Para vergonha minha

, nunca o tinha lido antes mas, penso que estou desculpada já que normalmente ando sempre mais pelo forum dos gatos.
Adorei e incrivelmente até me arrepiei porque quem cria por amor e entrega com o mesmo amor, acaba por se emocionar, como foi o meu caso com o tópico em epígrafe já que tenho uma estória com um dos cachorros que vendi, idêntica.
Eram também um casal jovem, dois filhos de 3 e 7 Anos, casa para pagar, 2 carros a pagar a prestações mais todos os custos de manutenção inerentes, mais seguro, etc... e ainda duas crianças pequenas. Claro que me pus de pé atrás quanto à entrega/venda dum cachorro cuja raça precisava cuidados especiais, uma alimentação adequada à raça e tamanho, além duma mão forte de alguém experiente com cães de grande porte... e, essencialmente muito espaço para o animal exercitar o que, não iria ter uma vez que o casal em questão viviam no T2.
Depois de muito falarmos, com um questionário, pela minha parte, que nunca mais tinha fim, acabei por dizer-lhes que não lhes vendia o cachorro, alegando a falta de espaço por viverem num andar.
Logo percebi que o jovem; chefe de família, se mostrou embaraçado e com algum rubor das faces. O miúdo que já tinha nos braços um dos cachorros, percebeu a minha resposta e começou a chorar. A esposa com um semblante de tristeza e o jovem pai e esposo, com uma lágrima ao canto do olho e logo com promessas do melhor exercício possível em todas as horas vagas que tivesse já que quanto à alimentação e cuidados Veterinários, nem que prescindisse de algumas despesas fúteis e extras do dia a dia deles mas que o cão teria dos melhores cuidados possíveis pelos esforços dele!
Lá deixei ir o cachorro com a promessa de o poder visitar sempre que me aprouvesse e quando lá não pudesse ir, que mo trariam para eu o ver ou caso contrário não passaria o LOP para nome deles.
Ficou então acordado passar-lhes o registo de transferência de Propriedade só 6 meses depois de eu verificar e ter certezas de que o cachorro estava bem tratado.
Deu-se o facto de na semana seguinte eu não poder ir visitá-los conforme combinado e, eis que o meu marido que estava em casa recebeu a visita de toda a família, incluindo o canito. Na verdade, o cão estava 5 estrelas, o registo de vacinas em dia e o dono, vestido á "Rambo"

, com uma farda de camuflado porque tinha vindo de exercitar o cachorro, pela Serra de Sintra.
A partir daí as visitas foram com uma frequência de cada 2 semanas para mais tarde passarem a, de Mês a Mês.
Venho depis a saber que o inscreveu em aulas de adestramento e ele próprio acabou por se interessar pelo curso de treino em obediência e trabalho e tirou-o também, passando depois a fazer "umas flores" com cães de alguns amigos.
Vim a descobrir que, como a esposa passou a trabalhar perto dele, venderam um dos carros para fazer face às despesas já que eram mais avultadas pelo novo elemento da família.
Uns 4 Anos mais tarde, aquando duma chamada telefónica para falarmos sobre o cão, descubro que o "Jovem" sofrera uma hemorragia cerebral e estava em coma profundo há algumas semanas.
Assim que despertou, depois de operado"por milagre" quase 3 Meses depois, a primeira pergunta que fez foi sobre o seu Dobermann.
O cão havia sofrido bastante a ausência do dono, estava magríssimo e sem a alegria que tinha antes...
Com a ida do dono para casa, depois de alguma recuperação em Alcoitão, o cão já parecia outro mas, como não há uma sem duas nem duas sem 3, o jovem entrou em depressão por se ver "inválido", sem poder trabalhar, em casa 24 horas por dia com um cão ao qual lhe prometera do melhor e que afinal nem vontade tinha de sair da cama, pela dificuldade, física e neurológica, que sentia em manter-se de pé.
Pois foi este amor de cão X dono e vice versa que fez a TOTAL recuperação deste jovem/homem, feita por um cão que eu não queria entregar...

O cão exigia ser levado por ele à rua e não pela dona, o que o fez obrigar-se a caminhar pelo seu pé e a ganhar a musculatura que havia perdido.
Isto para dizer que, o Fang tem toda a razão. O amor e dedicação superam tudo...!
Obrigada, Ipereira, pelo tópico e por me fazer “viajar uns bons Anos atrás, no tempo”
Leo
<p>Desejo a mesma sorte, que a triste sorte dos animais que nao sejam ajudados por quem nao deixa que se os ajude. Autor desconhecido</p>
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<p>Regurgito nas postas de pescada dos arrotadores. Autor desconhecido</p>
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