Homenagem às vitimas anónimas dos incêndios
Moderador: mcerqueira
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Durante a última semana, foram muitos os quilómetros que percorri, especialmente pelo norte do País.
Durante estas deslocações, estive algumas vezes por perto dos locais onde lavravam diversos incêndios, uns mais perto outros, mais longe.
Numa localidade no Distrito de Santarém, um incêndio lavrava com grande intensidade e a população estava preocupadíssima.
Eu estava num café, nessa localidade que agora não me recordo o nome, e ouvia a conversa das pessoas que ali se encontravam, senti nas suas palavras uma enorme agonia e angustia, não só pela devastação que estes incêndios traziam às florestas, mas sobretudo por colocar em perigo os seus bens pessoais.
Aquilo que durante uma vida inteira se construiu na base do sacrifício, estava a ser agora devorado em segundos pelas chamas que não davam tréguas a ninguém.
Durante alguns momentos, recordei anos passados em que assisti a grandes incêndios na terra da minha Avó, ali na zona de Arganil.
Ainda hoje recordo o barulho infernal provocado pelo avanço do fogo, o crepitar, o calor intenso, o fumo que nos impedia de respirar. Durante breves segundos, consegui sentir um pouco daquilo que aquela gente sentia naquele momento.
Falou-se do que já haviam perdido, daquilo que ainda podiam perder, do medo, do pânico que estas situações causam, enfim, falou-se daquilo que infelizmente se fala pelo País inteiro.
Mas a dada altura, algo me despertou ainda mais a atenção, pois falava-se dos animais que já tinham morrido, especialmente os que se encontravam em currais e não tiverem a mínima hipótese de fugir, então no meio desta conversa, um novo dado surgiu:
Falava-se de alguém, um homem, ao qual o fogo lhe tinha rondado a porta, sendo que, este homem, tinha tentado salvar alguns dos seus bens mais valiosos, que segundo os populares, eram uma mão cheia de fotos, talvez recordações de uma vida passada e os seus 3 cães, segundo o que eu entendi, a sua única companhia.
Inevitavelmente, entrei na conversa na tentativa de saber mais pormenores e segundo aquilo que me disseram, este homem estava desesperado, não só pela calamidade que assolava a sua aldeia, mas sobretudo porque 2 dos seus 3 “amigos” que depois de terem sido soltos, numa tentativa de evitar que, caso as chamas atingissem a casa morressem carbonizados, ainda não haviam aparecido.
Saí do local sinceramente triste, triste por ver toda a desgraça daquelas gentes, triste por ver que todo o verde se iria transformar numa mancha cinza, triste por saber que, tudo aquilo se constrói numa vida, por vezes à custa de muito sofrimento e sacrifício, se perdia em breves minutos no meio de tanto outro sofrimento e triste por saber que são centenas os animais, sejam eles Ovelhas, Coelhos, Cabras, Cães, Gatos ou qualquer outro, perdiam as sua vidas num inferno de chamas que lhes infligia um sofrimento atroz.
Aos animais e porque este é um fórum dedicado a eles, quero prestar a minha homenagem, pois também eles são vitimas, embora em grande parte dos casos, anónimas, deste inferno que ninguém parece conseguir (ou querer) pôr fim.
Durante estas deslocações, estive algumas vezes por perto dos locais onde lavravam diversos incêndios, uns mais perto outros, mais longe.
Numa localidade no Distrito de Santarém, um incêndio lavrava com grande intensidade e a população estava preocupadíssima.
Eu estava num café, nessa localidade que agora não me recordo o nome, e ouvia a conversa das pessoas que ali se encontravam, senti nas suas palavras uma enorme agonia e angustia, não só pela devastação que estes incêndios traziam às florestas, mas sobretudo por colocar em perigo os seus bens pessoais.
Aquilo que durante uma vida inteira se construiu na base do sacrifício, estava a ser agora devorado em segundos pelas chamas que não davam tréguas a ninguém.
Durante alguns momentos, recordei anos passados em que assisti a grandes incêndios na terra da minha Avó, ali na zona de Arganil.
Ainda hoje recordo o barulho infernal provocado pelo avanço do fogo, o crepitar, o calor intenso, o fumo que nos impedia de respirar. Durante breves segundos, consegui sentir um pouco daquilo que aquela gente sentia naquele momento.
Falou-se do que já haviam perdido, daquilo que ainda podiam perder, do medo, do pânico que estas situações causam, enfim, falou-se daquilo que infelizmente se fala pelo País inteiro.
Mas a dada altura, algo me despertou ainda mais a atenção, pois falava-se dos animais que já tinham morrido, especialmente os que se encontravam em currais e não tiverem a mínima hipótese de fugir, então no meio desta conversa, um novo dado surgiu:
Falava-se de alguém, um homem, ao qual o fogo lhe tinha rondado a porta, sendo que, este homem, tinha tentado salvar alguns dos seus bens mais valiosos, que segundo os populares, eram uma mão cheia de fotos, talvez recordações de uma vida passada e os seus 3 cães, segundo o que eu entendi, a sua única companhia.
Inevitavelmente, entrei na conversa na tentativa de saber mais pormenores e segundo aquilo que me disseram, este homem estava desesperado, não só pela calamidade que assolava a sua aldeia, mas sobretudo porque 2 dos seus 3 “amigos” que depois de terem sido soltos, numa tentativa de evitar que, caso as chamas atingissem a casa morressem carbonizados, ainda não haviam aparecido.
Saí do local sinceramente triste, triste por ver toda a desgraça daquelas gentes, triste por ver que todo o verde se iria transformar numa mancha cinza, triste por saber que, tudo aquilo se constrói numa vida, por vezes à custa de muito sofrimento e sacrifício, se perdia em breves minutos no meio de tanto outro sofrimento e triste por saber que são centenas os animais, sejam eles Ovelhas, Coelhos, Cabras, Cães, Gatos ou qualquer outro, perdiam as sua vidas num inferno de chamas que lhes infligia um sofrimento atroz.
Aos animais e porque este é um fórum dedicado a eles, quero prestar a minha homenagem, pois também eles são vitimas, embora em grande parte dos casos, anónimas, deste inferno que ninguém parece conseguir (ou querer) pôr fim.
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Linda homenagem e bem sentida, Paulo.
Obrigada,
Leo
Obrigada,
Leo
<p>Desejo a mesma sorte, que a triste sorte dos animais que nao sejam ajudados por quem nao deixa que se os ajude. Autor desconhecido</p>
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<p>Regurgito nas postas de pescada dos arrotadores. Autor desconhecido</p>
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<p>Regurgito nas postas de pescada dos arrotadores. Autor desconhecido</p>
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Sem dúvida alguma que os animais, vítimas indefesas nos fogos, merecem esta homenagem. Eles que sem terem culpa alguma morrem. Eu adoro o Verão e o calor intenso, mas detesto-o por causa dos incêndios.
Lamento que as pessoas percam tudo o que construiram, mas lamento ainda mais a morte de seres inocentes que em nada contribuem para a devastação incendiária da nossa floresta.
Mais uma vez os animais sofrem por causa do Homem. Isto sim é lamentável e triste.
Lamento que as pessoas percam tudo o que construiram, mas lamento ainda mais a morte de seres inocentes que em nada contribuem para a devastação incendiária da nossa floresta.
Mais uma vez os animais sofrem por causa do Homem. Isto sim é lamentável e triste.
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É mesmo, são horas de angústia e muita gente se esquece de que o fogo nos pode levar a obra de uma vida em minutos.
<p><a href="http://www.antidoto-portugal.org">http://www.antidoto-portugal.org</a></p>
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Lindo, Paulo... 

