" As águas acastanhadas do rio Sado guardam um tesouro incalculável. Neste estuário vive uma comunidade de golfinhos roazes única na Europa. A sua vida nunca foi fácil e agora, ultrapassada a ameaça dos pescadores, enfrentam outros perigos de morte: A poluição dos metais pesados agravada pela transferência da indústria naval do Tejo para o Sado
in "Forum Ambiente"
A juntar a isto existe outro risco acrescido que são as motas de água e os barcos de recreio, que se aproximam demasiado dos golfinhos, provocando impactos na sua vida social e nos seus hábitos de caça. A comunidade de golfinhos do Sado tem diminuído progressivamente nos últimos anos: desde 1980, o número de espécimes baixou de 50 para cerca de 30.População envelhecida. Águas eventualmente envenenadas. Elevada mortalidade juvenil. A requalificação do estuário do Sado é um caso de vida ou morte para os golfinhos-roazes, alertam os biólogos.
O biólogo, que preside à associação Projecto Delfim/Centro Português de Estudos dos Mamíferos Marinhos e que observa os animais selvagens nestas águas há mais de 17 anos, admite a hipótese da população se tornar inviável no prazo de uma década. Hoje, ainda resistem cerca de 30 indivíduos, mas as crias e jovens estão a morrer e os adultos a envelhecer. A suspeita cai sobre os químicos utilizados pelos estaleiros navais e os pesticidas usados na agricultura. Substâncias tóxicas que se acumulam no leite das mães e que podem estar a produzir "injecções letais". A sobrevivência da espécie em Portugal parece depender unicamente da reabilitação do estuário do Sado. A modernização da indústria, o aperto das pressões das autoridades ambientais e a adopção de uma "ética ambiental" pelos agentes económicos da região são algumas das pistas. Numa frase: "Deixá-los em paz e limpar-lhes o ambiente".
in Público, 2 de Junho de 2001
Para fugir um pouco á "rotina" dos tópicos sobre os nossos animais de estimação decidi compartilhar convosco a minha admiração e preocupação por um animal que é o ex-libris da cidade de Setúbal(minha terra natal) : o Golfinho-Roaz do Sado
O sentimento de parentesco entre humanos e golfinhos vem desde a milhares de anos atrás. Os cidadãos da Grécia Antiga honoravam os golfinhos como Deuses, e mantinham um santuário do que eles consideravam ser o Deus Golfinho.
Actualmente, estes mamiferos, ja não se encontram elevados ao estado de Deuses, mas para muitas pessoas são considerados como "os humanos do mar". Alguns aquários contribuem para este ponto de vista, promovendo os seus golfinhos como personalidades.
Certo é que não nos podemos esquecer que o golfinho é um animal selvagem e independente e q deve de ser respeitado como tal. Em vez de lhes confiarmos o titulo de personalidades humanas ou o estatuto de deuses, devemos apreciar a sua independência e liberdade.
Desde há muitos anos que vivem golfinhos no estuário do sado e no litoral de tróia e da arrábida. Porque vivem ali durante todo o ano a população de golfinhos diz-se residente. Esta população é um dos poucos exemplos existentes na europa. Os pescadores chamam roaz a esta espécie de golfinho, que quer dizer o peixe que rói as redes. Os roazes ao roubarem o peixe preso nas redes, fazem um grande buraco nestas. Em tempos o numero de roazes atingia as largas dezenas, com o passar dos anos este número tem vindo a decrescer. Isto deve-se ao facto do o estuário do Sado apresentar graves dificuldades, nomeadamente a nível da qualidade da água, da ocupação humana e consequente destruição dos ecossistemas.
Pensa-se que daqui a dez anos os roazes deixarão de existir no rio sado e acreditem que fico realmente triste com isso, porque desde que me conheço como gente que os vejo no rio, sempre que faço a travessia de barco para Tróia...
No entanto fica aqui o alerta e não se esqueçam: quando passarem por Setúbal, façam uma visita aos nossos amigos roazes que de certeza que não se irão arrepender
"...e o sonho transforma-se, modela-se, constroi-se, renasce das águas cristalinas do oceano e toma a forma acarinhada de um golfinho azul... sereno... pacifico..."
Saudações a todos




