamente a da inevitável dificuldade em contornar a consanguinidade (um certo macho dourado é o responsável por 34 crias, nascidas até Abril) e ainda questões de saúde dos próprios machos de cobrição.
E se a legalização sair mesmo? Todos esperamos que sim, mas também que um controlo de natalidade seja igualmente implementado - não por organismos oficias, como acontece no Brasil ou nos EUA, por exemplo - mas pelos próprios donos/criadores. Não queremos certamente assisitir a situações de abandono destes animais tão frágeis.
Enfim...
Ainda falta muito para a próxima primavera. Mas não quis deixar de partilhar já as minhas preocupações.

Obrigada pela vossa atenção.
Inês Faria