Os limites da "humanização"
Moderador: mcerqueira
-
- Membro Veterano
- Mensagens: 334
- Registado: domingo ago 13, 2006 12:22 am
- Localização: Cookie; Rocky
Devemos distinguir duas coisas: Uma é humanizar, que é modificar o cão de forma a que ele se adapte ao nosso tipo de vida; Outra coisa é atribuir ao cão sentimentos humanos e isso penso não ter a ver com humanizar o animal é mais uma questão que està nos olhos de quem observa o cão.
Para mim isto é mais uma tentaviva de fazer dinheiro fácil, trazendo cachorros ao mundo sabe-se lá com que anomalias.Para mim, o limite da "humanização" é quando se começa a atribuir aos animais emoções ou sentimentos que eles não têm... Como o cãozinho que está muito carente e precisa urgentemente de uma namorada ou a cadelinha que é muito infeliz porque nunca experimentou o milagre da maternidade.
Muitas vezes estas pessoas não estão sequer a pensar nas "carências" dos bichos, mas sim em dinheiro fácil.
E depois vê-se por aí cães de "raça" aos montes abandonados e à procura de novos donos, porque vão mudar de cassa, vão ter um filho, têm alergia ao pêlo.
Ai se me saísse o Euromilhões...
-
- Membro Veterano
- Mensagens: 3778
- Registado: terça set 24, 2002 8:18 am
- Localização: Três whippets
- Contacto:
Depois de ler algumas intervenções, com as quais concordo plenamente, julgo que devo modificar muito ligeiramente esta frase para se entender melhor o que eu pretendia dizer:nel Escreveu: ... Um dos factores de humanização dos cães, muito especialmente no meio urbano, resulta desde logo do facto de o animal viver inevitavelmente connosco dentro de casa. ...
O facto de vivermos com os cães dentro de casa é meio caminho andado para os humanizarmos. Era isto que eu pretendia dizer.
De facto, sempre vivi com os meus cães dentro de casa e julgo que não os humanizei.
Vou um pouco mais longe: não considero condição necessária (e muito menos suficiente) não deixar entrar os cães em casa como factor importante para não os humanizar.
Mas isto levar-nos-ia muito mais longe. Há realmente formas de assumir a relação com o cão que diferem substancialmente, por ex. do campo para a cidade. É uma questão puramente cultural, que já em tempos aqui foi debatida várias vezes e que é realmente interessante.
Não se depreenda deste comentário que considero campónias ou provincianas (no sentido de tacanhas) as pessoas que em resposta a este tema referiram que os seus cães não entram em casa. Nada disso

Pensando bem, vou propor este tema numa próxima oportunidade

<p> </p>
<p> </p>
<p> </p>
A minha cadela vive dentro de um apartamento, tem as vacinas todas em dia e anda mais kms por dia que muitos cães com jardim (que muitas vezes só por terem um quintal ou jardim, ficam lá encafuados dias inteiros).
Se é humanizada, muitas vezes... trato-a por nomes carinhosos, imagino o que ela pensa, como se ela pensasse como nós humanos, essas coisas.
Tb dorme no quarto, aos pés da cama, porque me faz pena trancá-la sozinha numa divisão, quando a mim não me faz diferença que ela circule pela casa.
Porém, nunca come da nossa comida, deixo-a sempre socializar com os outros cães sem interferência dos donos, não precisa de namorado (aliás ja está esterilizada), e não fica de certeza ofendida quando ralho com ela!
Se isto é uma boa ou má humanização... não sei.
Se humanizar um cão é trazê-lo para dentro de casa? Não creio, isso é domesticá-lo... tal como pô-lo num quintal com uma casota.
Shakti
Se é humanizada, muitas vezes... trato-a por nomes carinhosos, imagino o que ela pensa, como se ela pensasse como nós humanos, essas coisas.
Tb dorme no quarto, aos pés da cama, porque me faz pena trancá-la sozinha numa divisão, quando a mim não me faz diferença que ela circule pela casa.
