Os limites da "humanização"

Este é o fórum dedicado exclusivamente ao melhor amigo do homem! Troque ideias e tire dúvidas sobre o cão.

Moderador: mcerqueira

nel
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terça set 12, 2006 9:27 am

A maioria dos cães de companhia são tratados como se fossem humanos. Isto não seria grave se houvesse o sentido do equilíbrio, que é o estabelecimento da fronteira entre a condição do cão como animal, tal como ele efectivamente é, e o homem. Normalmente isto não é compreendido nem assumido pelos donos.

O “fenómeno” do cão de companhia ou, em termos mais latos, do animal de estimação envolve aspectos muito complexos que não cabem nestas considerações sumárias. São aspectos de carácter urbanístico, muito evidentes nos grandes centros urbanos, problemas sociais e psicológicos que a própria vivência urbana gera, como o isolamento,etc., etc.

De qualquer modo, o animal de companhia veio para ficar e ficou mesmo. Isto é inegável e irreversível e interessa encarar esta situação de forma lúcida e inteligente, tentando compreendê-la numa NOVA DIMENSÃO, que nem sempre é assumida como tal por muitas pessoas.
Mas não se julgue que isto é uma extravagância da nossa era. Em tempos remotos, como revelam tantas gravuras, já o cão era um “mero” animal de companhia.
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Eu sempre fui um defensor do cão (também e exclusivamente) como animal de estimação, de forma perfeitamente assumida e lúcida, e procuro respeitar sempre os meus como animais que são, mas retribuindo-lhes o bem-estar que merecem, em parte como reconhecimento do que eles me oferecem, que é muito.
Esta relação é muito crítica e merece uma atenção extrema, sob pena de, se nos esquecermos que eles são efectivamente animais e não pessoas, acabarmos por humanizá-los.

Mas, concretizando melhor, não creio que os factores de humanização se traduzam exclusivamente em sentá-los à mesa, vestir-lhes umas fatiotas ou dar-lhes beijinhos. Estas atitudes, entre outras, poderão constituir factor de humanização, mas quando reforçam outras atitudes da parte dos donos.
Por isso, embora eu não pratique essas estravagâncias, também não as critico como reprováveis só por si.

Um dos factores de humanização dos cães, muito especialmente no meio urbano, resulta desde logo do facto de o animal viver inevitavelmente connosco dentro de casa.
Mas nós próprios também vivemos encaixotados uns em cima dos outros, em muitos casos num total isolamento em relação aos vizinhos e ao mundo. É assim que se vive nas grandes cidades. Gente só que, em muitos casos, encontra no convívio com o seu animal de companhia a única razão de existir.
O cão é um dos protagonistas desta história e, realmente, não quer nem tem culpa de ser humanizado, mas é-o porque na maioria das situações o dono não o compreende na sua verdadeira dimensão de animal.

Por vezes tenho expressões como esta: “eles merecem porque também são gente”.
É uma expressão carinhosa mas que não passa disso porque eles não a compreendem textualmente. O grande problema também não está em falar com o cão (quantos e quantos pastores, no seu isolamento, falam com as suas ovelhas!). Importante é o estabelecimento dos limites da humanização.

Lancei os dados. Não vou dar a minha opinião sobre quais considero serem esses limites.
Venha daí a vossa contribuição...

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AcTiOnGiRl
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terça set 12, 2006 1:36 pm

Um dos factores de humanização dos cães, muito especialmente no meio urbano, resulta desde logo do facto de o animal viver inevitavelmente connosco dentro de casa.
Nenhum dos meus cães está dentro de casa.
Foi uma opção que tomei em conjunto com os meus pais.
Eu trato bem os meus cães, até os trato por expressões carinhosas, o Popeye por exemplo chamo-o de bebe.
Não considero que os humanize.

Tenho uma amiga que mora sozinha com uma cadela, então a cadela tem lugar á mesa nas refeições, dorme com ela na cama, o dia-a-dia da minha amiga é em função da cadela.
Não pode sair pa cadela não ficar sozinha em casa etc, isto eu considero humanizar :roll:
Os Boxers são frequentemente descritos como os filósofos entre os cães, talvez porque às vezes parecem sonhadores e distraídos.
lasa
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terça set 12, 2006 1:48 pm

O meu cão também não está dentro de casa e nem sequer tem ordem para lá entrar! Mas isto acontece porque as condições assim o permitem.
Trato-o igualmente por nomes carinhosos: meu lindo, cachorrinho, lindão da dona, etc.

Este caso passou-se um dia à noite enquanto estava na varanda e começo a ouvir:
_ "Anda à mãe! Olha o carro filhota, sai da estrada!"

Até aqui tudo bem, não fosse o caso de ser uma mulher a referir-se a uma cadela!!!!!!

