Trauma

[billycobham]

Olá a todos

Cheguei a este site, que desconhecia, pois até hoje, nunca tinha sentido necessidade de procurar qualquer informação específica sobre cães, para além daquela que o veterinário me transmitia quando necessário.

A coisa é muito simples, mas igualmente complexa, pelo que toda a ajuda é bem-vinda. Aqui vai:

Tenho dois cães: o mais velho, de 5 anos, está comigo desde bébé, de raça "Street Boy", como todos os outros que desde os meus 15 anos tive. Tudo normal, faltam-me os adjectivos babosos para o qualificar. É da família. O outro, o mais novo, substituto de um outro que foi atropelado, foi adoptado de um canil onde a minha cunhada é tratadora. Tem cerca de 4/5 meses e tem uma aparência doce e saúdável e está comigo há cerca de 5 semanas. Até aqui tudo "do belo".

Porém, este animal está brutalmente traumatizado com humanos. Segundo a minha cunhada relatou quando me desloquei ao canil para adoptar um "peludo", este animal chegou ao canil após ter sido capturado pela "rede" da Câmara. Vinha completamente amarrado à grade da carrinha, com cordas á volta do pescoço, peito e patas. Quando ela o retirou dali, o animal tremia por todos os cantos, desfazendo-se em fezes e urina de cada vez que alguém o olhava ao longe. Na sua cabeça estavam ainda várias cicatrizes saradas de uma valente dentada canina.

Por todos estes motivos, achei que ele devia ser o escolhido para ter uma vidinha bem melhor do que aquela que ao longo dos seus poucos meses de vida tinha tido.

Viagem para casa, o carro todo besuntado de fezes, enfim, o último dos acontecimentos traumáticos!!! Mas tinha de ser...

Já em casa (que possui um belo quintal), a relação com o mais velho foi de "amor à primeira vista". Recíproco.

Já connosco (eu e a minha esposa) a coisa tem sido muito complexa. Para além dos cuidados "extra", tudo o que conseguimos até agora é que voluntariamente venha cheirar a mão, provavelmente na esperança de ter algo para trincar. De resto... "pàs de rien", à excepção de que se estiver na sua caminha, então sim, deixa fazer festas e até pegar ao colo sem problemas. Mas de resto, tudo à distância, com postura muito defensiva, com absoluto medo da própria sombra.

Passadas estas 5 semanas estou a chegar a um ponto que não sei que estratégia deva adoptar ou que tipo de postura devemos ter, sabendo-se que forçar qualquer coisa, por mínima que seja, está, por motivos óbvios, fora de questão.

Agradeço muito a vossa preciosa ajuda.

[Oconde]

Felicito desde já o novo membro por dois motivos. Por chegar e por nos brindar com uma interessante história.
Penso que não será própriamente uma história inédita pois já li vários relatos semelhantes de outros foristas.Penso que fez bem recorrer a este fórum porque não tarda pessoas experientes dar-lhe-ão dicas importantes. Do que li penso que nesta fase vai precisar de paciência e perserverança, mas decerto irá contornar a situação e obter recompensas O tempo terá de ser um seu aliado precioso. Votos dum feliz 2007 com a família

[smdomingues1]

Parabéns pela atitude tomada, esses bichos costumam ser os que nunca na vida conhecem uma familia!! Tenho uma história identica, da última cadela que apanhei da rua, com a agravante de esta estar em bastante mau estado, com o pelo cheiiiinho de pastilha elastica, com feridas que pareciam queimadelas de cigarro e (o mais grave da cena) tinha-lhe AGRAFADO os mamilos e repuxado a pele e agrafado tb. Foi muito maltratada mesmo... Ela estava a morrer à fome e sede e pensavamos que ela não iria sobreviver. Mas a "kitty" arrebitou e começou a melhorar, mas tinha exactamente a mesma atitude para connosco que relatas. Só com a ajuda (preciosíssima!!) dos outros cães que temos, porque ela olhava e via que não lhes faziamos mal e com muitos ossos e guloseimas ela começou a aproximar-se e a ganhar confiança. Isto já lá vai um ano, mas ela agora até já pula par nós lhe fazermos festas e já anda de nariz no ar quando nos vê mexer no armário, esperando uma guloseima...
Dá-lhe espaço, mas insiste em marcar presença. Brinquem e mexam no outro cão em frente a ele para que ele perceba que ninguém lhe fará mal, chamem o mais velho e dêem-lhe biscoitos e chamem-no a seguir para os vir comer. Vai demorar algum tempo, a minha ainda não tá boa e nunca vai ficar... Ela ficou uma beca "apanhada da moleirinha"... Mas que a viu e quem a vê... Dá tempo ao tempo... O 1º sinal que a minha deu foi deixar de se urinar, mas foi passado 2 meses e tal...