Porém, nunca come da nossa comida, deixo-a sempre socializar com os outros cães sem interferência dos donos, não precisa de namorado (aliás ja está esterilizada), e não fica de certeza ofendida quando ralho com ela!
Se isto é uma boa ou má humanização... não sei.
Se humanizar um cão é trazê-lo para dentro de casa? Não creio, isso é domesticá-lo... tal como pô-lo num quintal com uma casota.
Shakti
Eu humanizo os meus cães mas não os ridicularizo. Imponho os limites na relação DONO=LÍDER CÃO=CÃO. Se esta relação é afectada considero que a humanização é prejudicial para ambos: cão e dono. A humanização dos cães é um fenómeno cultural dos tempos urbanos. Há uns anos atrás quem tinha cães eram os felizardos (ou não!) das quintas e das vivendas. Nos apartamentos tinham-se peixes, pássaros e tartarugas. Desde que se tornou comum a aquisição de cães para apartamento tornou-se inevitável a humanização dos mesmos. Eu sou das que defendo que um cão não precisa de muito espaço, precisa sim de muito exercício e de muitas actividades com o dono. Prefiro saber que um Dogue Alemão vive num apartamento com o dono e passeia 2 a 3h por dia com, numa relação de interacção constante, do que saber que o desgraçado do pincher da vizinha vive num quintal de 300 m2 onde todos os elementos da casa passam por ele como se não existisse, e rua nem vê-la.
A minha cadela é a minha melhor amiga: dorme comigo, corre comigo na praia, vai de fim de semana comigo, faz férias comigo. No entanto, obedece a todas as minhas ordens, só como ração, não faz nem uma pinga de xixi em casa e socializa com outros cães de forma saudável. Não me preocupa a minha relação com ela, mesmo que me alertem que ela está humanizada de mais. Os beijinhos não consigo evitar... desde míuda que fugia aos meus pais nos restaurantes para me agarrar a cães de rua aos beijos (péssimo, perigoso, eu sei! É só para perceberem que a coisa é quase genética). Não critico quem proíbe os cães de entrar em casa, desde que tenha uma relação rica com eles no quintal. Eu, pessoalmente, gosto de cães de sofá, que enchem uma casa de alegria como se fossem crianças.
E já agora, porque o tema é pertinente, fiz uma viagem a Miami que me deixou profundamente chocada. A GANT, a ARMANI, a GUCCI e a CHANEL têm a secção de homem, de mulher e de cão. E desde cães com unhas pintadas de cor de rosa a massagens de rua para relaxar o cão vi de tudo. Isto sim, é grave!
A minha cadela é a minha melhor amiga: dorme comigo, corre comigo na praia, vai de fim de semana comigo, faz férias comigo. No entanto, obedece a todas as minhas ordens, só como ração, não faz nem uma pinga de xixi em casa e socializa com outros cães de forma saudável. Não me preocupa a minha relação com ela, mesmo que me alertem que ela está humanizada de mais. Os beijinhos não consigo evitar... desde míuda que fugia aos meus pais nos restaurantes para me agarrar a cães de rua aos beijos (péssimo, perigoso, eu sei! É só para perceberem que a coisa é quase genética). Não critico quem proíbe os cães de entrar em casa, desde que tenha uma relação rica com eles no quintal. Eu, pessoalmente, gosto de cães de sofá, que enchem uma casa de alegria como se fossem crianças.
E já agora, porque o tema é pertinente, fiz uma viagem a Miami que me deixou profundamente chocada. A GANT, a ARMANI, a GUCCI e a CHANEL têm a secção de homem, de mulher e de cão. E desde cães com unhas pintadas de cor de rosa a massagens de rua para relaxar o cão vi de tudo. Isto sim, é grave!
Pois é, vivendo com o meu cão dentro de casa, sem quintal e sem experiência não tem sido tarefa fácil evitar a humanização do pobre
É um princípio que procuro manter presente mas às vezes é difícil. Não falo dos exageros (tratar os cães com total permissividade, bonecas de enfeitar ou como filhos é mais que ridículo, é impensável) mas sim de traçar limites fixos que facilitem a convivência mas respeitem as idiosincrasias da sua espécie.
