Já houve 172 desaparecimentos temporários de menores este ano
Sofia Catarina, Cláudia Alexandra, Rui Pedro, Rui Manuel, Jorge Manuel. São cinco os nomes que correspondem a "verdadeiros desaparecimentos" de menores de 16 anos com direito a fotografia há vários anos na página da Polícia Judiciária (PJ). Falta a do bebé que desapareceu no dia 17 de Fevereiro do Hospital do Padre Américo/Vale do Sousa, em Penafiel (ver texto ao lado), admite Artur Pereira, subdirector da PJ do Porto.
Desde o início do ano, o sistema central de informação da PJ registou 172 desaparecimentos de menores de 16 anos. "Quase cem por cento" tornaram a casa. A pedra no sapato, atendendo aos processos já entrados este ano, é mesmo o bebé de Penafiel. Hoje assinala-se o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas.
"A fotografia [dos desaparecidos] devia ser difundida na Internet, na comunicação social", reconhece Artur Pereira, lembrando, por exemplo, que a polícia britânica tem uma parceria com a BBC nesse sentido. "Há um pai [de uma jovem adulta] que espalhou fotografias pela cidade [do Porto]. Se calhar, a PJ devia fazer isso."
A denúncia faz-se em qualquer força de segurança (GNR, PSP) e transita para a Judiciária. A PJ responde em função do crime que se julga subjacente ao desaparecimento - como o rapto, o sequestro, o homicídio. E o de Penafiel é encarado como rapto.
Há miúdos que se zangam com os pais, fazem a mala, deixam uma nota - refugiam-se em casa de um familiar ou de um amigo ou de um namorado. E há os "romeus e julietas" capazes de encetar fuga conjunta. Ainda há pouco, conta Artur Pereira, uma adolescente fugiu para Espanha com um rapaz. Quando terminou o dinheiro, dirigiu-se a uma esquadra e anunciou-se como desaparecida.
Mas também há equívocos. Crianças que vão para casa de um amigo e se deixam estar, ficam sem bateria ou desligam o telemóvel. Ou histórias como a da rapariga que, à revelia dos pais, avançou para Lisboa decidida a fazer um casting para a telenovela Morangos com Açúcar. Dentro do território nacional, reinam os "desaparecimentos temporários".
Os pais são quem mais apresenta queixa, mas nem por isso são isentos de culpas. A PJ depara-se com uma porção de raptos parentais. Tudo dentro de conturbados processos de regulação de poder paternal.
"Às vezes, há utilização da polícia", nota o mesmo responsável. "A mãe já sabe que foi o pai que levou a criança e não diz nada." E não entregar um menor na hora estipulada é diferente de o raptar ou sequestrar. Para as recusas de entrega, existe o crime de subtracção de menor.
Falta de resultados não significa desinteresse
Falsos desaparecimentos à parte, as famílias têm rotinas. E se o menor devia ter chegado a um sítio e não o fez, dispara a preocupação familiar. Como saber se o desaparecimento é real? Os detalhes fornecidos conjugam-se com "a sensibilidade" do investigador. Se uma rapariga do Porto queria muito ir a um concerto que está a acontecer em Lisboa, se calhar o melhor é aguardar um pouco a ver se aparece, exemplifica Artur Pereira.
Casos bicudos sem solução à vista, há poucos. O processo mais antigo é o de Jorge Manuel: desapareceu em 1991, aos 14 anos, em Massarelos, no Porto. Segue-se o de Cláudia Alexandra, de Oleiros, Vila Verde. A menina, de sete anos, desapareceu na rua, perto da igreja. Em 1998, foi a vez de Rui Pedro, de 11 anos, em Paredes. No ano seguinte, esfumou-se Rui Manuel, de 14, em Famalicão. Já em 2004, em Câmara de Lobos, na Madeira, Sofia Catarina, de dois anos, desapareceu de casa da mãe.
É como se estas crianças e adolescentes se tivessem evaporado. Só o processo de Rui Pedro de quando em quando é reaberto. Talvez, acredita Artur Pereira, pelo grau de mediatismo que assumiu, graças ao forte empenho materno. Supostas pistas já levaram a PJ a França, a Espanha, à Suíça... "Se a polícia não vai mais longe é porque não pode", sublinha, lamentando que a mãe tenha "convertido" a ausência de resultados "em desinteresse, ineficácia, inércia".
25.05.2006 - 09h06 Ana Cristina Pereira
In Público
Links para busca de crianças desaparecidas:
http://www.centrodeemergencia.com/portu ... index.html
http://www.buscaki.com.br/links/sociedades/pede.html
Se calhar mtos de vôces ainda não repararam nas na minha assinatura está o link tb de uma rapariga que desapareceu: A Rita Slof

Nunca a conheci mas isso não importa, o que interessa é ela voltar para os seus pais, nem imagino o que as familias sentem nestas alturas