Isto para mim, é o limite!
Bem sei que há muitos mais casos como estes que os donos tratam os animais por filhos, mas não me parece de facto nada correcto.
Ai se me sa&iacute;sse o Euromilh&otilde;es...
ailsa
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terça set 12, 2006 1:59 pm

Boa tarde

Nunca tive cães a viver dentro de casa, os meus pais nunca permitiram. Era mais nova e chorava de Inverno por ter a minha cadela no terraço (com casota e cobertor) queria à força metê-la dentro de casa, e a minha mãe disse-me "os cães são da rua, eles não têm frio".

Mas entram dentro de casa todos os dias (o Kimba é mais reticente em entrar), mas depois sabem que dormir é no lugar deles, basta dizer-lhes "vamos lá para o vosso sítio".

A Ailsa só dorme dentro de casa na aldeia ;). Às vezes lá acompanha o meu sobrinho até à cama, mas depois retorna ao sítio dela.

Aliás acho mesmo que eles próprios não se acostumavam dentro de casa.

Tinha um colega que a cadela dela estava sempre dentro de casa, dormia na cama dela e tudo e morreu com a esgana por não ter as vacinas em dia. Como para mim a saúde é mais importante, prefiro tê-los saudáveis ;)
mariabogas
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terça set 12, 2006 2:39 pm

Não considero que humanizar = cães dentro de casa ou que humanizar = expressões carinhosas.

Se me disserem que humanizar é deixar o cão comer da nossa mesa, dormir na nossa cama, sentar no nosso sofá, não repreender porque pode ficar sentido, não dar uma palmada porque tadinho, não ensinar porque pode sentir-se estupido, ... então estamos de acordo.

Como cada um trata os seus animais ou se expressa com eles, é com cada um, desde que saibam por limites e saibam que cães são cães e necessitam de regras e de sentirem bem defenido quem manda lá em casa.

Eu sublinho aqui que nunca entregaria um cãe a quem me disse-se que o cão é para ficar na rua e nunca entrar em casa.
Para mim um cão é um companheiro, membro da minha familia e que partilha o meu lar.
Tem os seus sitios para dormir, comer e andarem. Imponho regras e limites !

A partir daí ...
AcTiOnGiRl
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terça set 12, 2006 2:49 pm

Eu sublinho aqui que nunca entregaria um cãe a quem me disse-se que o cão é para ficar na rua e nunca entrar em casa.
Não me entregaria nenhum cão a mim, nenhum cão dos 6 que tenho entra dentro de minha casa, ponto final.

Cada um tem a sua casota e a sua "privacidade" brinquedos, cobertores etc.

E certamente que os meus cães são menos felizes só porque não entram dentro de minha casa ou porque não dormem comigo na cama.

Mas são ideias.

Eu pessoalmente não entregaria nenhum cão a quem me dissesse que ele ia ficar todo o dia fechado dentro de um apartamento, dentro de uma varanda, ou preso no terraço á casota.
Os Boxers são frequentemente descritos como os filósofos entre os cães, talvez porque às vezes parecem sonhadores e distraídos.
MDogster
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terça set 12, 2006 3:37 pm

Os meus cães, por mim, estão onde quiserem... Claro que não os sento à mesa para jantar, nem lhes pinto as unhas ou coisas assim...
Mas, quem goste, não tenho nada contra!

Para mim, o limite da "humanização" é quando se começa a atribuir aos animais emoções ou sentimentos que eles não têm... Como o cãozinho que está muito carente e precisa urgentemente de uma namorada ou a cadelinha que é muito infeliz porque nunca experimentou o milagre da maternidade.
ailsa
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terça set 12, 2006 3:40 pm

AcTiOnGiRl Escreveu:
Eu sublinho aqui que nunca entregaria um cãe a quem me disse-se que o cão é para ficar na rua e nunca entrar em casa.
Não me entregaria nenhum cão a mim, nenhum cão dos 6 que tenho entra dentro de minha casa, ponto final.
Nem a mim ;)

mariabogas Escreveu: Se me disserem que humanizar é deixar o cão [s]comer da nossa mesa, dormir na nossa cama, sentar no nosso sofá[/s]
Neste caso humanizo, porque não é a primeira vez que a Ailsa (sim porque o Kimba não precisa :) ) salta para o meu colo e começa a comer do meu prato, depois de eu ter comido claro ;). E já dormiu na minha cama.
susanastrat
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terça set 12, 2006 4:12 pm

Uma Casota na varanda! :lol:


Não tem sentido uma pessoa vestir e calçar um cão, unhas postiças, óculos, como se fosse um ser humano, fazer festas de aniversário, fazer um festas de casamento de cães... , enfim.

Não vamos confundir os cuidados: sanitários, clínicos, nutricionais e "afectivos" que são necessários aos animais domésticos. Não queria misturar o Bem Estar Animal, com os excessos praticados pela humanização do animal levado ao ridículo. Nesta fase extrema de antropomórfismo não será exactamente o bem estar do animal que está em causa; fica sim comprometido. O animal é usado como objecto de todos os caprichos e algum desequilibrio, por parte do dono.