A minha sorte é ele não ser de raça grande, estou mesmo a ver-me a obrigar um cão de 40 Kg ou mais a sair do sofá como faço com o meu cocker...

É um princípio que procuro manter presente mas às vezes é difícil. Não falo dos exageros (tratar os cães com total permissividade, bonecas de enfeitar ou como filhos é mais que ridículo, é impensável) mas sim de traçar limites fixos que facilitem a convivência mas respeitem as idiosincrasias da sua espécie.
A minha sorte é ele não ser de raça grande, estou mesmo a ver-me a obrigar um cão de 40 Kg ou mais a sair do sofá como faço com o meu cocker...
-
- Membro Veterano
- Mensagens: 6127
- Registado: sábado ago 14, 2004 7:49 pm
- Localização: carlota, max, dora,estrela, serafim, rita, pinóquio, isaias, flávio, alice, cinderela,
sei de um rapaz que tem uma labradora sempre no quintal. o bicho é manso mas o cúmulo da falta de educação. agora, passa o tempo a montá-lo. solução - vai ter cachorros
de facto, a humanização tb. passa pela impossibilidade de ensinar ao cão , o lugar que ocupa junto da família humana

de facto, a humanização tb. passa pela impossibilidade de ensinar ao cão , o lugar que ocupa junto da família humana
anjjazul
-
- Membro Veterano
- Mensagens: 3778
- Registado: terça set 24, 2002 8:18 am
- Localização: Três whippets
- Contacto:
MDogster Escreveu:... Para mim, o limite da "humanização" é quando se começa a atribuir aos animais emoções ou sentimentos que eles não têm...
Sem desconsiderar outras intervenções, não resisto deixar de citar estes dois pedacinhos.ismota Escreveu:... Prefiro saber que um Dogue Alemão vive num apartamento com o dono e passeia 2 a 3h por dia com, numa relação de interacção constante, do que saber que o desgraçado do pincher da vizinha vive num quintal de 300 m2 onde todos os elementos da casa passam por ele como se não existisse, e rua nem vê-la. ...
<p> </p>
<p> </p>
<p> </p>
Boa Noite
Da minha pouca experiência em ter/educar cães julgo que humanizar um cão é o episodio contado pela forista Keitinha.
Eu vivo num apartamento e por isso não tenho forma de ter o meu cão "fora de casa". De qualquer forma mesmo que tivesse uma casa com jardim julgo que o deixaria estar dentro de casa. Há sitios obviamente desnecessarios para o cão e como tal são para eles proibidos (Ex.: Wc's). Mas quando comprei o cão, o intuito foi para me fazer companhia, logo não faria sentido eu não o deixar entrar em casa...a não ser que eu ficasse grande parte do meu tempo também fora de casa.
De qualquer forma julgo trata-lo como cão que é...tem a cama dele, os brinquedos dele, come a comida dele na púcara dele, eu como antes dele, eu passo antes dele pelas portas, aquilo que vou aprendendo que se deve fazer...
Da minha pouca experiência em ter/educar cães julgo que humanizar um cão é o episodio contado pela forista Keitinha.
Eu vivo num apartamento e por isso não tenho forma de ter o meu cão "fora de casa". De qualquer forma mesmo que tivesse uma casa com jardim julgo que o deixaria estar dentro de casa. Há sitios obviamente desnecessarios para o cão e como tal são para eles proibidos (Ex.: Wc's). Mas quando comprei o cão, o intuito foi para me fazer companhia, logo não faria sentido eu não o deixar entrar em casa...a não ser que eu ficasse grande parte do meu tempo também fora de casa.
De qualquer forma julgo trata-lo como cão que é...tem a cama dele, os brinquedos dele, come a comida dele na púcara dele, eu como antes dele, eu passo antes dele pelas portas, aquilo que vou aprendendo que se deve fazer...
Isto é sociabilizar com vista à convivencia com outra espécie.hitman6 Escreveu: Devemos distinguir duas coisas Uma é humanizar, que é modificar o cão de forma a que ele se adapte ao nosso tipo de vida;
Isto sim é humanizar!!hitman6 Escreveu: Outra coisa é atribuir ao cão sentimentos humanos e isso penso não ter a ver com humanizar o animal é mais uma questão que està nos olhos de quem observa o cão.