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Este país parece um inferno, está tudo a arder... São pessoas em desespero, animais em desespero, é o horror...
Não existem palavras que possam descrever o que por aí vai, ainda bem que te lembraste de fazer esta homenagem a quem quase ninguém se lembra.
Não existem palavras que possam descrever o que por aí vai, ainda bem que te lembraste de fazer esta homenagem a quem quase ninguém se lembra.
<p>Os animais são pessoas como as pessoas são animais</p>
<p>Teixeira de Pascoaes</p>
<p>Teixeira de Pascoaes</p>
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Faço minhas as palavras do Paulo.
Quando vejo as imagens na TV o que eu comento com o meu marido é a desgraça daquelas pessoas e o pânico que não permite às vezes que as pessoas pensem nos animais que se encontram presos em currais, a correntes, dentro das casas, e não os soltam... Eles sabem fugir, eles safam-se, ou pelo menos têm mais hipóteses para o fazer à solta do que num curral...
Lamento muito toda esta calamidade
Xuga

Quando vejo as imagens na TV o que eu comento com o meu marido é a desgraça daquelas pessoas e o pânico que não permite às vezes que as pessoas pensem nos animais que se encontram presos em currais, a correntes, dentro das casas, e não os soltam... Eles sabem fugir, eles safam-se, ou pelo menos têm mais hipóteses para o fazer à solta do que num curral...
Lamento muito toda esta calamidade

Xuga
http://www.apterrariofilia.org<a href="http://www.amphibio.org/apterrariofilia" target="_blank"> </a>
Assino por baixo.leonildecarvalho Escreveu: Linda homenagem e bem sentida, Paulo.
Obrigada,
Leo
E acrescento, e aqueles que se safam, humanos mas muito especialmente, os animais? Para onde vão viver, de que se vão alimentar? Encontrarão eles um novo habitat que sirva as suas necessidades? E nesta altura do ano, quantos animais choram a perda dos seus filhotes?
Conseguirão eles recuperar? É que não estamos em África, continente imenso com uma imensa capacidade de regeneração!
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para além destes. tb. gostava de prestar homenagem ou lamentar aqueles cujos donos os deixam morrer à sede com este calor todo. não há perdão nem desculpaAos animais e porque este é um fórum dedicado a eles, quero prestar a minha homenagem, pois também eles são vitimas, embora em grande parte dos casos, anónimas, deste inferno que ninguém parece conseguir (ou querer) pôr fim.