As acções extremas antropomórficas em relação aos animais de estimação ficam ridículas, é a minha opinião.
<p>susana</p>
keitinha
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terça set 12, 2006 4:25 pm

Bem aqui vai o meu tristemunho, desde criança sempre tive-mos càes dentro de casa, tinham a sua casota no terraço para dormir de noite e a comida deles era là tambem que ficava, mas a vida deles era livre de andar pela casa ,eram bem tratados mas como cães .A triste historia vem depois quando casei ,como sabiam que era maluquinha por càes ofereceram-me um, fiquei super feliz ter um càozinho só meu ,mas vou resumir o cão ficou (humanizado por minha culpa reconheço agora )ele mandava na casa roncava à minha metade ,quem se sentava no sofa ao meu lado era ele, pois era lugar cativo enfim ,a toto aqui falava não lhe ralhes, ele não quer ,ele so estava bem perto de mim ,porque eu o tratava ( nao como um cachorro mas sim como pessoa)Agora com a Tuga esta a ser diferente pois não tem as liberdades que o outro erroneamente tinha . ;)
hitman6
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terça set 12, 2006 4:49 pm

A partir do momento em que ensinamos o cão onde deve fazer as necessidades, a partir do momento em que lhe fornecemos a comida que ele come, já estamos a humanizar o cão. É inevitavel faze-lo. Não é apenas por vestir os cães ou deixa-los comer à mesa; ou trata-los com nomes carinhosos.
Nós retiramos aos nossos cães o seu lado primitivo simplesmente por os alimentarmos, de forma que este nossos animais não sobreviveriam no seu estado selvagem. E isso é que é realmente humanizar o cão.
anjjazul
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terça set 12, 2006 6:08 pm

não sei até onde vão os limites da humanização dos meus cães. claro que seriam diferentes, se não lhes desse ração xpto, não os levasse ao vet, não fossem de férias, não estivessem em casa, etc. seriam diferentes, mas seriam melhores?
anjjazul
susanastrat
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terça set 12, 2006 6:16 pm

MDgoster Escreveu:Para mim, o limite da "humanização" é quando se começa a atribuir aos animais emoções ou sentimentos que eles não têm... Como o cãozinho que está muito carente e precisa urgentemente de uma namorada ou a cadelinha que é muito infeliz porque nunca experimentou o milagre da maternidade.
:lol:



Não é propriamente estar em casa ou no quintal que determina seja o que for, depende antes da forma como têm os cães no quintal ou em casa.

Os nomes carinhosos que usam numa ou outra ocasião, não vejo que seja grave.

E na verdade, todos têm cães e não "cães assilvestrados"...de uma forma ou de outra são cães; animais de estimação.
<p>susana</p>
kitten
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terça set 12, 2006 8:30 pm

Pois eu tenho as minhas cadelas dentro de casa, por uma razão muito simples, não tenho quintal.
E dormem todas no meu quarto, umas na cama, outras no chão.
Tinha um colega que a cadela dela estava sempre dentro de casa, dormia na cama dela e tudo e morreu com a esgana por não ter as vacinas em dia. Como para mim a saúde é mais importante, prefiro tê-los saudáveis
Mas só não entendo o que tem isto a ver com ter os cães dentro de casa, as minhas estão dentro de casa e têm as vacinas em dia, apesar de viverem dentro de casa vão várias vezes à rua por dia.
Para mim, o limite da "humanização" é quando se começa a atribuir aos animais emoções ou sentimentos que eles não têm... Como o cãozinho que está muito carente e precisa urgentemente de uma namorada ou a cadelinha que é muito infeliz porque nunca experimentou o milagre da maternidade.
Concordo a 100% com o Md, isto sim é humanizar.
Para quem não entende, o que se segue é a minha assinatura
http://apterrariofilia.org/
Se algum dia sentir um vazio dentro de si ... vá comer que é fome !!!
Madalena Marques
fang
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terça set 12, 2006 8:37 pm

hitman6 Escreveu: A partir do momento em que ensinamos o cão onde deve fazer as necessidades, a partir do momento em que lhe fornecemos a comida que ele come, já estamos a humanizar o cão. É inevitavel faze-lo. Não é apenas por vestir os cães ou deixa-los comer à mesa; ou trata-los com nomes carinhosos.
Nós retiramos aos nossos cães o seu lado primitivo simplesmente por os alimentarmos, de forma que este nossos animais não sobreviveriam no seu estado selvagem. E isso é que é realmente humanizar o cão.
Será??

Reveja lá bem os conceitos de humanização animal, nomeadamente de animais sociais como o cão. ;)
<p>Francisco Barros</p>
<p><a href="http://vigilantesnatureza.paginas.sapo.pt">http://apgvn.pt.vu</a></p>
<p><a href="http://www.biodiversity4all.org">http://www.biodiversity4all.org</a> </p>
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