Concordo com as medidas tomadas. Pena por aqui não se fazer o mesmo.SÉRGIO BARRETO MOTTA (Rio)
A exemplo do que ocorre em outras cidades, no Rio é comum cães ferozes, de raças como pit bull, rottweiler, dobermann, bull terrier e fila brasileiro morderem crianças, velhos e cidadãos de qualquer idade. Muitas vezes, o assunto é levado à polícia e o caso acaba encerrado sem qualquer punição mais séria. Em alguns casos, a vítima morre, mas o dono do cão não é acusado de assassinato, apenas de omissão ou crime culposo, por não haver dolo.
Agora, o prefeito do Rio, César Maia, tenta uma nova forma de protecção para os munícipes. Um decreto que está prestes a sair determinará que os donos de cães de raças perigosas serão obrigados a fazer um seguro, que garanta indemnização até 50 mil euros às vítimas, por mordidelas ou morte, além de acção penal que venha a ser aberta.
Também os proprietários terão de se submeter a algumas exigências. Os donos desses tipos de cachorro têm de ser maiores de 18 anos, não podem ter antecedentes criminais, e devem apresentar atestado de capacidade física e psíquica. Quanto ao seguro, deverá estar sempre em dia. Os animais deverão dispôr de atestado de sanidade expedido por um profissional, certificado de adestramento e licença de órgão municipal competente. O decreto disporá ainda que o dono do animal deverá estar sempre com a prova de quitação do seguro disponível, para ser mostrada a polícias a qualquer momento, nas ruas ou em centros comerciais.
Pelo menos um vereador, Otávio Leite, acha a medida insuficiente e sugere que a prefeitura garanta esterilização gratuita para todos os animais.
Quanto à opinião pública, parece ter recebido a notícia de forma positiva, mas com a descrença de sempre. Como se sabe, no Brasil há leis muito boas, nem sempre aplicadas. O país foi um dos primeiros a punir motoristas que guiem a falar ao telemóvel, porque prejudica o seu desempenho na condução de um veículo - mas é comum ver-se todo mundo guiar e falar ao telemóvel, sem qualquer restrição. Isto por saber que a polícia deixa a questão de lado, preocupada com assuntos mais graves de trânsito e com a segurança, pois no Rio há muitos assaltos a motoristas que param nos semáforos.
Uma vez por outra, quando um parlamentar apresenta um projeto, descobre haver inúmeras leis sobre o mesmo tema, em vigor, mas esquecidas pelas autoridades e não cumpridas pela população - que, de forma alguma, age com rigor germânico e prefere o chamado "jeitinho" brasileiro. Esse "jeitinho" combate o stress e tem aspectos positivos, por se coadunar com a alegria de viver dos brasileiros, mas em muitos casos assume características de autêntica baderna.
Uma lei que proíbe fumo em lojas, por exemplo, raramente é cumprida. Outra, que proíbe o acesso de cães a praias, também é motivo de riso. Uma outra, que manda os candidatos a cargos electivos apresentarem gastos de campanha é peça de ficção, pois em geral mostra-se um valor mais baixo, que não daria para dar início a uma campanha política. E vai por aí...
Para além do seguro de mordidas também devia haver um seguro caso o animal provocasse algum tipo de acidente.
O que eu não percebo é porque é que isso só se aplica às raças perigosas como eles lhes chamam e não a todos os cães

Até parece que os cães de raças não perigosas (por analogia) não mordem...

Saudações caninas!