BOA SORTE E UM BOM ANO DE 2007!!!

[jcachorro]

Antes de mais, os meus Parabéns pela aquisição de um cachorro que já sabe à partida que será um desafio!
Um desafio que ainda levará algum tempo a dar os seus frutos, mas que sem dúvidas nenhumas vos dará uma recompensa enorme no futuro.
O facto de existir já um cão residente, equilibrado e confiante com os donos fará "milagres" e se eles se dão bem ainda mais rápida será a "aprendizagem" do cachorro.
Apesar de ele estar na altura indicada para ser treinado (a obediência básica é crucial), o mais importante neste momento é conseguirem a sua confiança. Terão de ser pacientes e explorarem diferentes situações que motivem o cachorro a interagir convosco ( e com pessoas em geral) sem medo, pois é uma coisa que ele desconhece inteiramente.
Com mais algum tempo e muito paciência verão resultados em breve.
Independentemente disto, penso que um aconselhamento junto de um treinador profissional numa escola de cães era uma hipótese a ponderar.
Numa boa escola de treinos, os animais aprendem, porque os donos são ensinados a comunicar melhor com eles e a perceberem os seus sinais!

Felicidades

[omega2]

o meu conselho é que procure uma boa escola de treino, informe se sobre o método correcto de sociabilizar o seu cão, aja naturalmente com ele. não tenha mais cuidado com os gestos nem com a voz só porque ele está presente. aos poucos ele vai saber que tem toda a liberdade para ganhar confiança com voces. vão ver que no dia em que ele demonstrar vontade de brincar ou ter uma atitude mais efusiva voces vão dar pulos de alegria!!
boa sorte.

[billycobham]

Obrigado a todos.

Do que alguém já aqui referiu, queria dizer que eu só adopto cães de raça "Street Boy", como lhes costumo chamar, exactamente por terem muitíssimo menos "mercado" que os Mercedes & BMW's. E não tenho qualquer pinga ou ponta de arrependimento, bem pelo contrário.

Como também alguém disse, foi exactamente por ele estar tão traumatizado que foi o escolhido. Segundo a minha cunhada, seria um sério candidato a nunca vir a ser adoptado e, consequentemente, mais tarde ou mais cedo, ser abatido.

Sei bem que a empresa que tenho pela frente vai ser árdua e requer muita paciência e criatividade para conseguirmos chegar ao bichinho. Coisa que me faltou dizer é que, atrelado pela brincadeira com o mais velho, já consegui casualmente duas vezes que ele se juntasse à "brinca", alinhando no pagode. Logo a seguir, parecia que se tinha vencido algumas barreiras, mas... não. No dia seguinte, tudo o que se mexa, volta a ser um pavor para o animal, à excepção, claro está, do mais velho, na companhia de quem ele se sente absolutamente seguro e confiante.

É claro, também, que já aconteceram incidentes negativos, como por exemplo, ter ficado com a pata entalada nas ripas de uma estante que tenho aqui no escritório (daquelas do Intermarché, que se montam em casa). Indo em seu socorro, ainda mais apavorado ficou e, claro, quem ficou por mau-da-fita, fui eu.

É claro que estes altos e baixos desta caminhada são naturais, mas por ser tão novinho, pensei que fosse mais célere a sua adaptação a nós. Mas, definitivamente, o tempo é o dele e não o nosso.

Obrigado a todos.

[LuMaria]

Olá bom dia e feliz 2007 e todos,

Tenho em casa a ex Miss trauma e digo desde já que para mim foi um prazer ultrapassar cada etapa e cada fase dos receios dela.
Levou anos, alguns ainda não superou mas acredito que tem capacidade para os ultrapassar.
Muita tranquilidade, muitas rotinas, muito mimo sem cair na permissão excessiva e eles adaptam-se. Acho que a criação de rotinas exaustivas foi a minha maior aliada. Continúo a ser fiel aos mesmos passos e às mesmas horas e isso transmite-lhe enorme segurança. Crie hábitos no animal, isso vai fazê-lo sentir uma enorme segurança. Não lhe grite, evite gestos excessivos. Procure a tranquilidade. Acredito, que acabam por superar quase tudo. E o processo é muito gratificante, para nós e para eles.

[sitiodosanimais]

De facto, um acto de coragem e de louvar.

Penso que o tempo irá fazer com que se esqueçam as situações menos felizes.

Uma coisa eu penso ser certa:

Quando lhe conquistar a confiança, ele dará a vida por si.

Os animais são muito mais reconhecidos a quem lhes faz bem do que as pessoas.

Um pouco mais de paciência e espero que um final muito feliz!

