Medalha da infelicidade
in Jornal de Notícias
Ricardo foi surpreendido no remate do primeiro golo da Alemanha
Jorge Pedroso Faria, em Estugarda
Um erro de Ricardo e uma infelicidade de Petit, em apenas cinco minutos, cavaram o desfecho da partida. A inspiração de Schweinsteiger fez o resto. A Alemanha venceu (3-1) e assegurou o terceiro lugar. O golo de Nuno Gomes, já na recta final, serviu para honrar a derrota de uma equipa que, mesmo caindo para a quarta posição, fez história no Campeonato do Mundo.
A Alemanha entrou melhor. Klose e Podolski, sempre muito perigosos, colocaram a defesa portuguesa em apuros. Graças à velocidade que imprimiam, os germânicos chegavam com facilidade à área lusitana, onde Fernando Meira, a actuar em casa, voltou a ser um gigante. No entanto, a equipa das quinas não se intimidou e pegou na partida. E também criou perigo. Pauleta, a passe de Simão, isolou-se sobre a esquerda, mas permitiu a defesa de Kahn. Os vice-campeões europeus entraram num bom período e, por alguns minutos, conseguiram silenciar o inferno em que se transformou o Gottlieb-Daimler Stadion. Deco e Simão combinavam bem. Cristiano Ronaldo e Maniche também se mostravam muito participativos, Pauleta estava irrequieto. Só que havia sempre um alemão entre a bola e a baliza do conjunto de Jurgen Klinsmann.
A Alemanha voltou a carregar. E, com a ajuda do árbitro, quase tirou do sério a equipa das quinas. Kehl e Podolski obrigaram Ricardo a defesas apertadas. Mesmo com o relvado inclinado, Portugal equilibrou a partida e chegou ao intervalo com o nulo no marcador.
Era tempo de respirar fundo e de partir para a segunda metade. Com Petit no lugar de Costinha, o futebol da selecção portuguesa ganhou solidez e pulmão. Cresceu no terreno, mas, quando nada o fazia prever, a Alemanha chegou ao golo. Schweinsteiger, sobre a esquerda, tirou Paulo Ferreira e Petit do caminho e rematou com êxito, num disparo em que Ricardo foi mal batido. A vantagem alimentou a alma dos germânicos e desnorteou os portugueses. Num livre apontado pelo mesmo Schweinsteiger, Petit cortou de forma infeliz e introduziu a bola na baliza de Ricardo. Em cinco minutos, a Alemanha fez dois golos e sentenciou a partida.
Felipão ainda trocou Nuno Valente por Nuno Gomes e Pauleta por Figo, mas seria novamente a equipa de Jurgen Klinsmann a marcar. E de novo pelo inspiradíssimo Schweinsteiger, num remate parecido com o que valeu o primeiro golo, só que, desta vez, indefensável. Scolari sentou-se no banco. Impotente.
Os últimos minutos foram jogados com Portugal todo ao ataque, na procura de, pelo menos, um golo de honra. E ele chegou por Nuno Gomes, que, de cabeça, deu a melhor direcção a um cruzamento milimétrico de Figo.
O último apito do japonês Toru Kamikawa apenas confirmou o que era conhecido. A Alemanha conquistou a medalha de bronze. E Portugal a da infelicidade.