anjjazul
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Pois é Paulo, esta é a triste realidade. Por vezes nem os humanos conseguem fugir quanto mais os animais.
Fico contente por saber que tem algumas raízes daqui de Arganil, infelizmente este ano voltou o inferno aqui para a zona e aquilo que era uma imensa mata verde cheia de vida ficou num deserto negro e triste.
O meu cunhado é bombeiro, e foram muitas as vezes que ele viu animais em chama e a arder a correr de um lado para o outro, horrivel...
Aproveito para deixar aqui também a minha homenagem.
Fico contente por saber que tem algumas raízes daqui de Arganil, infelizmente este ano voltou o inferno aqui para a zona e aquilo que era uma imensa mata verde cheia de vida ficou num deserto negro e triste.
O meu cunhado é bombeiro, e foram muitas as vezes que ele viu animais em chama e a arder a correr de um lado para o outro, horrivel...

Aproveito para deixar aqui também a minha homenagem.
Idem...PauloSantos Escreveu: Aos animais e porque este é um fórum dedicado a eles, quero prestar a minha homenagem, pois também eles são vitimas, embora em grande parte dos casos, anónimas, deste inferno que ninguém parece conseguir (ou querer) pôr fim.
<p> Até Sempre... A questão não é, eles pensam? Ou, eles falam? A questão é, eles sofrem! </p>
<p>Tourada não é tradição, é crueldade- Assine aqui, divulgue e ajude a acabar com esta violência</p>
<p>Tourada não é tradição, é crueldade- Assine aqui, divulgue e ajude a acabar com esta violência</p>
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PauloSantos Escreveu: Aos animais e porque este é um fórum dedicado a eles, quero prestar a minha homenagem, pois também eles são vitimas, embora em grande parte dos casos, anónimas, deste inferno que ninguém parece conseguir (ou querer) pôr fim.
E por eles e para eles, aqui lhes deixo uma minha pequena homenagem, também:
Grito aos Ventos...
Grito aos Mares...
Grito aos Rios...
Grito, grito e grito...
Por algo que nem sei...
Pelo desespero do que não entendo...
Por tudo o que pensei...
Continuo gritando...
Sem respostas deles...
Sofro meditando...
Somente por eles...!
Luto contra o pensamento...
Desbravo a lembrança...
Acredito intensamente...
Que no final está a esperança.
É demais esta loucura...
É a dor do que me rodeia...
Parto na procura...
Do final desta odisseia...!
Em viagem vai a minha alma...
Percorre Mundos sem fim...
Vem a noite que me acalma...
Alma minha em busca de mim...!
Cansada, desiste!
Inquieta, adormece…
Presencia o triste fim,
Daqueles por quem compadece.
Leo
(autoria de Leonilde Carvalho)
<p>Desejo a mesma sorte, que a triste sorte dos animais que nao sejam ajudados por quem nao deixa que se os ajude. Autor desconhecido</p>
<p> </p>
<p>-------------------------------------------------------------</p>
<p>Regurgito nas postas de pescada dos arrotadores. Autor desconhecido</p>
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<p> </p>
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<p>Regurgito nas postas de pescada dos arrotadores. Autor desconhecido</p>
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- Registado: terça jul 12, 2005 4:09 pm
- Localização: Rafa, Igor, Cuca (rola branca)
Bom dia
Para este cenário Dantesco, e que se repete todos os anos, faço minhas as palavras do Paulo Santos.
Para este cenário Dantesco, e que se repete todos os anos, faço minhas as palavras do Paulo Santos.
<p>Isabel</p>
<a href="http://www.apca.org.pt">www.apca.org.pt</a>
<p> <a href="http://www.animaisderua.org">www.animaisderua.org</a> </p>
<p> <a href="http://patasfelizes.blogs.sapo.pt/">htt ... pt/</a></p>
<p> </p>
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<p> <a href="http://www.animaisderua.org">www.animaisderua.org</a> </p>
<p> <a href="http://patasfelizes.blogs.sapo.pt/">htt ... pt/</a></p>
<p> </p>
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Lindoleonildecarvalho Escreveu: E por eles e para eles, aqui lhes deixo uma minha pequena homenagem, também:
Grito aos Ventos...
Grito aos Mares...
Grito aos Rios...
Grito, grito e grito...
Por algo que nem sei...
Pelo desespero do que não entendo...
Por tudo o que pensei...
Continuo gritando...
Sem respostas deles...
Sofro meditando...
Somente por eles...!
Luto contra o pensamento...
Desbravo a lembrança...
Acredito intensamente...
Que no final está a esperança.
É demais esta loucura...
É a dor do que me rodeia...
Parto na procura...
Do final desta odisseia...!
Em viagem vai a minha alma...
Percorre Mundos sem fim...
Vem a noite que me acalma...
Alma minha em busca de mim...!
Cansada, desiste!
Inquieta, adormece…
Presencia o triste fim,
Daqueles por quem compadece.
Leo
(autoria de Leonilde Carvalho)