[mce]

Boa tarde

Parabéns pela sua atitude

Para além dos bons conselhos que já lhe deram, sugeria a supervisão e acompanhamento do seu veterinário porque o medo excessivo pode ter causado problemas à saúde do cachorro.

De resto....Paciência. Persistência. Serenidade. Tempo. E muito Amor!
Deve agir com tranquilidade, transferindo para o animal confiança e estímulo para enfrentar o medo

Mas não o super-proteja. Se lhe pegar ao colo, o acariciar ou lhe tocar para o acalmar de cada vez que ele mostrar medo, corre o risco do cachorro entender mal de que vale a pena ter medo para ter miminhos.

E não o isole das outras pessoas. Quando o medo diminuir, tente habituá-lo ao contacto até com estranhos porque um cão, que veja o ser humano como a fonte dos mau-tratos, pode tornar-se agressivo por medo, ou seja, atacar para se defender por antecipação.

Boa sorte!
Cristina

[billycobham]

As personagens de quem se fala, o mais velho (Gaspar) a vir para cá, o mais novo (Benfica) deitado na solarenga do quintal.




Aqui, no conforto da caminha, junto ao quentinho.

[billycobham]

Obrigado a todos pelas valiosas dicas.

Pelo que todos me foram dizendo, julgo que estamos no caminho certo, com algum pequeno ajuste aqui ou acolá.

Bem-hajam.

[Lequinhas]

Que lindos meninos Parabéns por ter salvo mais uma vida, que estaria por um fio.

Os conselhos que lhe deram acima são muito importantes, e com o tempo ele vai conseguir "dar-se" a vocês e pedir carinho.
O meu Spock veio muito traumatizado, também de maus tratos, e ainda hoje 3 anos depois não podemos elevar a voz ou bater portas com muita força que ele fica em pânico. Demorou quase 2 anos a lamber-me a mão. Mas cada vitória conseguida é maravilhosa e ele está tão diferente! Dá gosto vê-los ganhar alegria por estarem vivos e terem tido uma 2ª chance.

Boa sorte

[billycobham]

Obrigado a todos pelas valiosas dicas.

Pelo que todos me foram dizendo, julgo que estamos no caminho certo, com algum pequeno ajuste aqui ou acolá.

Bem-hajam.

[anjjazul]

encontrei a dorinha há cerca de 1 ano no meio da estrada. decidi traze-la porque já estava a prever o futuro dela. era para ser dada. mas não sei o que lhe fizeram. a menina tinha medo de tudo e de todos. de mim, fugia como do diabo da cruz. escondia-se debaixo da cama e fugia por todos os lados. até tinha medo de comer e fazer as necessidades. durante meses, pensei que fosse muda. nem ladrava.
desconheço como veio ter comigo na estrada.
comecei por agarrá-la e a deitá-la aos pés da cama. o que eu fui fazer hoje, a dorinha só quer dormir na "garagem" (debaixo dos cobertores) . aos poucos, foi-se aproximando e perdendo o medo. agora, só quer colo.
mas o comportamento continua igual em relação a estranhos e ao exterior. tem medo acho graça, porque quando a solto, ela ladra desalmadamente atrás das pessoas. mas sempre ao longe.
acho que nas férias, fez progressos. fi-la passear entre a multidão. tornou-se mais afoita. agora, voltou ao habitual. é uma tortura levá-la à rua. quer fugir a 7 pés. mas desde que esteja bem, e está...pouco me importa. em casa, é uma doida varrida

[anjjazul]

encontrei a dorinha há cerca de 1 ano no meio da estrada. decidi traze-la porque já estava a prever o futuro dela. era para ser dada. mas não sei o que lhe fizeram. a menina tinha medo de tudo e de todos. de mim, fugia como do diabo da cruz. escondia-se debaixo da cama e fugia por todos os lados. até tinha medo de comer e fazer as necessidades. durante meses, pensei que fosse muda. nem ladrava.
desconheço como veio ter comigo na estrada.
comecei por agarrá-la e a deitá-la aos pés da cama. o que eu fui fazer hoje, a dorinha só quer dormir na "garagem" (debaixo dos cobertores) . aos poucos, foi-se aproximando e perdendo o medo. agora, só quer colo.
mas o comportamento continua igual em relação a estranhos e ao exterior. tem medo acho graça, porque quando a solto, ela ladra desalmadamente atrás das pessoas. mas sempre ao longe.
acho que nas férias, fez progressos. fi-la passear entre a multidão. tornou-se mais afoita. agora, voltou ao habitual. é uma tortura levá-la à rua. quer fugir a 7 pés. mas desde que esteja bem, e está...pouco me importa. em casa, é uma doida varrida