além dos assuntos triviais que os nossos cães nos «obrigam» a discutir, por vezes existem outros bem mais sérios, que também devem ser discutidos.
Este caso toca-me particularmente, porque pensamos que sabemos muito, e de repente somos um Zero. Um cão meu, ou melhor, o MEU cão debate-se neste momento, com o problema descrito no tópico.
Apesar da fase de choque já ter passado, que faz hoje 8 dias, ainda me encontro totalmente abalada, ou seja, completamente à toa. No entanto, ele tem qualidade de vida, e enquanto assim fôr, tudo farei para o fazer ainda mais feliz.
Partilho esta história, não para que digam «coitadinhos» dele ou de mim, mas sim para poder aprender o máximo, e até ajudar quem se encontra na mesma situação.
Vou deixar aqui um artigo, e colocarei outros posteriormente.
Cumprimentos,Mastocitoma | por Hospital Veterinário do Porto
Oncologia
Os mastocitomas são as neoplasias da pele mais comuns nos cães, representando cerca de 16-21% de todas as neoplasias cutâneas. O crescimento tumoral dos mastócitos pode ter várias denominações: tumor das células mastocitárias, mastocitoma, ou sarcoma mastocitário. Se o tumor se espalhar, ou metastizar a doença pode ter a designação de mastocitose. Os sítios mais comuns de ocorrência desta neoplasia são a pele do tronco, períneo e pernas. Outros sítios menos comuns incluem a cabeça e pescoço. É possível que mais do que um tumor se desenvolva ao mesmo tempo e em sítios diferentes.
O tratamento dos mastocitomas (senso geral) baseia-se tanto no grau, estadio e localização do tumor. O grau é determinado pela análise microscópica de uma biópsia do tumor. Os tumores de grau I são normalmente benignos e são normalmente apenas tratados com cirurgia. Os tumores de grau II possuem uma malignidade moderada e são tratados com cirurgia agressiva, com amplas margens de recessão. Estes tumores possuem uma reduzida taxa de metastização. Os tumores de grau III são bastante agressivos e metastizam frequentemente. Os tumores localizados nos membros possuem um melhor prognóstico, do que tumores localizados no tronco e pescoço, sendo que as neoplasia localizadas nas junções mucocutâneas (lábios, pálpebras, prepúcio, vulva) são os que possuem pior prognóstico.
Os mastócitos exercem um papel importante na resposta imunitária do organismo canino. Eles possuem várias substâncias químicas com diferentes funções. Um é a heparina que impede a coagulação do sangue nos vasos; os outros são a histamina e a serotonina que actuam dilatando os vasos sanguíneos. Estas substâncias, quando libertadas, provocam alguns dos sintomas referidos na doença: hemorragias, inchaço, prurido, vómitos, diarréia e, em casos raros, choque e colapso.
Não foi encontrado um padrão hereditário no mastocitoma e a sua etiologia (causa) é desconhecida Em raras ocasiões foi encontrada uma associação entre mastocitomas e inflamações crónicas, ou irritativas da pele. Não existem actualmente, evidências de causas virais nesta patologia.
Os mastocitomas da pele aparecem em duas formas distintas. Uma consiste numa massa de 1 a 10 cm de diâmetro, bem circunscrita, elevada e firme, podendo, ou não ser avermelhada. O bordo desta massa pode assemelhar-se a uma borbulha e o centro pode ser amarelo, ou ulcerado. A segunda forma da doença consiste numa massa mole, pouco definida que geralmente possui pêlos. Raramente é ulcerada ou avermelhada e pode ser confundida com um lipoma. Embora os mastocitomas pareçam macroscopicamente massas bem delimitadas, as suas margens microscópicas estendem-se bastante para além da massa palpável à superfície. O tamanho visualizável do tumor não é factor de prognóstico.
O diagnóstico de mastocitoma pode ser feito por citologia aspirativa por agulha fina, mas a biópsia torna-se fundamental para a classificação do grau do tumor. Em adição, outros testes recomendados incluem um hemograma, painel bioquímico, radiografia abdominal, ou ecografia e urianálise. Os mastocitomas malignos espalham-se através da circulação sanguínea e linfática, pelo que a citologia aspirativa de gânglios linfáticos pode estar indicada para ajudar a determinar o grau de metastização.
O tratamento recomendável baseia-se no estado físico do paciente, na localização, tamanho, grau e estadio do tumor:
1.Prednisona-Possui uma eficácia de 20-30% na remoção de resíduos de tumor deixados após excisão cirúrgica. Grande parte dos animais apresentam recidivas dentro de 6-12 meses. Não devem ser administrados antiinflamatórios não-esteróides juntamente com prednisona. Os efeitos secundários deste medicamento incluem aumento da sede, micção, e apetite.
2.Radioterapia-Este procedimento consegue controlar 90-95 % dos tumores de grau II e 50% dos tumores de grau III, após cirurgia.
3.CCNU-Este agente quimioterapêutico oral possui uma eficácia superior a 50% e é administrado no hospital de 4 em 4 semanas e juntamente com prednisona, durante 6 meses.
Todos os pacientes deverão receber antibioterapia durante o tratamento, uma vez que os pacientes têm tendência a desenvolver baixas contagens de células brancas 7 dias após o início do protocolo. Os antibióticos ajudam a prevenir infecções bacterianas secundárias oportunistas.