Quantas pessoas não atribuem ao cão sentimentos humanos, quando:
- O cão se apodera do sofá, rosnando, e o dono simplesmente o deixa ficar porque "ele tem este mau feitio, mas está no direito dele, coitado".
- O cão cheio de todos os mimos, reage mal com estranhos quando é remetido para 2º plano e o dono diz " está com ciumes".
- O cão rosna perante a manipulação da comida e o dono diz "tadinho, não gosta de ser importunado quando come, tal como o dono".
- O cão fez xixi na carpete e passado horas quando o dono chega a casa dá-lhe uma carga de porrada, dizendo "ele sabe bem o que fez!".
- O cão morde no dono e este passa a ficar fechado eternamente no canil porque "é mau, é traiçoeiro, é mal agradecido".
- etc., etc., etc....
Humanizar é isso mesmo: Tratar o cão com atitudes e sentimentos proprios de humanos e esperar do cão as mesmas atitudes e sentimentos humanos.
O cão vê-nos como membros da matilha. O cão só tem 2 formas de estar numa matilha perante outro elemento da mesma: ou como dominante, ou como submisso.
Podem colocar um cão a correr horas seguidas, que ele o faz com prazer para agradar ao dono.
Podem colocar um cão a caçar um dia inteiro, que ele o faz com prazer para agradar ao dono.
Podem colocar um cão a guardar, que ele o faz com prazer para agradar ao dono, mesmo arriscando a própria vida.
Podem colocar um cão a fazer qualquer função (mesmo que companhia), que ele o faz com prazer para agradar ao dono.
Agora se tentarem humanizar um cão, provavelmente deixarão de ter um cão, para ter um grave problema.
Um cão tem forçosamente que ter um lugar na matilha humana, seja ele qual for.
Um cão não pode ter dúvidas quanto ao seu lugar na matilha humana.
Muitas tentativas de humanização (mesmo que inconscientes), baralham o animal de tal forma, que este deixa de perceber qual é o seu lugar, muitas vezes achando que é ele o chefe e o dono o subdito.
Quando falo em humanizar, refiro-me sobretudo ao transcrito no ponto 1 desta definição, que é aquele que é geralmente utilizado no que toca a animais:
humanizar
verbo transitivo
1. tornar humano; dar condição ou forma humana;
2. tornar mais adaptado aos seres humanos;
3. tornar compreensivo, bondoso, sociável;
4. adoçar; suavizar;
verbo reflexo
1. tornar-se humano; adquirir forma ou condição humana;
2. ficar mais compreensivo, bondoso, sociável;
(De humano+-izar)
© Copyright 2003-2006, Porto Editora.
<p>Francisco Barros</p>
<p><a href="http://vigilantesnatureza.paginas.sapo.pt">http://apgvn.pt.vu</a></p>
<p><a href="http://www.biodiversity4all.org">http://www.biodiversity4all.org</a> </p>
<p><a href="http://vigilantesnatureza.paginas.sapo.pt">http://apgvn.pt.vu</a></p>
<p><a href="http://www.biodiversity4all.org">http://www.biodiversity4all.org</a> </p>
-
- Membro Veterano
- Mensagens: 334
- Registado: domingo ago 13, 2006 12:22 am
- Localização: Cookie; Rocky
Olá Fang,
Socializar outra espécie para a convivencia humana como se chama?
Não é humanizar?
Jà li e reli os seus posts e os meus e em relação ao "humanizar" ainda não percebi onde discorda?
A citação que faz vem de encontro ao que eu referi sobre o que é humanizar.
Esclareça-me.
Socializar outra espécie para a convivencia humana como se chama?
Não é humanizar?
Jà li e reli os seus posts e os meus e em relação ao "humanizar" ainda não percebi onde discorda?
A citação que faz vem de encontro ao que eu referi sobre o que é humanizar.
Esclareça-me.