quinta fev 02, 2006 5:22 pm
Esta é bem longa... mas vale a pena... afinal, pode acontecer até a vedetas...
O Zé adorava feijoada. Porem, sempre que comia, o feijão causava-lhe uma reacção fortemente embaraçosa. Algo muito forte. Um dia apaixonou-se. Quando chegou a altura de pedir a mulher em casamento, pensou: Ela e de boas famílias, cheia de etiqueta, não vai aguentar estar casada comigo se eu continuar a comer feijão. Decidiu fazer um sacrifício supremo e deixou-se de feijoadas.
Pouco depois estavam casados. Passados alguns meses, ao voltar do trabalho o carro avariou. Como estava longe, ligou para a mulher e avisou que ia chegar tarde pois tinha que regressar a pé. No caminho, passou por um pequeno restaurante e foi atingido pelo irresistível aroma de feijoada acabadinha de fazer. Como faltavam vários quilómetros para chegar, achou que a caminhada o iria livrar dos efeitos nefastos do feijão. Então entrou, pediu, e ao sair tinha três doses de feijoada no estômago. O feijão fermentou e durante todo o caminho, foi-se soltando sem parar. Foi para casa a jacto. Soltando-se tanto que tinha que travar nas descidas, e nas subidas quase não fazia esforço para andar. Quando se cruzava com pessoas continha-se ou aproveitava a oportuna passagem dum ruidoso camião para soltar gás.
Quando chegou a casa, já se sentia mais seguro. A mulher parecia contente quando lhe abriu a porta e exclamou: Querido, tenho uma surpresa para o jantar!". Tirou-lhe o casaco, pôs-lhe uma venda nos olhos, levou-o até à cadeira na cabeceira da mesa, sentou-o e pediu-lhe que não espreitasse. Nesse momento, já sentia mais uma ventosidade anal. No momento em que a mulher ia retirar a venda, o telefone tocou. Ela obrigou-o a prometer que não espreitava e foi atender o telefone. Enquanto ela estava longe, ele aproveitou e levantou uma perna e -ppuueett - soltou um. Era um pum comum. Para alem de sonoro, também fedeu como um ovo podre. Aliviado, inspirou profundamente, parou um pouco, sentiu o fedor através da venda, e, a plenos pulmões, soprou varias vezes a toda a volta para dispersar o gás. Quando começou a sentir-se melhor, começou outro a fermentar! Este parecia potente. Levantou a perna, tentou em vão sincronizar uma sonora tossidela para encobrir, e pprrraaaaaaaa! Sai um rasgador tossido. Parecia a ignição de um motor de camião e com um cheiro mil vezes pior que o anterior! Para não sufocar com o cheiro a enxofre, abanou o ar sacudindo os braços e soprando em volta ao mesmo tempo, esperando que o cheiro se dissipasse. Quando a atmosfera estava a voltar ao normal, eis que vem lá outro. Levantou a outra perna e deixou sair o torpedo! Este foi o campeão: as janelas tremeram, os pratos saltaram na mesa, a cadeira saltou e num minuto as flores da sala estavam todas murchas. Quase lhe saltavam os
sapatos dos pés. Enquanto ouvia a conversa da mulher ao telefone no corredor, sempre fiel a sua promessa de não espreitar, continuou assim por mais uns minutos, a soltar-se e a tossir, levantando ora uma perna ora a outra, a soprar à volta, a sacudir as mãos e a abanar o guardanapo. Uma
sequencia interminável de puns, torpedos, rasgadores e puns comuns, nas versões secas e com molho. De onde a onde acendia o isqueiro e desenhava com a chama círculos no ar para tentar incinerar o nefasto metano que teimava em acumular-se na atmosfera. Ouviu a mulher a despedir-se e sempre com a venda posta, levantou-se apressadamente, e com uma mão deu umas palmadas na
almofada da cadeira para soltar o gás acumulado, enquanto abanava a outra mão para espalhar. Quando sacudia e batia palmadinhas nas calcas largas para se libertar dos últimos resíduos, ouviu o plim do telefone a desligar, tendo o fim da solidão e liberdade de expressão. Alarmado, sentou-se rapidamente, e num frenesim abanou apressadamente mais algumas vezes o guardanapo, dobrou-o, pousou-o na mesa, compôs-se, alinhou o cabelo, respirou profundamente, pousou as mãos ao lado do prato e assumiu um ar sorridente. Era a imagem da inocência quando a mulher entrou na sala.
Desculpando-se pela demora, ela perguntou-lhe se tinha olhado para a mesa. Depois de ele jurar que não, ela retira-lhe a venda, e, Surpresaaaa! Estavam 12 pessoas perplexas e lívidas sentadas a mesa: Os pais, os sogros, o patrão e os colegas de tantos anos de trabalho. Era a "festa surpresa de
aniversário do Zé!"